segunda-feira, 30 de junho de 2008

Inauguração da Casa da Cultura de Mira - Sintra.


Ontem teve lugar a inauguração da Casa da Cultura de Mira – Sintra.

Trata-se de um espaço moderno, bonito, funcional, com amplas instalações, localizado bem no centro do Bairro, num local privilegiado, e apetrechado com tudo o necessário para que a Cultura seja mesmo uma realidade em Mira – Sintra.

Naquele local, funcionaram durante cerca de trinta anos, os chamados “Pavilhões Verdes”, antigo estaleiro das obras de construção do bairro, e que desde a inauguração deste, nos anos setenta, funcionou como Pólo de cultura.


Ali fez-se de tudo: Reuniões e comícios dos diversos partidos políticos, Cultos e Missas , desporto, ginástica, ballet, artes marciais, funcionou uma eficiente Escola de Música e foi criada a já famosa e conhecida Banda Filarmónica de Mira – Sintra, do melhor que há no concelho, no género.

Desde esse tempo, e até hoje, um grande e dedicado grupo de gente da cultura e das artes, se deu de alma e coração, levando a que a Freguesia de Mira – Sintra, tenha conhecido o maior desenvolvimento na área da cultura, em todo o concelho.

Mira – Sintra tem no presidente da Câmara municipal, Dr. Fernando Seara, um grande aliado e amigo.
Desde a sua tomada de posse, interessou-se por este belo bairro, e juntamente com o nosso querido e jovem Presidente da Junta de Freguesia Dr. Rui pinto, Mira – Sintra passou de um Bairro esquecido e desprezado, para um dos melhores bairros da Europa, onde dá gosto viver.
De tal modo, que os jovens da segunda geração, escolhem viver aqui.

Por tudo isto, ontem, foi um dia de grande festa e alegria.
Houve uma programação especial que abrangeu o dia inteiro, com um concerto de música de Câmara, com uma interessantíssima e engraçada peça de teatro, levada a efeito pelo grupo de teatro “A Mosca”, de Sintra, um concerto pela banda filarmónica de Mira – Sintra e ainda, uma noite de Marchas Populares.

Ninguém ficou em casa, todos participaram da festa.
Vieram imensos convidados de todo o Concelho e não só, e, sendo Dia de S: Pedro, feriado Municipal, aproveitou-se o acontecimento para entregar medalhas de Mérito a várias personalidades e entidades da Município.


Faz parte dos meus planos, todos os dias… ou sempre que possível, usufruir de tudo quanto a Casa da Cultura tem para me oferecer.

domingo, 29 de junho de 2008

Porque hoje é domingo... (11)


E traziam-lhe meninos, para que lhes tocasse, mas os discípulos repreendiam aos que lhos traziam.
Jesus, porém, vendo isto, indignou-se, e disse-lhes: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais: porque dos tais é o reino de Deus.
Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará no nele.
E, tomando-os nos seus braços os abençoou.

(Evangelho segundo S. Marcos capítulo 10, versículos 13 a16)

sábado, 28 de junho de 2008

Como Àguias...


-Deus nos fez como as águias, para atingirmos as elevadas alturas, mas nós contentamo-nos com vôos rasantes como os pardais. –
(William Blake)

sexta-feira, 27 de junho de 2008

As amoras



O meu país sabe a amoras bravas

no verão.

Ninguém ignora que não é grande,

nem inteligente, nem elegante o meu país,

mas tem esta voz doce

de quem acorda cedo para cantar nas silvas

Raramente falei do meu país, talvez

nem goste dele,

mas quando um amigo

me traz amoras bravas

os seus muros parecem-me brancos

reparo que também no meu país o céu é azul.

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Ontem fomos "caçar" comboios.



Ontem, saímos os três: O Gil, o Jorge e eu, e fomos “caçar “ comboios.

O Gil desde pequenino que tem uma paixão pelos comboios.
Tem no sótão, uma montagem enorme… com aqueles pequenos comboios eléctricos, muito perfeitos, que são réplicas de comboios originais, que andam rápido e fazem todas aquelas manobras, num espaço onde existem todas as infra – estruturas, que fazem parte de uma enorme estação ferroviária

O Gil tem uma enorme colecção de fotografias de tudo quanto é comboio e aos comboios diz respeito.
Na Internet participa de um Fórum onde, com ele… milhares de pessoas apaixonadas por comboios… comunicam entre si, e encontram inúmeras fotos e tudo o que aos comboios diz respeito

Bem perto da nossa casa, passam os comboios que vão para Sintra, para Lisboa, e para a zona do Oeste, até á Figueira da Foz.
O que quer dizer que o apito e os ruídos dos comboios, fazem parte integrante, nosso viver diário.
Neste momento está a passar um para Sintra…
Habitualmente, é com o barulho do primeiro comboio, ás cinco e pouco da manhã… que eu acordo.
Mas habituámo-nos a eles de tal forma, que praticamente já nem sequer os ouvimos ou damos por eles.

Dizia eu no inicio… que saímos para ir “caçar” comboios.
Este “caçar,” quer dizer, na linguagem do Gil…fotografar.

Estava um calor enorme, mas munidos de água e chapéus… lá fomos nós.
Colocámo-nos num sítio estratégico para conseguir boas fotografias.
E valeu a pena, porque o Gil acrescentou mais uma meia dúzia delas á sua já enorme colecção.
Eu própria, tirei algumas! E quer-me parecer que o meu neto Gil está a “passar-me” o “bichinho” dos comboios.

( acompanham este texto duas fotos tiradas pelo Gil, ontem)



quarta-feira, 25 de junho de 2008

Canção popular dos Açores


O cantar da meia - noite
È um cantar excelente,
Embala quem está cansado
E alegra quem está doente.

Ò minha mãe, minha mãe,
Que triste que é ser mulher.
Se é bonita tem má fama
Se é feia ninguém a quer.


(Desconheço o autor)

terça-feira, 24 de junho de 2008

A vida...


A vida pode não ser a festa que gostaríamos que fosse,

Mas enquanto estivermos por aqui,

Devemos ser e fazer os outros felizes!

(Desconheço o autor)

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Estamos na época das cerejas...



Cerejeira em flor

Estamos em plena época das cerejas, fruto saboroso e colorido que eu muito aprecio.
A beleza da árvore, das flores e dos frutos, bem assim como o delicioso sabor das cerejas... e a grande variedade de aplicações que tem… ainda a sua madeira, de características nobres que é muito usada no fabrico de móveis…levam-me a não deixar passar esta época, sem que preste como que uma homenagem a esta espécie, tão linda e importante que o Deus – Criador nos ofereceu como uma prenda colorida.

A cerejeira foi introduzida na Europa sendo originária da Ásia.
Quando carregada de frutos torna-se extremamente bela e atraente.
Produz frutos arredondados, geralmente de cor vermelha, a que chamamos cerejas.
A cereja de polpa macia e suculenta é servida ao natural como sobremesa. Eu pude confirmar isto, quando há dois almocei num restaurante e me apercebi que muitas pessoas mesmo…comiam um pratinho de cerejas em vez do habitual “doce”.
Contêm proteínas, cálcio, ferro e vitaminas A, B, e C.
Quando comidas ao natural, têm propriedades refrescantes, diuréticas e laxativas.
Como a cereja é muito rica em tanino, consumida em excesso pode provocar problemas gástricos, não sendo aconselhável consumir mais de 200/ 300 gramas deste fruto por dia.
O cultivo da cereja é realizado em regiões frias. Necessitam de cerca de 800 a 1000 horas de frio, para que possam produzir satisfatoriamente, em zonas de Invernos chuvas.

O pior, o pior mesmo, é o preço, pois estão muito caras!
Mas… vá lá! Como muitas fazem mal… vamos comprar só um pouco.
Mas não deixem passar esta época sem as provar! Seria uma pena!

domingo, 22 de junho de 2008

Porque hoje é Domingo...(10)


Celebrai com júbilo a Deus; todas as terras.

Cantai a glória do seu nome; dai glória ao seu louvor.

Salmo 66:1 e 2
Na foto, o querido irmão Pastor Adolfo Pinto
Pastor da Igreja Baptista de Leomil na Beira - Alta.
Um fiel servo de Deus, a quem muito amo.

sábado, 21 de junho de 2008

Senhor, eis aqui a minha vida.


Senhor

Eis aqui a minha vida!
Minha…que é tua.
Porque tu me criaste, Senhor!
A ti eu pertenço, desde a eternidade!

Em Ti eu vivo, em Ti eu estou escondida,
Em Ti eu me abrigo, em Ti eu cresço,
Em Ti eu me alimento, em Ti eu descanso.

Contigo eu acordo e me levanto,
Contigo eu estou todo o dia,
Contigo eu me deito e durmo.
Contigo eu quero estar para sempre, Senhor!

Foi ainda em criança,
Que Tu Senhor, te revelaste a mim!
Tu me fizeste entender o teu Imenso Amor!

Foi então que eu decidi aceitar-te
Como meu Senhor e Salvador,
E Tu, todo bondade, todo ternura,
Vieste habitar em mim
E para sempre ficaste.

Como tem sido bom, caminhar contigo Senhor!
Sentir-te sempre tão perto!
Tu me tens dado bênçãos
E alegrias sem fim!

Nesta hora, bom Pai!
Quando é já longa a caminhada,
Uma vez mais!
Aqui te entrego a minha vida.

Que até ao fim…sejas Tu a guiar, a conduzir.
Que continues a moldar o barro que eu sou!
À tua maneira, á tua vontade…
Pois é isso que eu mais quero
Meu bom Deus, meu Senhor.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Fez ontem quarenta e dois anos...


Fez ontem quarenta e dois anos que eu e o Jorge casámos.

O “enlace”… teve lugar no Templo da Terceira Igreja Evangélica Baptista de Lisboa.
O celebrante, foi o estimado e querido irmão Pastor António dos Santos, que passados todos estes anos…ainda continua como Pastor daquela Igreja.

Quero referir um aspecto muito importante para mim e para o Jorge:

Desde essa altura e até hoje, recebemos no dia 19 de Junho, todos os anos, uma carta daquele Pastor, lembrando o acontecimento e enviando os Parabéns.

Ficamos sempre muito sensibilizados e felizes, por este gesto tão simpático e lindo, vindo daquela querida Igreja e daquele querido e estimado Pastor.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Eu quero...


Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto,

Mesmo quando a situação não for muito alegre...


E que esse meu sorriso consiga transmitir paz

para os que estiverem ao meu redor.


Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém...


E poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.


Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras,

alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...


Que me veja como um ser humano completo,

que abusa demais dos bons sentimentos que a vida proporciona,

que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...

e não brinque com ele."


quarta-feira, 18 de junho de 2008

Tozé - "O menino da sua Mãe"


Trabalhou, estudou, tirou um curso superior, namorou, construiu uma casa, casou, comprou um Cartório notarial, teve um filho, tornou-se um homem de sucesso, estimado e respeitado por toda a gente da aldeia e da vizinhança.

Para a mãe…ele era a luz dos seus olhos!

Era, como diria o Poeta:

“O menino da sua mãe”!

( Ela tivera um outro, que “desistiu” de viver…” por vontade própria, há alguns anos atrás)

De repente…a “vida dele partiu-se ao meio”!

Separaram-se… e foi cada um para o seu lado.

O filho de 8 anos ficou com a mãe.

Todos os dias, quando saía do trabalho, ele ia ver o filho

No último domingo, o Tozé não suportou mais o fardo.
Era pesado demais para os seus ombros…

Vou daqui a pouco acompanhá-lo á sua última morada.

Tinha apenas 39 anos.

“Tão jovem! Que jovem era!
(E agora que idade tem?)
Filho único a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
“ O menino da sua mãe.”

Bem perto, em casa há a prece:
“ Que tudo acabe em bem”.
Malhas que a vida tece!
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe.”

Poema de Fernando Pessoa
(adaptado por mim na última parte)

terça-feira, 17 de junho de 2008

Um poema de Alberto Caeiro


Meto-me para dentro, e fecho a janela.
Trazem o candeeiro e dão as boas – noites,
E a minha voz contente dá as boas – noites.
Oxalá a minha vida seja sempre isto:
O dia cheio de sol, ou suave de chuva,
Ou tempestuoso como se acabasse o mundo,
A tarde suave e os ranchos que passam
Fitados com interesse da janela,
O último olhar amigo dado ao sossego das árvores,
E depois, fechada a janela, o candeeiro aceso,
Sem ler nada, sem pensar em nada, nem dormir,
Sentir a vida a correr por mim como um rio por seu leito,
E lá fora um grande silêncio como um Deus que dorme.

(Alberto Caeiro)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O dia em que o pato caiu no poço


Na quarta – feira passada, a viagem de cerca de cento e quarenta kilómetros, de Mira – Sintra para Leiria, onde fomos ao funeral da querida e saudosa prima Maria, deu para nós, as três irmãs (o irmão não pôde ir por motivos relacionados como seu Ministério Pastoral) podermos conversar bastante sobre muitas coisas que aconteceram quando vivíamos em Leiria, mais precisamente no lugar chamado “Estação,”

A certa altura, a minha irmã Teresinha, a mais nova, lembrou-se de um acontecimento muito curioso que teve lugar quando ela tinha cerca de 8 anos.

Vivíamos numa casinha antiga, que ficava numa grande quinta que era propriedade de uma família de grandes lavradores.
Para regar os campos, havia dois grandes poços, cada um com uma enorme nora, que era puxada por um burro.
Por cima de cada um dos poços, ficava a copa enorme de uma grande figueira; uma dava figos pretos redondos, e a outra, figos verde – acastanhados, a que chamávamos “figos castanhais”.
Nós tínhamos “muita criação”: patos, galinhas e coelhos.
A Teresinha, tinha a incumbência de, no tempo dos figos, trazer todos os dias os patos para baixo da figueira para se alimentarem dos figos que caíam no chão.
Um belo dia, por qualquer motivo, um dos patos assustou-se, levantou voo, e sem mais…foi cair direitinho dentro do fundo do poço.
O poço era muito fundo… e era preciso tirar de lá o pato.
Quando o pai soube, a melhor solução que encontrou, era a Teresinha, que era a mais nova, descer ao fundo do poço dentro de um cesto com uma corda, para tentar apanhar o pato.
Como já era quase noite, o assunto ficou para ser resolvido no dia seguinte.
A Teresinha diz que nessa noite não conseguiu dormir com medo, só de pensar que tinha que descer ao fundo poço dentro dum cesto.

Bem, no dia seguinte quando se faziam os preparativos para salvar o pato, e já muitos vizinhos tinham vindo para assistir, eis – senão – quando…aparece o Carlos, que era um jovem de cerca de 25 anos, que morava ali perto e sofria de “um pequeno atraso mental”…e que a coisa que mais gostava de fazer era pescar. Então, para espanto de todos, o Carlos dá uma sugestão para tirar o pato do fundo do poço: Era, imaginem… pescar o pato com a cana de pesca dele!
Se bem o pensou…melhor o fez! Num instantinho o pato estava cá fora são e salvo!

Agora, calculem a alegria e o descanso da Teresinha! Já não precisava de ir num cesto ao fundo do poço…
Ela já era muito amiga do Carlos, mas a partir daí… ficou muito mais.
Aliás, para todos nós, o Carlos Violante, que era considerado assim uma espécie de “um pobre diabo,” passou a ser uma espécie de um herói para toda a vizinhança.

domingo, 15 de junho de 2008

Porque hoje é domingo... (9)


Louvai ao Senhor. Louvai, servos do Senhor, louvai o nome do Senhor.

Seja bendito o nome do Senhor, desde agora e para sempre.

Desde o nascimento do sol até ao seu ocaso, seja louvado o nome do Senhor.

( Salmo 113: 1 a 3)

sábado, 14 de junho de 2008

Ajuda-me Senhor a ser como uma Oliveira


Ajuda-me Senhor a ser como uma Oliveira!

Que os meus ramos verdes cor de esperança,
e as minhas folhas debruadas a prata, possam atrair o olhar daqueles que,
tristes e desanimados, passam por mim nos caminhos da vida!

Que na minha sombra, eles encontrem refrigério e abrigo
Para as intempéries e tempestades da vida!
E que o meu tronco forte e robusto,
Lhes transmita a segurança e a paz
Que precisam para viver!

Que nos meus ramos, sejam construídos ninhos de amor e de ternura,
De onde a vida brote… e se torne fecunda e linda!
E que neles haja espaço para todos os que não sabem onde pousar!
Que eles possam livremente, saltitar de ramo em ramo,
E felizes e contentes, entoar os seus cânticos e chilreios!

E que na hora própria Senhor, eu me cubra de frutos carnudos e suculentos:

Amor, Gozo, Paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, e temperança.

Que alimentem e alegrem os que andam famintos de amor e de justiça.
E que alegrem e honrem o Deus – Criador!

E que estes frutos possam ser azeite para alumiar e unguento para curar e sarar.

E que com o passar dos anos Senhor, quando eu for uma Oliveira centenária…
Já com menos ramos, e o tronco carcomido pelos golpes desferidos…
Que eu possa mesmo assim, continuar a dar fruto, e a abrigar no meu tronco todos aqueles que procuram “um buraquinho” para se acoitar.

Ajuda-me Senhor a ser como uma Oliveira!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Convite


Hoje, quero convidar os amigos que habitualmente, têm a gentileza de passar por aqui, a espreitarem o texto que escrevi para um blogue amigo; digamos que esse será o post de hoje.
Aqui está o endereço:

nunosousaphoto.blogspot.com

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Os Poemas


Os poemas são pássaros que chegam
Não se sabe de onde e pousam
No livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
Como de um alçapão.
Eles não têm pouso
Nem porto;
Alimentam-se um instante em cada
Par de mãos e partem.
E olhas então essas tuas mãos vazias,
No maravilhado espanto de saberes
Que o alimento deles estava em ti...


Mário Quintana

quarta-feira, 11 de junho de 2008

In memoriam - "A prima Maria"


Ela nasceu no longínquo ano de 1912, numa aldeia toda vestida de verde, encravada entre os altos montes do Minho.
A vida dura e difícil do campo, bem cedo a envolveu, e ainda bem menina, subia todas as manhãs, com sol ou com neve, os montes, conduzindo o rebanho das cabras teimosas que sempre tentavam fugir.
Os lobos, que os havia em abundância por aquelas serranias, eram o seu pavor maior; valiam-lhe os cães, de pêlo sujo e áspero, que estavam sempre atentos e preparados para os perseguir.
Por ali cresceu, sem o menor pingo de conforto e sem saber o que era um brinquedo, excepto os que construía com as suas próprias mãos com coisitas que ia encontrando pelo caminho.
Fez-se mulher, e como era normal, apareceu um homem, o Ramiro, a quem ofereceu a sua vida e a si própria.
Até que chegou um dia e como quase todos os que ali nasceram…abalou com o eu Ramiro á procura de um lugar onde pudesse criar os filhos e onde a vida pudesse ser um pouco mais suave e motivadora.
Foi a cidade de Leiria que a acolheu. Ali nasceram os seus seis filhos homens.
Vida tão dura e difícil! O seu Ramiro com falta de trabalho!
Ela vendia roupas usadas para uma senhora da terra, que por cada peça que vendia lhe dava alguns escudos… que serviam para minorar as necessidades.
Teve que recorrer á sopa dos pobres – do sr. Lopes – e ao casqueiro do quartel sete.
Um dia, um dia de triste e eterna memória, o seu Ramiro, sem trabalho e sem pão para a boca dos filhos… numa manhã de sol, foi para a horta e pendurou-se numa oliveira. Ali ficou, até que a Maria, como ele demorasse em voltar para casa, mandou o filho João de cinco anos ir chamá-lo para vir almoçar. E o menino, olhando o pai pendurado na oliveira dizia: Ò pai, a mãe disse para vires almoçar.
O Paulo, o filho mais novo, tinha na altura poucos meses de vida.
A partir daí, a Maria ficou sozinha, com os seus seis filhos para criar.
Lembro-me de estar ao pé dela um dia ao pôr – Sol e ouvindo os galos cantar ela disse: Ai Viviana, esta hora é tão triste! E o cantar dos galos traz-me tanta tristeza!

Bom, a Maria não era mulher para cruzar os braços ou desanimar.
Ela teve a bênção, de quando chegou a Leiria, alguém a convidar a ir ao Culto á Igreja Baptista. Ali ela encontrou, e aceitou, de alma e coração o grande e imenso Amor que Deus lhe oferecia, através da morte do seu filho amado, na cruz do Calvário.
E foi esta decisão que e encheu de esperança, coragem e energia… para enfrentar tanta coisa difícil e dura que a vida lhe trouxe.
A sua vida foi o mais lindo e digno exemplo! Nunca deixou de sorrir! Tinha um dos sorrisos mais lindos que até hoje eu já vi.
Mulher meiga, dócil, terna, compreensiva, amiga de ajudar toda a gente!
Repartia o pouco que tinha com os outros que tinham menos que ela Sempre solidária, sempre disponível, sempre atenta, sempre pronta a perdoar tudo o que lhe faziam… sempre a dar testemunho da sua fé, sempre presente em todos os cultos na sua igreja. Andava a pé para ir e vir, cerca de 7 kilometros. A estrada da estação para Leiria, foi palmilhada por os seus pés cansados…milhares e milhares de vezes.
Os filhos casaram todos, e ela ficou sósinha na sua humilde mas acolhedora casinha, que brilhava de asseio.
Até que os anos passaram … e ela não conseguia mais cuidar de si própria, e então foi viver para o Lar Emanuel em Leiria , onde a receberam e trataram carinhosamente até ao fim dos seus dias.

Ontem, tranquilamente, quase com 96 anos de vida, a Maria partiu para a morada eterna, para junto do seu Deus, a quem tanto amou a vida inteira, e onde Jesus a esperava de braços abertos para lhe dar agora sim, uma vida plena, uma vida feliz, uma vida eterna onde descansa de todos os seus trabalhos e sofrimentos.
Na cidade de Leiria, não há ninguém que a não conheça.
Ela foi uma das mulheres mais valentes e mais nobres daquela cidade!
Ela, sim, merecia uma condecoração no dia de Portugal!
Mas nunca lhe foi dada.
Eu lembrá-la – ei sempre, como uma das pessoas mais lindas que já viveram sobre a terra.
Ela será sempre para mi um exemplo e uma referência preciosa!
Ela era prima direita do meu pai.
Ela será sempre, para mim…a prima Maria.

Vai a enterrar hoje pelas 15 horas no cemitério dos Marrazes em Leiria

terça-feira, 10 de junho de 2008

O Encontro Inter - Igrejas


Hoje, Dia de Portugal e de Camões, vamos viajar em excursão, até á cidade mais alta de Portugal – a bela cidade da Guarda – para o Encontro Inter – Igrejas, onde estarão irmãos e irmãs de todas as Igrejas do País, que integram a Associação de Igrejas Baptistas Portuguesas.

È grande a expectativa deste Encontro!

Creio o bom Deus tem reservado para nós um grande dia!

Depois, conto-vos como foi.

Façam favor de orar, para que o nome do Senhor seja Glorificado e engrandecido, com este Encontro.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

«Fragmentos de Emoção»


Ontem, tive oportunidade de assistir ao lançamento do livro «Fragmentos de Emoção» – 47 fotógrafos contemporâneos – Editorial Minerva, no Auditório da A.P.L. na Feira do Livro.

“ Porque existem em Portugal fotógrafos de grande qualidade, com poucas possibilidades de mostrar o seu trabalho de forma digna e continuada, a Editorial Minerva com o apoio do fotógrafo António Vieira da Silva – que idealizou o projecto e o divulgou – edita o primeiro volume de Antologia de fotógrafos contemporâneos.”

O convite chegou-me a partir do Nuno de Sousa, um dos integrantes deste projecto, através de uma visita ao meu blogue

O Auditório estava cheio – talvez umas trezentas pessoas - e muitas ficaram á porta, tantos se interessaram por esta belíssima iniciativa.
Tendo tudo sido feito através da Internet, inclusive os convites aos participantes, aconteceu que nenhum dos 47 se conhecia. Agora imaginem a expectativa de todos eles ao se encontrarem ontem naquele local pela primeira vez!

A certa altura do programa, foram sendo chamados á frente um a um, para dizer algumas palavras, e foi assim desta forma, que cada um ficou a saber quem o outro era.
Eu também não conhecia o Nuno de Sousa e ele não me conhecia a mim, de modo que eu fiquei a saber quem ele era quando foi á frente, porém ele só soube quem eu era no fim da cerimónia, quando me dirigi a ele.

Para meu espanto, fui encontrar um velho amigo, o Paulo Frutuoso, que conhecia como realizador de televisão e agora vejo-o integrando o grupo dos colaboradores do livro.
Já há muito que não nos via-mos, de modo que foi uma festa encontrarmo-nos ali. Foram momentos muito emocionantes.
O livro está muito bonito e muito interessante e está ser vendido pelo preço de 25 Euros. Se algum amante de fotografia o quiser adquirir, aqui deixo o endereço de um dos blogues do Nuno de Sousa onde poderá também encontrar mais informação, incluindo os blogues dos 47 participantes neste projecto.

http://www.nunoalexsousa.blogspot.com/

domingo, 8 de junho de 2008

Porque hoje é domingo...(8)


Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione
o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; todavia eu me alegrarei no Senhor no Deus da minha salvação.

O Senhor Deus, é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas.
Livro de Habacuque (3:17 a 19)

sábado, 7 de junho de 2008

Coisas... do neto Nuno


Quando o meu neto Nuno, de 4 anos, fica doente com febre ou qualquer outra coisa, habitualmente vem aqui para casa, e dorme cá, pois o Miguel e a Teresa têm muita dificuldade em faltar ao serviço.
Ele próprio, quando fica doente diz para os pais:
“ Tenho que ir para casa da avó Viviana porque estou doente, e ela sabe tratar melhor de mim que vocês, porque é “doutora” e vocês não”! ( fui enfermeira de saúde infantil)

A última vez que esteve cá, foi há cerca de duas semanas. Eu estava sentada ao lado dele no sofá a ver desenhos animados, e peguei num pacote de batatas fritas e comi algumas, e ele olhando-me muito sério disse: “Ò avó, tu não podes comer batatas fritas”. Perguntei-lhe porquê, e ele respondeu: “ Porque faz mal”!
Daí a bocado eu estava a comer uma maçã, que descasquei e cortei em quatro, ele vira-se para mim e diz-me: Ò avó, tu não podes descascar a maçã, tens que lavá-la e comer com casca porque a casca faz bem” Perguntei-lhe então quem é que lhe tinha ensinado aquilo, ao que ele respondeu que foi na escolinha.
À tarde, fui fazer uma massa para pizza, e ele quis ajudar, como sempre que eu cozinho.
Subiu para cima de uma cadeira e quis esticar a massa com o rolo e eu deixei, então não é que o rapaz sabia toda a técnica, e tinha um jeitinho muito especial para esticar a massa!? Fiquei espantada e perguntei-lhe quem lhe tinha ensinado e ele respondeu: “Foi na escolinha”.
Quer dizer, a “escolinha” está a ensinar coisas muito interessantes ao Nuno, de tal maneira que ele com quatro anos já ensina coisas á avó de 67!
Acho que as coisas estão mesmo a mudar!
Que bom que assim é!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A noite em que os grilos fugiram


Quando eu era criança, todos os verões ia com o meu irmão apanhar grilos ao campo.
Era um hábito comum a quase todas as crianças.

O grilo, (Gryllus campéstris) vive em pequenas tocas nos campos, e gosta de cantar num pequeno terreiro á frente da sua casa, de dia ao sol e durante a noite. Geralmente cantam a noite inteira.

Apanhávamo-los com uma pequena palheta (erva) que os fazia sair das tocas recuando.
Preparava-mos pequenas gaiolas feitas de canas que tapávamos com uma rolha de cortiça e alimentávamo-los com serradela (uma pequena planta) que assim se chamava porque tinha as folhas serradas.

Um belo dia, ao entardecer, trouxemos vários grilos para casa, e guardámo-los dentro de uma pequena caixa, para no dia seguinte os repartirmos pelas várias gaiolas que iríamos fazer.
Vivíamos numa casa antiga com soalho de madeira, que tinha pequenas frinchas no chão. Não sabemos bem como, mas aconteceu que os grilos escaparam-se da caixa durante a noite e se enfiaram nas frinchas do chão… e cantaram a noite inteira não deixando dormir ninguém!
Aliás, eles cantaram noites e noites seguidas, porque era impossível tirá-los de lá.

O nosso pai fartou-se de ralhar connosco e daí para a frente começámos a ter mais cuidado com os nossos grilos.

Claro que se fosse hoje, nunca seria capaz de prender um grilo numa gaiola! Mas quando a gente é criança faz cada coisa!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Amemos e acarinhemos a Família que Deus nos deu


Duma maneira geral, procuramos ser simpáticos e amáveis com as pessoas com quem lidamos, quer seja os colegas de trabalho, da escola, da Igreja, etc., mas… quando chegamos a casa ou estamos com os “nossos”… aí muitas vezes a coisa muda.

De repente, ficamos sem paciência, sem vontade de falar, deixamos de sorrir, e tratamo-los com muito pouco consideração, como se costuma dizer: “Com sete pedras na mão”!

E porquê?

Creio que o facto resulta de que “na rua”… usamos máscaras!
Queremos parecer e ficar muito bem vistos, perante os olhos e opiniões dos outros.

Já em casa, habitualmente deixamo-nos disso, e mostramo-nos tal qual somos… ao natural e permitimos que venha ao de cima e nos dominem, todas aquelas atitudes e coisas… que há de pior em nós.

Temos que ter a noção de que isso é muito injusto.
Claro que é desejável que tratemos bem e sejamos simpáticos com “os de fora”, mas nunca, por nunca ser, deveremos de deixar fazer o mesmo, ou melhor ainda… com os “nossos”, porque afinal são os que mais perto estão de nós, e nos apoiam e ajudam e amam e querem mais que ninguém o nosso bem.

A vida é tão curta, passa tão rápido, porque haveremos nós de a desaproveitar sabendo que de um momento para o outro algum de nós pode “partir” sem nunca termos amado, estimado, acarinhado, tanto quanto deveríamos, aqueles que Deus nos deu por família.

Vamos ser prudentes. Vamos dar o verdadeiro valor e estimar e amar com todo o nosso coração a linda família que Deus providenciou com carinho para nós.

Quantas vezes eles precisam tanto de um palavra amiga, de um sorriso, de um “amo-te muito”, de um elogio, de um toque no rosto, de uma mão no ombro, de um abraço, de uma flor, de um pequeno presente…

Custa tão pouco! E vale tanto!

Não tenhamos medo nem vergonha, de abrir o coração e a boca, e encher de mimos aqueles que são sangue do nosso sangue ou que não o sendo, nos amam e nos querem mais que ninguém.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Junho


Vem a noite, os campos estão calmos.
O murmúrio do regato sedento,
Inaudível durante o dia, cresce de novo.
Deserta está a planície semi – ceifada,
Silenciosos os carreiros! As ruidosas carroças,
O grito do ceifeiro, o latido dos cães,
Todos recolhidos nas quintas adormecidas!
Acabou o trabalho do dia,
Já partiu o último ceifeiro.
E do tomilho lá do monte
E das flores brancas do sabugueiro
E dos pálidos rosais da sebe
E da hortelã - pimenta da junca,
Sopra como bálsamo a brisa nocturna,
O perfume que o dia prenuncia.
E lá longe, no horizonte puro,
Vede como palpita, com as primeiras estrelas,
O líquido céu sobre as colinas!
Vem a noite, os campos estão calmos.

(Matthew Arnold)
Poeta inglês - 1822/1888

terça-feira, 3 de junho de 2008

Os primeiros namoricos




A minha neta Sara que mora no piso de cima, adquiriu o hábito, já desde o inicio da vida escolar, de quando desce para ir para a escola de manhã cedo, tocar a campainha da nossa porta para nos desejar um bom dia.

Eu e o Jorge vamos á porta, e eu costume dizer-lhe: Olá minha neta linda!

Dormiste bem? Vais muito bonita, nesse tom de azul e rosa! Um bom dia para ti.
“Um bom dia para vocês também,” diz ela.

Um destes dias quando já ia a descer os degraus, voltou para trás, olhou para mim disse - me: “Ò avó, tu quando eras da minha idade (9anos) tiveste algum namorado?”
Acho que sim, que tive, respondi eu.” Na escola?” perguntou ela. Sim, na escola. “È que eu já tenho um!”

Ah sim? Que giro! disse eu.

Ela sorri toda contente e eu sugiro-lhe:
Olha, se por acaso te apetecer falar sobre isso com avó, vens cá quando quiseres.
Ela respondeu.” Então eu passo por aqui talvez logo á tarde para conversarmos um bocadinho.”
Certo, respondi eu, vem quando achares melhor.

E ela lá foi escada abaixo, toda sorridente a cantarolar uma canção.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Prospecção


Não são pepitas de oiro que procuro.
Oiro dentro de mim, terra singela!
Busco apenas aquela
Universal riqueza
Do homem que revolve a solidão:
O tesoiro sagrado
De nenhuma certeza,
Soterrado
Por mil certezas de aluvião.

Cavo,
Lavo,
Peneiro,
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
Poeta antes dos versos,
E sede antes da fonte.
Puro como um deserto.
Inteiramente nu e descoberto.
(Miguel Torga

domingo, 1 de junho de 2008

Porque hoje é domingo...(7)



Vinde, cantemos ao Senhor; jubilemos á rocha da nossa salvação.

Apresentemo-nos ante a sua face com louvores, e celebremo-lo com salmos.

(Salmo 95: 1 e 2)