domingo, 31 de outubro de 2010

Porque hoje é Domingo (126)


Imagem da net.

«Levanto os olhos para a montanha,
de onde me virá o auxílio.
O meu auxílio vem do Senhor,
que fez o céu e terra.

Ele não te deixará cair;
aquele que te protege está sempre alerta!
Aquele que protege Israel não dorme,
está sempre alerta.
É o Senhor que te protege
e está ao teu lado, para te guardar.
O Sol não te fará mal durante o dia,
nem de noite a lua te incomodará.

O Senhor protege-te de todo o mal
protege a tua vida.
O Senhor protege-te quando sais e quando voltas,
agora e para sempre.»
(Livro dos Salmos cap. 121)

sábado, 30 de outubro de 2010

Há momentos únicos que marcam as nossas vidas para sempre


Imagem da net.

Hoje, vivi um desses momentos. Nele, a personagem principal é um jovem chamado André que tem vinte e sete anos e que nasceu e cresceu connosco aqui na rua, morando no prédio em frente do nosso.
Desde bem pequenino começou a fazer amizade com o meu Zé que tem mais um ano do que ele.Brincavam juntos na rua - era o tempo em as crianças podiam com toda a segurança brincar na rua. - e brincavam também aqui em casa onde ele vinha com frequência.
Afeiçoei-me ao André e nutro por ele um carinho e uma amizade muito especial, mas ele também me estima e me quer muito bem.
Como tantos jovens portugueses, o André, estudou até ao décimo segundo ano e depois fez um curso profissional de Informática, matéria que ele gostava e para a qual tinha uma certa queda.Depois de muito procurar, conseguiu um emprego nessa área, porém passado pouco tempo a empresa foi á falência e o André ficou no desemprego. Tentou, tentou, mas não conseguiu nada.
Lembrou-se então de emigrar para a Suiça, onde vive uma irmã com a família; iria tentar a sorte, ver o que é que conseguia. Fez alguns biscates, e, numa situação de ilegal...por lá foi ficando até que lhe foi concedido o visto de residência, o que possibilitou encontrar emprego num grande armazém de frutas, onde lhe é exigido um enorme esforço físico que o fez emagrecer e sofrer um acidente que o levou a uma cirúrgia.
Como as saudades apertassem, há duas semanas, sem avisar ninguém, meteu-se no seu velho carro, sózinho, e rumou a Portugal.
Veio visitar- nos e abraçar-nos; reparei então como os seus olhinhos brilhavam e sorriam de contentamento. Jamais esquecerei aquele abraço!
Disse-lhe que gostaria muito que viesse tomar uma refeição connosco, ao que ele respondeu, que tinha muitas coisas para resolver, mas que iria tentar e depois me avisaria.Ontem, mandou recado por o Zé que viria hoje almoçar.Não imaginam como fiquei contente! Cantei, ri, e pareceu-me ficar até com mais energia e vivacidade.
Hoje, levantei - me cedinho e comecei a preparar as coisas com imenso gosto. Cozinhei um prato especial que eu fazia quando os meus filhos eram pequenos. Fiz uma sobremesa deliciosa; um creme de legumes com uma cor e um sabor de fazer crescer água na boca. Coloquei a toalha mais bonita na mesa, as louças, os talheres e os copos mais bonitos que tenho.
Quando nos sentámos os quatro á mesa sorrimos uns para os outros; O Jorge dirigiu a oração de acção de graças, e, duramte cerca de duas horas ali ficámos, conversando, rindo, brincando, até que a mãe dele, já pela segunda vez, o lembrou pelo telemovel que ele tinha várias coisas para resolver hoje.
Não o deixei partir sem, como uma grande amiga, mais velha, dar -lhe alguns conselhos, entre eles a necessidade de continuar a caminhar com Cristo, dando-lhe o primeiro lugar na sua vida, tal como o Zé e os seus tres irmãos.
Despedimo-nos com um longo, longo abraço...
O André dorme a estas horas, posso olhar daqui a janela do seu quarto.
São 02, 30 da madrugada, daqui a uma hora e meia, ou seja, ás quatro, ele vai levantar-se e viajar sózinho para a Suiça, onde chegará, querendo Deus, daqui a um dia e meio
Boa viagem André!
Que o Senhor Deus te acompanhe e te proteja.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A neve já chegou...


Clique em cima para ver melhor.


Cidade de Edmonton - Canadá

... á cidade de Edmonton, no Canadá, onde vive a minha amiga Fernanda. Caiu durante a noite, e pela manhã, ao acordar, ela viu estas paisagens lindas, branquinhas.
Não resisti a trazer, do seu blogue, estas fotografias, que acho muio belas e quero partilhár com os amigos.

Entretanto, nós por cá, continuamos com bastante sol e uma temperatura agradável. Olho aqui no blogue as medições da "nossa" Estação Metereológica - mais propriamente, do Gil, que está aqui no telhado da casa, e anoto as leituras, que neste preciso momento - 00,13 - são as seguintes:

- Temperatura - 16.8
- Humidade - 81
- Ponto de orvalho - 13,5
- Chuva - 0,00
- Pressão - 1016

Quanto á neve, só me lembro de nevar - muito pouquinho - uma vez, em Mira-Sintra.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sabe bem ser mimada


O selinho oferecido

A minha amiga Michele, do blogue- http://profmieseusdesvaneios.blogspot.com/ tráz a este cantinho uma brisa de juventude e vivacidade.
"Conhecendo-nos" relativamente há pouco tempo, já nasceu e ganhou forma, entre nós, uma linda e sincera amizade.

Assim, ela mimou-me, oferendo-me um lindo e importante sêlo-prémio.

Obrigada, amiga. Por o selinho e também pelo carinho.

Mandam as regras que eu tome a iniciativa de nomear cinco nomes, de pessoas amigas, da blogosfera, a fim de passar este sêlo-Prémio.

Então, aí estão:

1 - O amigo Manuel do Blogue - http://arrozcomtodos.blogspot.com/

2 - A amiga Sandrinha do Blogue - http://aotoquedoamor.blogspot.com/

3 - A amiga Fernanda do Blogue - http://laosdepoesia.blogspot.com/

4 - A amiga Sónia do Blogue - http://sonreglom.blogspot.com/

5 - A amiga Ana do blogue - http://anamgs.blogspot.com/

O que a menina quer ser quando fôr grande.


Imagem da Net. - Ruth Parbel Phot...

Num dos nossos canais de televisão, foi apresentada uma reportagem onde quatro crianças foram entrevistadas, por uma jovem jornalista, que lhes colocou muitas e diversas questões. As quatro impressionaram-me pelo teor das suas respostas, tão inesperadas e tão cheias de sabedoria; houve porém, uma menina de sete anos, que me sensibilizou.
Depois de responder a variadíssimas perguntas, já no final da entrevista, a jornalista, que creio ter levado a cabo um trabalho exemplar, dirigiu á menina a seguinte questão:

" Tu já pensáste em que é que vais querer trabalhar?"
A menina pensou um pouco e muito compenetrada respondeu:
"Primeiro vai ser o ballet (ela pratica ballet) depois, como o ballet não vai
ser para sempre, vou ser cientista."
"Cientista? Porquê?" perguntou a jornalista.
A menina disse: "Por três coisas. A primeira, para inventar uma forma para as pessoas não morrerem; a segunda, para tornar o Planeta maior; e a terceira, para trazer de volta todos os que já morreram."
" E porquê tornar o Planeta maior?"
" Para caberem todos os mortos que vão voltar, pois assim como o Planeta é, eles não cabem."

Não pude deixar de ficar a pensar nesta menina de sete anos.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

As azeitonas do caminho


Azeitonas iguais ás da minha infância.

Ha uns dias atrás, eu, o Jorge e o Zé, fomos caminhar um pouco - cerca de duas horas - aqui á volta do nosso bairro, tendo parado junto a um muro para lá do qual "andou o fogo", no verão passado. Quando contemplávamos os estragos feitos, de repente, olhando para o local que os meus pés pisavam, chamou-me a atenção a quantidade de azeitonas pretas, maduras, que estavam caídas no chão, muitas delas já pisadas pelos transeuntes. Apercebi-me então que uma linda oliveira, carregada de frutos, tinha escapado á destruição pelo fogo.
Ao olhar a árvore lembrei-me que estamos no final do mês de Outubro, quase princípios de Novembro, altura em que se colhem as azeitonas.
Num abrir e fechar de olhos, eu volvi á minha infância, em Leiria, onde cresci, e onde havia muitas, muitas oliveiras, por todos aqueles campos, e também, de uma maneira especial, á beira dos caminhos de terra batida, por onde passávamos tantas vezes.
Eram tempos difíceis para a nossa família. Por causa da guerra não pudemos voltar para a nossa chacara na Argentina; o dinheiro que os meus pais trouxeram tinha-se esgotado e o meu pai tinha dificuldade em conseguir um trabalho melhor do que aquele em que se ocupava, operário numa fábrica de serração de mármores.
A situação aguçava o engenho. O meu pai lembrou-se que poderíamos aproveitar todas as azeitonas, que durante a noite, o vento e a chuva atiravam para o caminho.
Eu tinha na altura uns dez anos e o meu irmão sete. O pai ordenou que nos levantássemos bem cedo, aí por volta das seis da manhã, para ir-mos apanhar as azeitonas do caminho antes que as corroças e as pessoas as pisassem.
Custava tanto sair do quentinho da cama para ir enfrentar o frio, o vento e a chuva!
Mas, nem pensar em dizer não, tinha que se ir mesmo.Nesse tempo, os meninos e as meninas pequenas, já tinham grandes responsabilidades nos trabalhos nas hortas, no campo, e no tratamento dos animais domésticos. Os meninos de hoje não imaginam sequer como era difícil a vida das crianças desse tempo.
Lá ía-mos nós, com o cestinho no braço, abaixando-nos aqui e abaixando-nos ali, catando as azeitonas no meio das ervas das beiras do caminho e no próprio caminho.
Isto durava até o proprietário das oliveiras decidir fazer o "varejo" e a apanha, talvez umas duas semanas.
Conforme trazíamos as azeitonas estas eram despejadas em cima de um pano grande de linhagem até juntarmos todas. A seguir, eram colocadas em sacos e carregadas aos ombros até á cidade, onde havia o lagar. Eram então pesadas e consoante o peso, assim se recebia o azeite correspondente. Não trazíamos o azeite das "nossas" azeitonas, mas um azeite já pronto que o lagar tinha lá.
Tanto quanto me lembro, conseguíamos aí á volta de uns dez a quinze litros de azeite, o que era uma grande ajuda na nossa economia doméstica.

domingo, 24 de outubro de 2010

Os nomes das minhas vizinhas


Graciola Officinális.

Hoje, ao fim da tarde, quando chegámos a casa reparámos que estava á janela a vizinha do primeiro andar esquerdo, a Dona Graciete, e na janela do segundo andar direito, estava a Dona Graciosa. Cumprimentámos a ambas:
Boa tarde Dona Graciete!
Boa tarde Dona Graciosa!

Entrámos no prédio e eu disse: Olha que engraçado! Temos uma vizinha Graciete e uma vizinha Graciosa, e isto há trinta e cinco anos...eu nunca tinha pensado nisso.
Intrigada, fui á net pesquisar sobre os dois nomes, e reparem no que eu descobri:
Graciete, é um nome de origem inglesa que em latim quer dizer Graciosa.
Então, Graciete e Graciosa, são sinónimos.! Assim sendo, poderei chamar Graciete á Graciosa e Graciosa á Graciete!

E mais, ambos os nomes têm a ver com o nome de uma planta: "Gratiola Officinális", do latim, ou "Graciola", do grego.

Tenho a certeza que as minhas duas estimadas vizinhas nem sonham sequer que os seus nomes são iguais e significam a mesma coisa.

Ah! mas quando eu as vir juntas eu vou dizer-lhes!
Quero ver a cara delas!

Porque hoje é Domingo (125)


Imagem da net.

«Foste tu, Senhor, que no princípio criaste a Terra
e os céus são obra das tuas mãos. Eles hão-de acabar, mas tu permanecerás.
Eles hão-de envelhecer como o vestuário;
tu os dobrarás como uma capa
e hás-de pô-los de lado como quem muda de roupa.
Mas tu és sempre o mesmo:
O passar dos anos não te envelhece.
Deus nunca disse a nenhum anjo:
Senta-te á minha direita
até que eu faça dos teus inimigos
um estrado para os teus pés.
Quem são, pois, os anjos? Não são todos eles espíritos ao serviço de Deus,
enviados em auxílio daqueles que hão-de receber a salvação como herança?

Por isso, devemos prestar muita atenção á mensagem que nos foi comunicada, para não nos desviarmos. Essa mensagem transmitida pelos anjos era tão decisiva que todo aquele que a transgrediu ou lhe desobedeceu recebeu o castigo que merecia. Como podemos nós escapar se ficarmos indiferentes a uma oportunidade tão grande de salvação? Foi o próprio Senhor que primeiro anunciou esta salvação. Depois, aqueles que a ouviram confirmaram o seu valor para nós. E Deus apoiou o testemunho deles, por meio de sinais, prodígios e diversos milagres, mostrando de várias maneiras o seu poder e distribuíndo dons do Espírito Santo, segundo a sua vontade.»
(Ep. de S. Paulo aos Hebreus cap.1:10 a 14 - 2:1 a 4)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A "Ajuda de Berço" está em risco.


Impressionou-me vivamente, o depoimento da responsável pela "Ajuda de Berço", Ana Anastácio, convidada do jornalista Mário Crespo no Jornal das Nove, da SIC Notícias, há dois dias atrás.
Trata-se de uma Instituição de Solidariedade Social, que recebe e cuida bébés abandonados, bébés que ninguém quer. Proporcionam a estas crianças um colo e muito carinho, para além de satisfazerem todas as outras necessidades.
É um trabalho admirável que teve inicio em 1998 quando um grupo de amigas conhecendo o gravíssimo drama destas crianças, lançou mãos á obra e sem desanimar ou recuar perante as dificuldades surgidas, tem dado o melhor de si em prol destes pequeninos.

Acontece, e daí a publicação deste post, que neste momento, dada a diminuição de ajudas por parte de Empresas e pessoas singulares, motivada pele actual crise que o país atravessa, estão a enfrentar uma grave crise económica, não sabendo como resolver o problema. Precisam urgentemente de cem mil euros para fazer face ás despezas até ao fim do ano.
A Presidente lançou um apelo urgente no sentido, de que cada um possa fazer qualquer coisa, o que estiver ao seu alcance, para que estes bébés possam continuar a ter este apoio tão importante.
Lembro aqui, o que o Evangelho do Mestre supremo do AMOR, o Senhor Jesus Cristo, diz a este respeito:

"Mais bem - aventurada coisa é dar do que receber".

"Deêm e ser-vos - á dado. Uma boa medida, calcada, batida e transbordante vos será colocada no regaço. Pois a medida que usarem para os outros será usada também para convosco." (Ev. de S. Lucas 6:38)

Transcrevo aqui uma entrevista que Ana Anastácio deu á Agencia Ecclésia

«A Associação “Ajuda de Berço” está a viver dias difíceis, confrontando-se com dificuldades financeiras que põem em causa os seus projectos e o futuro das muitas crianças que dela dependem.

O mês de Novembro “marca o fim das nossas reservas financeiras” lamenta a presidente Ana Anastácio.

A “Ajuda de Berço” tem como principal missão servir, integrar e acompanhar estas crianças, na sua grande maioria ainda bebés, que lhe são entregues por uma comissão de protecção de menores ou por um tribunal da especialidade.

A ideia é que essas crianças possam voltar para a sua própria família, logo que esta tenha condições, ou sejam encaminhadas para famílias adoptivas.

Sendo uma instituição sem fins lucrativos, a sua sobrevivência tem vindo a ser assegurada, ao longo dos anos, através das verbas vindas da Segurança Social e, principalmente, com os donativos de pessoas singulares e das empresas.

“O problema”, explica Ana Anastácio, “é que as contribuições vindas de particulares, que asseguram grande parte da nossa subsistência, têm vindo a descer drasticamente”.

Caso esta situação não se altere, a associação poderá ter que fechar uma das suas casas de acolhimento, medida que iria afectar antes de mais 20 crianças, mas também 30 funcionários que aí trabalham.

A falta de adesão das pessoas a esta causa não está relacionada com um “voltar de costas à solidariedade”, defende a presidente da “Ajuda de Berço”.

“Os portugueses não deixaram de ser generosos nem solidários com as causas, deixaram foi de ter meios para dar o tipo de apoios que costumavam dar”, acrescenta a mesma responsável, que deixa a certeza de que “não irá desistir”.

Para além da ajuda financeira, aquela IPSS tem neste momento sobretudo falta de géneros alimentares, medicamentos e produtos de higiene.

São várias as campanhas postas à disposição das pessoas, de forma a poderem ajudar, como por exemplo o “Plano Crescer”, destinado a entidades empresariais, ou o “Plano Vaquinha”, mais direccionado para a população em geral.

Outra iniciativa, mais recente, prende-se com a criação de um número de apoio para o qual as pessoas podem ligar, o 760 300 410, contribuindo com 60 cêntimos por chamada.

“Um milhão de pessoas a ligar para esse número faria certamente a diferença”, exemplifica a presidente, já que um milhão de euros é precisamente o montante que compõe o orçamento anual da “Ajuda de Berço”.

Quem quiser pode também tornar-se sócio da instituição, bastando para isso seguir as indicações prestadas em www.ajudadeberco.pt.

Com as contribuições solidárias em baixa, Ana Anastácio sublinha que a outra alternativa da IPSS, para evitar o fecho de alguma porta, passa por “renegociar as verbas que têm sido atribuídas pela Segurança Social, partindo da avaliação do trabalho que tem sido feito”.

A presidente revela que “já começou a realizar diligências nesse sentido” e espera que haja mais abertura do Governo.

A crise financeira afasta ainda aquele que era o grande sonho da “Ajuda de Berço” – a construção de um terceiro centro de acolhimento, que visava sobretudo dar resposta aos inúmeros pedidos que chegam à associação, todas as semanas, para integração de crianças desfavorecidas."

(Agência Ecclésia)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Terceiro Aniversário



Tão distraída tenho andado, ou, talvez com a cabeça tão cheiínha por causa desta "crise"que domina por aí o pensamento do pessoal todo...que deixei passar a data do terceiro aniversário deste meu humilde bloguesito, que decorreu no passado dia oito de Outubro.

O que me levou a iniciar este blogue:

Os quatro filhos: Pedro, Miguel, João e Zé, tinham então um blogue comum que era o "Small Church." Um pouco por aventura, ou um pouco influenciada por eles, dei início a este blogue.
Na altura, pensava que seria lido apenas por os meus filhos, por os meus três manos, e talvez por alguns amigos. Não imaginava que nestes três anos iriam por aqui passar 126.000 visitantes, de mais de oitenta e sete países, numa média diária actual de cerca de 240 pessoas.

Quero manifestar aqui o meu reconhecimento a todos aqueles que têm tido a amabilidade e gentileza de por aqui passar; a todos, o meu muito obrigada.
Através deste blogue tive a benção de conhecer pessoas lindas, pessoas fantásticas, que constituem para mim um verdadeiro tesouro, uma preciosidade.
Estou muito grata para com Deus, por isso.
Andarei por aqui enquanto Deus me mostrar que devo andar.
Abraço a todos com carinho.




Acabei de receber estes dois lindos presentinhos de aniversário, da minha querida amiga Sandrinha, do blogue:
http://aotoquedoamor.blogspot.com/
Obrigada, amiga.

As Osgas


Osga comum - Tarentola Mauritânica. Imagem da net.


Uma Osguinha trepando a parede.
Clique em cima para ver melhor.

Na região de Leiria, onde cresci, não havia osgas, pelo menos não me recordo de as ter visto. Nessa altura nem sabia que elas existiam. Lagartixas, ou, Sardaníscas, como lhe chamáva-mos, isso sim, havia muitas.
Quando há cinquenta e seis anos nos mudámos para Maceira - Pero Pinheiro, tive o meu primeiro contacto com as Osgas, que são ainda parentes das lagartixas, mas cujo aspecto é bastante diferente.
Em toda a zona saloia, á volta de Sintra, há uns muros de pedra solta, muito antigos, que ladeiam os caminhos de terra batida. Entre as pedras, há pequenos orifícios naturais e é nesses orifícios que as Osgas se expoêm ao sol.
As Osgas tinham má fama na aldeia; dizia-se que eram peçonhentas e agressivas, que saltavam e atacavam as pessoas que passavam no caminho. Então, eu sabendo disso, cada vez que tinha de passar num caminho desses tinha mesmo muito medo. Ia sempre atenta ao menor ruído ou movimento nos muros. Ainda por cima eu sabia que elas eram da côr das pedras o que dificilmente as deixava ver.
Eu passava, caladinha, procurando não fazer qualquer ruído, com o coraçãozinho apertado. Eu via-as,quietinhas ao sol a olharem para mim...
O tempo foi passando e nunca nenhuma me atacou ou me fez mal, e eu, aos poucos fui perdendo o medo.

Na casa da aldeia que é exposta ao sol e fica num lugar sossegado e que está desabitada, só nos deslocando lá uma ou duas vezes por semana, elas têm todas as condições para se desenvolverem e viverem felizes. Vejo-as subindo e descendo as paredes tanto na parte da frente como lá atrás no pátio Aí no pátio, há mesmo muitas, algumas bem grandes e gordinhas...
Gosto de as ver e fico muito tempo a observá-las. Creio que já me conhecem e sabem que não lhes faço mal por isso muitas vezes elas não fogem, ficam quietinhas a olhar para mim. Estão dentro da casinha branca da arrecadação, vivem lá, passeiam-se por lá e alimentam-se das muitas aranhas que eu não sei porquê, abundam por ali.
Contrariamente aos tempos passados, não me causam qualquer receio ou repulsa; pelo contrário, acho-as até atraentes e simpáticas.
Quem diria, não?
A semana passada fotografei uma osguinha bébé a trepar por a parede da casa. foi subindo, subindo, até que se escondeu no telhado

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O maior de todos - O AMOR


Amor perfeito - imagem da net.

«Qual é a coisa mais importante do mundo? Observe que eu não disse o que o homem pensa que é a coisa mais importante.
Antes, qual é a coisa mais importante?
Obviamente, muitas pessoas acham que o "status", o "poder", e o "sucesso" constante são as coisas mais importantes deste mundo. Eis porque temos dado tanta ênfase á competição a "qualquer custo" - o que acaba levando a atitudes incríveis de indelicadeza e ódio para com os outros, resultando frequentemente em guerra declarada!
Outros ainda acham que o "dinheiro" é a coisa mais importante! Certos homens farão quase tudo para acumular riquezas, ignorando as leis da sociedade e os princípios de decência humana, os ladrões roubam e as prostitutas vendem-se - e todos com um só propósito básico - ganhar dinheiro.
Mas a Bíblia torna claro que existe uma coisa muitíssimo mais importante que status, poder e dinheiro! É o AMOR! É a coisa mais importante do mundo - e sempre foi! E é o sinal mais significativo de maturidade dentro do corpo local de cristãos! (Igreja) O apostolo Paulo declarou explicita e suscintamente quando escreveu aos cristãos de Corinto: "Agora, pois, permanecem, a Fé, a Esperança e o Amor, estes três; porém o maior destes é o Amor" (I ep. aos Coríntios 13;13).»
In - A medida de uma Igreja espiritual
(Gene A. Getz)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Aquela Nuvem


Nuvem vista da minha janela - Foto do Gil.
Clique em cima para ver melhor.

AQUELA NUVEM

«Aquela nuvem
parece um cavalo...

Ah! Se eu pudesse montá-lo!

Aquela?
Mas já não é um cavalo,
É uma barca á vela!

Não faz mal.
Queria embarcar nela.

Aquela?
Mas já não é um navio,
é uma torre amarela
a vagar no frio
onde encerraram uma donzela.

Não faz mal.
Quero ter asas,
Para a espreitar da janela

Vá, lancem-me no mar
Donde voam as nuvens
para ir numa delas
Tomar mil formas com sabor a sal

- Labirinto de sombras e de cisnes
No sol de água - vento - luz
Concreto e irreal...»

(José Gomes Ferreira)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A Lenda da Serra da Estrela


http://www.meteopt.com/forum/portugal/serra-da-estrela

Encontrei esta bela lenda no blogue da minha amiga Fernanda - http://nanda-fernandarocmsncom.blogspot.com/ - e com a sua permissão, estou a publicá-la aqui.

A Lenda da Serra da Estrela

«Era uma vez um jovem pastor que vivia numa longínqua aldeia. Por único amigo tinha um cachorrinho, que nas longas noites de solidão se deitava a seus pés sem esperar nenhum gesto, nenhuma palavra. Sofria este pastor de uma estranha inquietação: cismava alcançar uma serra enorme que via muito ao longe, ver as terras que existiriam para lá da muralha rochosa que constituía o seu horizonte desde que nascera. E muitas noites passava em claro, meditando nesse seu desejo infindável.
Certa noite em que se julgava acordado, sonhou que uma estrela descia até si e lhe segredava que o guiaria até ao objecto dos seus desejos. Acordou o pastor mais inquieto e angustiado que nunca, e procurou no céu a verdade do que sonhara. Lá estavam todas as estrelas iguais a si mesmas, imutáveis e eternas aparentemente. Mas estava também uma que lhe pareceu diferente e mais sua.
Passavam-se os dias e o desejo do pastor aumentava, fazia doer-lhe o corpo, ardia-lhe febril na cabeça. De noite, todas, todas as noites, procurava no céu a sua estrela diferente. E em sonhos ela aparecia-lhe muitas vezes desafiando-o, desafiando-lhe sempre a vontade. Mas a vontade por vezes é tão difícil!!
Uma noite, num ímpeto, decidiu-se. Arrumou tudo o que tinha e era nada, chamou o cão e partiu. Ao passar pela aldeia o cão ladrou e os velhos souberam que ele ia partir. Abanaram a cabeça ante a loucura do que assim partia à procura da fome, do frio, da morte. Mas o pastor levava consigo toda a riqueza que tinha: a fé, a vida e uma estrela. E o pastor caminhou tantos anos que o cão envelheceu e não aguentou a caminhada. Morreu na noite, nos caminhos, e foi enterrado à beira da estrada que fora de ambos. Só com a sua estrela, agora, o pastor continuou a caminhar, sempre com a serra adiante. E à medida que caminhava a serra ia estando sempre ali, no mesmo sítio e à mesma distância.
Passou todas as fomes e frios que os velhos lhe tinham vaticinado. Atravessou rios, galgou campos verdes e campos ressequidos, caminhou sobre rochedos escarpados, passou dentro de cidades cheias de muros e gente, mas a montanha dos seus desejos nunca a baniu do coração. Por fim, já velho, alcançou a muralha escarpada que desde a infância o chamava. Subiu, subiu até ao mais alto da serra e ali pôde então largar o desejo do seu coração, agora em paz e sem desejo.
O horizonte era tão vasto e maravilhoso, a impressão de liberdade tão avassaladora que o pastor, sem falar, gritava dentro de si um hino de louvor que mais parecia o vento uivando por entre os penhascos rochosos de silêncio. Instalou-se o velho pastor e a sua estrela ficou com ele, no céu.
O rei do mundo, porém, ouviu falar naquele velho pastor e na sua estrela fantástica. Mandou emissários à serra: todas as riquezas do mundo daria ao pastor em troca da sua pequena estrela. O pastor ouviu com atenção o que lhe mandava dizer o rei. Depois, olhou em volta. Tudo eram pedras e rochedos. Uma pequena cabana de rocha coberta de colmo era a sua morada. Uma côdea de pão negro e uma gamela de leite as suas refeições. A sua distracção a paisagem igual e diferente do mundo de lá em cima. A sua única amiga, a estrela.
Suavemente, como quem sabe o segredo das palavras e o valor de todos os bens possíveis, virou-se para os emissários do rei do mundo e rejeitou todos os tesouros da terra, escolhendo a pequenez da sua estrela. Passaram os anos e o velho morreu. Enterraram-no debaixo de uma fraga e nessa noite, estranhamente, a estrela brilhou com uma luz mais intensa. Os pastores da serra notaram essa diferença porque a reconheciam também entre as outras, pelo que o velho lhes contava em certas noites.
E em memória desta lenda, a serra passou a chamar-se, para sempre, serra da Estrela.»
(Fernanda Frazão)

domingo, 17 de outubro de 2010

Porque hoje é Domingo (124)


Imagem da net.

«Depois vi um grande trono branco e aquele que estava assentado sobre ele. A Terra e o céu fugiram da sua presença e ninguém mais os viu.
Vi também todos os mortos, grandes e pequenos, que estavam de pé e diante do trono. Então abriram-se os livros e um outro livro foi aberto que é o Livro da Vida. E os mortos foram julgados conforme o que está escrito nesses livros, segundo as suas obras. O mar entregou os mortos que possuía, a Morte e o Abismo entregaram também os seus mortos e cada um deles foi julgado segundo as suas obras. A Morte e o Abismo foram lançados no lago de fogo. Este lago de fogo é a segunda morte. E quem não tinha o seu nome escrito no Livro da Vida foi lançado no lago de fogo.»
(Livro do Apocalipse cap. 20:11 a 15)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A ponta do iceberg?


O Deputado socialista Vitor Baptista

Deputado do PS diz que André Figueiredo, chefe de gabinete no Largo do Rato, o aliciou com promessa de cargo numa empresa pública a troco da sua não recandidatura ao PS de Coimbra.

Vítor Baptista, deputado e recandidato derrotado à liderança da federação distrital do PS de Coimbra, promete vender cara a derrota. Ontem escreveu uma carta (ver link relacionado) aos seus camaradas na bancada parlamentar, intitulada "Na calada da noite", onde volta a lançar graves acusações sobre o chefe de gabinete de José Sócrates no PS, André Figueiredo (também secretário nacional adjunto).

Segundo escreveu, Figueiredo tentou aliciá-lo a não se recandidatar oferecendo-lhe em troca "um qualquer lugar de gestor público, desde o Metro em Lisboa, à CP ou Refer, até acenavam com uma cenoura de 15 mil euros mensais".

André Figueiredo é acusado de, em conjunto com elementos da candidatura dada como oficialmente vencedora (liderada por Mário Ruivo, dirigente em Coimbra da Segurança Social), ter providenciado pelo "pagamento colectivo" de centenas de quotas de militantes, algo que o seu regulamento "não prevê". Ouvido pelo DN, André Figueiredo prometeu que agirá "criminalmente perante todas as difamações e infâmias de que for alvo". "Devemos estar à altura das funções que ocupamos. Eu estou. Já outros tenho a impressão que nunca estarão", acrescentou.

Vítor Baptista, oficialmente derrotado por 46 votos, também ataca na carta um seu camarada de bancada, Renato Sampaio (reeleito líder do PS-Porto), por este ter saído em defesa de André Figueiredo. "Agora, fazendo parte desta encenação, aparece um tal Renato Sampaio [...] a dizer que tenho mau perder. Perder até sei e já o demonstrei em outros momentos, mas passivamente ser roubado não". Dirigindo-se também ao presidente da distrital de Vila Real, que igualmente se solidarizou com Figueiredo, pergunta: "Será que ambos não o sabem distinguir? Estão ao serviço de quem?"

Dois juristas contactados pelo DN, a quem foi lido o teor da carta do deputado, consideraram que se pode estar perante um crime de tráfico de influência. Uma vez que, explicaram, "se está perante uma situação em que alguém promete usar da sua influência a troco de uma contrapartida". Ou seja: a colocação de Vítor Baptista numa empresa pública a troco da não recandidatura à Federação do PS/Coimbra.

O crime de tráfico de influências é de natureza pública, obrigando a actuação do Ministério Público.

In - Diário de Notícias - 14/10/2010

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Esta manhã, na parte final do debate quinzenal, o líder do CDS-PP questionou o primeiro ministro sobre as acusações do deputado socialista Victor Baptista, que acusou o chefe de gabinete de José Sócrates, André Figueiredo, de lhe ter oferecido um cargo de gestor público caso não se recandidatasse à federação do PS de Coimbra.
O primeiro Ministro não respondeu.

A nossa indiferença pela liberdade


Serra de Sintra - Junto ao Pico do Monge.
Foto do Zé.

Se estivessemos na prisão, lamentar-nos-íamos por não poder sair e andar por aí.
Como somos livres, sem tomarmos consciência disso, trancamo-nos voluntariamente na nossa prisão domiciliária, e perdemos oportunidades que nos enriqueceriam e nos fariam felizes.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O resgate


Imagem da net.

Hoje, recolhi-me dentro de mim mesma e, atónita, emocionada, e com um profundo sentimento de gratidão para com Deus, acompanhei o resgate dos trinta e três mineiros da Mina de S. José, no Chile.
Senti-me irmã de todos eles, chilena e mineira.
O mundo, hoje, recebeu uma enorme lição.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Amor e amizade


Imagem da net.

«Nem todos nós podemos ser heróicos, génios; mas o menos favorecido pode ser justo, leal, doce, fraternal, generoso. Pode olhar sem inveja a felicidade dos outros.
Pode perdoar uma ofensa, desculpar um erro, admirar uma acção e irmanar-se com os seus semelhantes. É assim que um ser se torna paladino do amor e amizade, não pela razão e o intelecto, mas pela sabedoria e coração.
Se a nossa alma vive no deslumbramento de permanente amor e beleza, tudo o que encontrarmos no nosso caminho transforma-se em amor e beleza, até as coisas aparentemente desamorosas e feias. Vemos, assim, espelhados nos outros, o que temos dentro de nós.Escalemos o topo de uma montsanha, passeemos na planície ou circulemos em torno da nossa casa; marchemos até o fim do mundo, não encontraremos, nos caminhos do acaso, senão nós mesmos. Mintamos, e a mentira surgirá por todos os lados; amemos, e o amor palpitará em tudo o que existe.»
(José da Silva Martins)
In - Sabedoria e felicidade - Alvorada

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Há tanto tempo a querer saber o nome...


Gilbardeira -Rucus Aculeatos - Imagem da net.

Recordo-me que era ainda bem pequena, quando tive o primeiro contacto com esta bonita planta, nos arredores da cidade de Leiria, onde vivia então. Achei-a, por acaso, num silvado, misturada com silvas e outras plantas. Gostei logo dela, talvez por o contraste, entre as folhas verde-escuras e as bagas de um vermelho vivo.
Não havia muitas por lá, não. E lembro-me que na época de Natal elas eram muito procuradas e apreciadas para os enfeites natalícios, substituindo o tão famoso Azevinho.
Sempre desejei saber o seu nome e alguma coisa mais sobre ela, mas nada.
Há momentos, quando pesquisava na net sobre uma determinada árvore, não é que dei de caras com a plantinha e pude ler bastante a seu respeito.!? Ah! mas que contente fiquei! Como diz o nosso povo, "ganhei o dia."
Chama-se:
Azevinho-espinhoso, azevinho-pequeno ou menor, erva-de-vasculho ou dos-basculhos, gibaldeira, gibardeira, gilbardeira, murta-espinhosa, pica-rato..
E claro, o seu nome cientifíco é Rucus Aculeatos.
Soube com satisfação que é uma planta protegida, não porque esteja em vias de extinção, mas porque é muito procurada para os enfeites de natal.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Um Pensamento de S. Francisco de Assis


Imagem da net.

SENHOR,
ENSINA-ME A ENVELHECER

Ajuda-me a reconhecer
as coisas boas da minha vida,
dá-me força para aceitar
as minhas limitações
cedendo aos outros o meu lugar,
sem ressentimentos nem recriminações.
Que eu aceite ir-me desapegando das coisas,
e veja nisso uma sábia lei da tua Providência
que regula o tempo e preside à vida das gerações.

Faz, Senhor,
que eu seja ainda útil para o mundo,
com as minhas pequenas tarefas,
mas sobretudo com o meu testemunho
de paciência e bondade
de serenidade, alegria e paz.

Dá-me, Senhor, a tua força
para enfrentar as contrariedades de cada dia,
particularmente a doença e a solidão.

Que os últimos anos da minha vida mortal
sejam como um por do sol feliz:
na oração e na caridade,
na compreensão e na esperança,
que eu saiba envelhecer e morrer
com a serenidade e a coragem
com que Tu, Senhor, morreste na cruz!

Para que um dia possa também ressuscitar
para a glória do teu e nosso Pai
e ir ao encontro daqueles
que partiram antes de mim!
Ámen.

Caminhando para os setenta, faço minhas as palavras de S. Francisco.

domingo, 10 de outubro de 2010

Porque hoje é Domingo (123)


Igreja de Lourosa - Portugal- Imagem da net.

«Ó terra, não tenha mais medo!
Alegra-te e rejubila
porque é o Senhor que faz grandes maravilhas.

Animais selvagens, não tenham mais medo!
As pastagens ficarão de novo verdejantes,
as árvores darão fruto,
as figueiras e as vinhas vão ficar carregadas.

Alegrem-se e façam festa em honra do SENHOR vosso Deus,
Ó habitantes de Sião!
É ele que, a seu devido tempo, vos dá a chuva de Outono
e a da Primavera, como antigamente,
e que faz cair os aguaceiros.
As eiras vão encher-se de trigo
e os lagares extravasar de vinho e azeite.
Vou compensar-vos dos anos
em que as colheitas foram devoradas
pelos gafanhotos, saltões, lagartas e outros insectos
do grande exército que enviei contra vós.
Hão-de comer até ficarem saciados
e irão louvar o SENHOR, vosso Deus,
que fez maravilhas a vosso favor.
Nunca mais o meu povo ficará desiludido.
Então sabereis que eu estou no meio de Israel,
que o SENHOR, vosso Deus, sou eu e mais ninguém;
e nunca mais o meu povo ficará desiludido.»
(Livro do profeta Joel cap. 2:18 a 27

sábado, 9 de outubro de 2010

Rios sobre outros rios


Dinamarca - Verkrshrsfreig. Clique em cima para ver melhor

Inpressionante!

Vejam só, até onde já chegou a Engenharia na sua capacidade de construir Pontes especiais, com canais fluviais, obra das mãos do homem, podendo os barcos navegar sobre outros rios mais baixos.

(Recebido via e-mail.)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

As árvores da minha vida (1)


Floresta Amazónica. Imagem da net.

Tenho uma admiração e um carinho muito especial pelas árvores.
Elas atraem-me, encantam-me, fascinam-me! Chegam a comover-me... Se me perguntarem porquê, não saberei explicar.
Acho-as sempre belas. Quer seja com os brotos novos da Primavera, floridas, carregadas de fruto no Verão, matizadas das mais belas cores no Outono, ou nuas e esguias no Inverno; aqui, lembram-me belíssimas esculturas.
Pois bem, neste contexto, decidi publicar aqui uns posts de vez em quando, sobre aquelas que de alguma forma estão mais ligadas á minha pessoa e têm algo a ver com o meu percurso de vida, daí chamar-lhes "As árvores da minha vida".

Uma árvore, um cheiro...

Naquele dia, entrei no gabinete do Dr. Jorge Loureiro, um dos médicos com quem trabalhava no Centro de Saúde da Amadora. Ele estava a atender um utente, sentado á sua secretária. O Dr. Jorge Loureiro era um homem na casa dos quarenta anos, alto, elegante, sempre muito bem vestido e com um trato afável e delicado. Sempre gostei de trabalhar com ele em equipa.
Entrei, cumprimentei-o, ele sorriu para mim e disse: "Olá senhora enfermeira como está?" e continuou a conversar com o utente.Entretanto, o meu olfato captou no ar um cheiro muito agradável que "me era conhecido".
Pedi desculpa por o interromper e dissse-lhe: "Dr. Jorge Loureiro sabe uma coisa? O cheiro do seu perfume é-me familiar; é o cheiro da casca de uma árvore que havia na floresta, junto á minha casa na Argentina. Vim de lá com quatro anos e nunca mais estive junto de uma árvore daquelas,mas eu tenho a certeza que é o cheiro da casca daquela árvore que quando chovia, exalava um odor muito agradável.
O Dr. parou de escrever, levantou o rosto e fixou-me espantado e disse: "Acertou! O meu perfume tem a essência de uma árvore da floresta Amazónica no Brasil."
Sorridente disse-me: "A senhora enfermeira podia ser uma "Nez." Vendo o meu espanto perguntou-me : "Sabe o que é um "Nez? É um cheirador de perfumes. Há pessoas que têm o olfato tão apurado, que são contratados por os grandes laboratórios de perfumes para cheirar... e ganham muito dinheiro. Podia ganhar muito mais do que ganha, se fosse uma "Nez; já sabe, se um dia se cansar de ser enfermeira vá para Paris...seja uma "Nez".

O engraçado é que na verdade, eu tenho um nariz que detecta tudo. Eu própria me espanto.

Depois deste episódio, por mais do que uma vez, identifiquei o mesmo cheiro da tal árvore, quando alguns homens passaram junto de mim, um deles no autocarro.

Esta, creio eu, foi a primeira árvore da minha vida. Dela não sei o nome, mas creio que serei ainda capaz de identificar o seu cheiro. Se pensar que vim da Argentina com quatro anos!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Recordando uma bela canção do nosso saudoso Zeca Afonso


Zeca Afonso.

Somos Filhos da Madrugada

Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos.
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor no ramo
Navegámos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praias da mar nos vamos
À procura da manhã clara

Lá do cimo duma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá do cimo duma montanha

Onde o vento cortou amarras
Largaremos pela noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca brisa moira encantada
Vira e proa da minha barca
(Zeca Afonso)



Zeca Afonso foi um notável compositor de música de intervenção, durante um dos mais conturbados períodos da história recente portuguesa. Como compositor, soube conciliar de forma notável a música popular e os temas tradicionais com a palavra de protesto.

Nasceu no dia 2 de Agosto de 1929, e veio a falecer no dia 23 de Fevereiro de 1987, aos 57 anos, vitima de Esclerose Amiotrófica.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Toma nota


Imagem da net.

- "Antes de partires em busca dos teus direitos, deves examimar até onde cumpriste o teu dever." -
(Andreotti)

Muito obrigada, Dr. Champalimaud.


Centro de Investigação Champalimaud


Um jardim interior - como se fosse uma avenida.




Dra Leonor Beleza -
Presidente da Fundação Champalimaud
.

Será hoje inaugurado em Lisboa por sua Excelência o Senhor Presidente da República Doutor Aníbal Cavaco Silva e por sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro Engenheiro José Sócrates, o Centro de Investigação Champalimaud.

Este Centro concretiza o objectivo da Fundação Dona Anna de Sommer Champalimaud e Dr. Carlos Montez Champalimaud (pais do empresário) de construir um centro de investigação científica multidisciplinar, transnacional e de referência no campo da biomedicina. Este Centro garantirá as condições ideais para que investigadores e académicos, nacionais e estrangeiros, desenvolvam projectos de excelência com aplicação clínica (prevenção, diagnóstico e tratamento), nas áreas das neurociências e da oncologia.

No seu testamento, Champalimaud destinou quinhentos milhões de Euros da sua fortuna pessoal para esta Fundação e nomeia a Dra Leonor Beleza como Presidente da mesma.
Não deixou indicações pormenorizadas sobre a obra, pois não teve tempo nem saúde para isso (morreu de cancro aos 86 anos em 2004). Mas deixou indicações gerais. O objectivo seria a investigação e ao mesmo tempo o tratamento de doentes, aplicando os resultados dessa investigação. Pelo menos foi assim que a presidente da Fundação interpretou o desejo do fundador. E depois tratou de o cumprir. Como se Champalimaud estivesse vivo e a orientar os trabalhos.
O Centro foi instalado mum edifício de arquitectura grandiosa, leve e revolucionária, perto da Torre de Belém, é algo de que Champalimaud se orgulharia.

António de Sommer Champalimaud. Empresário da área do cimento, que viu as suas empresas nacionalizadas no pós-25 de Abril, obrigado a reconstruir o seu “império” de novo no Brasil, antes de recuperar as suas empresas portuguesas de novo, não esquecendo o desmembramento posterior que não foi imune a polémica – com Champalimaud a querer vender, numa primeira fase, todos os seus activos bancários aos espanhóis do Santander pela famosa “pipa de massa”.
Apesar dos esforços do Governo português em vetar o negócio, acabou por vender o grupo Mundial Confiança aos espanhóis, do qual faziam parte, entre outras instituições, o Banco Totta & Açores e o Crédito Predial Português

"Moveu-se o céu e a terra para tornar este Centro um dos melhores espaços de investigação de doenças cancerígenas no mundo", diz Raghu Kalluri, professor de Medicina em Harvard, citado pelo “New York Times”.

domingo, 3 de outubro de 2010

Dona Lisete versus Vice - Procurador Geral da República


Dr, Mário Gomes Dias - Vice-Procurador Geral da República.

Há já alguns meses que os média estão a chamar a atenção, para quem de direito, sobre a situação de ilegalidade do Vice - Procurador Geral da República Dr. Mário Gomes Dias, que atingiu a idade da reforma em Junho de 2010 e ainda se mantem em funções.
O Governo, por pedido feito pelo Procurador Geral Dr. Pinto Monteiro, apresentou sexta-feira passada na Assembleia da República uma proposta, de alteração á lei vigente, no sentido de os Magistrados do Ministério Público, poderem continuar em funções mesmo tendo atingido a idade da reforma (70 anos). Diz-se á boca cheia que esta alteração á lei seria mesmo á medida do Vice Procurador Geral Dr. Mário Gomes Dias.
A proposta não passou tendo sido chumbada pelo Parlamento.
Inquirido sobre a situação, o Procurador Geral Pinto Monteiro, informou que a lei seria cumprida, e a substituição do Vice - Procurador terá lugar oportunamente.
De salientar, que estão a ser postas em causa as acções levadas a cabo pelo Vice-Procurador de Junho até agora, como sendo ilegais e poderem vir a ser anuladas.

Este caso, que se arrasta há mais de três meses, fez-me lembrar do caso da Dona Lisete.

A Dona Lisete era uma senhora respeitável, natural da Guarda, filha de um dos Reitores do Liceu daquela cidade.
A senhora sentia vocação para trabalhar na comunidade, e depois de muita insistência, o pai permitiu que ela frequentasse na Direcçãoi Geral de Saúde em Lisboa, um Curso de Visitadora Sanitária, cuja função seria trabalhar com a população na área da saúde. Isto há muitos, muitos anos. Terminou o curso com sucesso e casou a seguir. Só que entretanto nasceram os filhos e o casal concluiu que seria bom a mãe ficar com eles em casa nos primeiros anos de vida. Assim aconteceu, o que fez retardar a idade com que a Dona Lisete começou a vida profissional.
A senhora, entre as várias actividades que desenvolveu, dedicou-se á vacinação de crianças na comunidade, num tempo em que a cobertura vacinal era bastante baixa. Deu-se de alma e coração ao seu trabalho.
Não sei dizer porquê mas apenas funcionaram dois cursos daqueles.
Entretanto, os Dispensários Materno-Infantis tiveram um grande desenvolvimento e receberam estas senhoras Visitadoras Sanitárias, que foram colocadas na Sala de vacinação.
Foi na sala de vacinação do Centro de Saúde da Amadora que eu conheci a Dona Lisete.Desde logo tornámo-nos excelentes colegas de trabalho e para além disso, eu tinha por ela uma grande estima e consideração. Era uma excelente conversadora. Pessoa muito educada e gentil, com quem dava gosto lidar.
Era cerca de vinte anos mais velha do que eu, tendo nesta altura cerca de setenta anos.
Como começou a trabalhar um pouco tarde, aos cerca de setenta anos ainda não tinha todos os anos de serviço necessários para se poder reformar, e por isso foi ficando, foi ficando, até que chegou o dia em que fez setenta anos, e segundo a legislação em vigor, não poderia trabalhar mais, ainda que o desejasse.
Recordo que nesse dia que fez setenta anos, eu estava junto dela, na sala de reuniões, não muito distante da senhora telefonista a Dona Alda. Tocou entretantoo telefone e a Dona Alda chamou-a para atender ali mesmo, porque era para ela, e ela atendeu.
A conversa foi curta e quando a Dona Lisete pousou o telefone, sentou-se numa cadeira, mudou de semblante e começou a chorar.Triste, muito triste. Eu fiquei preocupada e tentei ajudá-la perguntando-lhe o que acontecera. Ela fitando-me disse: "Veja bem senhora enfermeira Regueiras: Era dos serviços centrais da A.A.R.S de Lisboa, informando-me que como eu fiz hoje os setenta anos, amanhã já nãoposso vir trabalhar. Nem uma palavra de apreço, por tantos anos de trabalho que executei com tanta alegria e satisfação; Nada, nada, a não ser escorraçarem-me como alguém que já não presta e que se pode e deve ir embora."

Abracei-a. Tentei consolá-la, falando-lhe de como no Centro de Saúde toda a gente a admirava e respeitava muito e que todos ali valorizaram o seu excelente trabalho. A Dona Lisete, apertou-me a mão e sorriu com os olhos tristes e vermelhos de chorar.
Isto já aconteceu há quase vinte anos, no entanto nunca me esqueci deste caso e veio-me agora mais uma vez á memória ao tomar conhecimento do caso do Vice - Procurador Geral da República,

sábado, 2 de outubro de 2010

Porque hoje é Domingo (122)


Imagem da net.

«Ai dos que mudam o direito em veneno e calcam aos pés a justiça.
O Senhor fez as constelações de Plêiades e Orion;
aquele que muda as trevas em manhã
e transforma o dia em noite.
Chama pelas águas do mar
e espalha-as sobre a terra.
O seu nome é: "SENHOR!"
De repente, ele destrói o homem forte
e abate a cidade poderosa.
Eles odeiam os que lutam pela justiça nos tribunais, e detestam os que procuram dizer toda a verdade. Pois bem! Já que impõem as vossas taxas ao povo pobre e o obrigam a pagar um tributo sobre o trigo, não hão-de habitar as casas de boa pedra que construiram, nem hão-de beber o vinho das boas vinhas que plantaram.
Pois eu conheço a quantidade dos vossos crimes e dos vossos pecados sem conta. Perseguem o homem justo, exigem resgate, e não deixam que os pobres sejam devidamente julgados nos tribunais. Por isso, em tempos tão maus como estes o homem sensato fica quieto.
Procurem o bem e não o mal para poderem viver. Só então é que o SENHOR, Deus todo-poderoso estará convosco, como dizem. Odeiem o mal, amem o bem, ponham justiça nos tribunais.»
(Livro do Profeta Amós cap. 5: 7 a 15a)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Em tempos de crise...choca, não?


Imagem da net.


Avião da TAP. Imagem da net.

A medidazita que faltou

«Ele é vogal numa dessas entidades reguladoras - insisto, não é ministro de país rico, é um vogal de entidade reguladora de um país pobre - e foi de Lisboa ao Porto a uma reunião. Foi de avião, o que nem me parece um exagero, embora seja pago pelos meus impostos. Se ele tem uma função pública é bom que gaste o que é eficaz para a exercer bem: ir de avião é rápido e pode ser económico.
Chegado ao Aeroporto Sá Carneiro, o homem telefonou: " Onde está sr. Martins?" O Martins é o motorista, saiu mais cedo de Lisboa para estar a horas em Pedras Rubras. O vogal da entidade reguladora não suporta a auto-estrada A1. O Martins foi levar o senhor doutor á reunião, esperou por ele, levou-o ás compras porque a Baixa portuense é complicada, e foi depositá-lo de volta a Pedras Rubras.
O Martins e o nosso carro regressaram pela auto-estrada a Lisboa. O vogal fez contas pelo relógio e concluiu que o Martins não estaria a tempo no Aeroporto da Portela em Lisboa. Encolheu os ombros e regressou a casa de táxi, o que também detestava, mas há dias em que se tem de fazer sacrifícios.
Na sua crónica nesta edição do DN, o meu camarada Jorge Fiel diz que o Estado tem 28.793 automóveis. Nunca perceberei porque razão os políticos não sabem apresentar medidas duras. Sócrates, ontem, ter-me-ia convencido se tivesse também anunciado que o Estado passou a ter 28.792 automóveis.
Diário de Notícias (30 de Setembro de 2010)
Ferreira Fernandes
Jornalista

Quando morreste - Dra. Maria José Morgado


A Procuradora Dra Maria José Morgado.

Quando tu morreste, as árvores verdes continuaram a bailar na janela do teu quarto de hospital, pequenas luzes na noite gélida.
As asas do desejo, naquele momento irrepetível, podiam transportar-nos para o Guggenheim em Veneza, onde ficaríamos imóveis na contemplação infinita de "O Império das Luzes", de Magritte. Imagino-nos ali presos pela inquietação desta composição, onde a luz e o espírito se sobrepõem paradoxalmente á forma e á materialidade das coisas, como sempre aconteceu contigo, numa vida de insaciável busca de conhecimento, de coragem e de afirmação, que te fazia desprezar a vulgaridade, a cobardia ou o medo.
Quando soubeste da doença grave, disseste-me naturalmente, pelo telefone: "Tenho um carcinoma gástrico. Sempre enfrentámos a vida com coragem e é o que vamos continuar a fazer agora."
Quando ficaste no hospital, entregue a cuidados médicos que, além de incansáveis e eficientes, foram ainda inesquecívelmente carinhosos, aproveitava regularmente a proximidade entre o hospital e a Cidade Universitária para escapatórias de memória construída, na busca inconfessável dum tónico inexistente que pudese salvar-te. Atravessava então a estrada e, lá do outro lado, na Cidade Universitária, encontrava-te novamente, o Zé Luis jovem, forte, saudável, feito de sonhos e de crença na luta por um mundo melhor, como se o tempo já não fosse tempo. Voltava depois ansiosa para junto de ti, a subida aflita das escadas, o cheiro a remédios a matar-me a esperança, o carinho dos médicos e das enfermeiras a comover-me cada vez mais. Falava-te do que tinha visto e respirado, do nosso velho mundo que queríamos mudar, da nossa filha, do que nunca tinha acontecido e era o melhor de tudo.
Quando tu morreste, a noite negra podia estar dentro daquele quadro de Magritte, a prolongar-se naquele clarão intenso, como se, para além do teu corpo destruído pela doença implacável, a tua vontade de viver, a tua espiritualidade combativa e o teu pensamento tivessem derrotado o mal.
A morte para ti foi apenas uma luta paradoxal a travar. Para haver luta, tem de haver morte, disseste-me num desses dias. No dramatismo da partida, entregáste-me a mensagem, numa voz rouca: "Gostei de tudo o que fiz na vida. Fiz tudo o que quis. Fui feliz e amo-vos."
Quando tu morreste, parou bruscamente o ruído do borbulhar permanente da máquina de oxigénio, escoaram-se as últimas gotas de soro e o silêncio esmagou-nos. 1 h15. As enfermeiras perfiladas comovidas, o médico com ar grave junto do teu corpo esquálido a arrefecer rapidamente. Guardei os óculos, o relógio, o telemóvel,subitamente tornados imprestáveis. Guardei o texto da "Justiça Fiscal" misturado com os últimos jornais e meia dúzia de livros. Chegaram entretanto a Laura, o Jorge e o Ricardo. Chorámos.Longamente. As árvores continuaram a bailar bruxuleantes no quadrado cinzento da janela. Entontecidos, percorremos os corredores do hospital feitos de silêncio a diluir-nos devagar na angústia indizível da tua ausência. A felicidade ficara fechada dentro das nossas duas mãos agarradas.
A "Justiça Fiscal" concluída dois dias antes: A tua última felicidade.
Quando tu morreste, sabíamos o que tínhamos aprendido contigo.
A coragem, a dignidade na luta contra a adversidade. Pouco importa se perdemos ou ganhámos. Importa apenas ser digno e nunca, mesmo munca, desistir. Continuarás com os que te eram queridos. No céu, no mar, na noite escura, nos livros que enchem a casa, no carinho que nos deixaste, na recordação do teu sorriso divertido e melancólico, ou em qualquer longo pôr- do-sol junto ao mar, cuja contemplação tanto te fascinava. As tuas cinzas estão lá, como me pediste. No mar.

Lisboa 26/07/2010
Maria José Morgado.
In- José Luis Saldanha Sanches
Edição da Fundação Francisco Manuel dos Santos

Nota:
O Professor Doutor José Luis Saldanha Sanches, faleceu em lisboa - Hospital de Santa Maria - no dia 12 de maio de 2010.
Se quiser saber mais sobre este notável fiscalista leia aqui.