terça-feira, 15 de abril de 2008

Aquela janela...


Sentada á mesa da cozinha, tomando o pequeno almoço ou – o café da manhã – no dizer dos nossos queridos irmãos brasileiros... olho pela janela, na qual afastei as cortinas para poder logo bem cedo, regalar os meus olhos e o meu espírito… com a beleza deste céu ímpar de Mira – Sintra, e olhar e ouvir um tentilhão que todos os dias a esta hora se vem empoleirar em cima de uma antena de T.V. fixada no telhado do prédio que fica bem em frente do meu.
Mas, rapidamente, como todos os dias acontece, os meus olhos e a minha atenção se desviam para uma janela do quarto andar desse mesmo prédio, que tem os estores subidos até ao meio, e as cortinas afastadas para os lados
Há anos que tudo está igual naquela… e nas outras janelas do prédio. Nada muda, ninguém mexe em nada.
Lembro-me de há vários anos atrás, olhar, e ver a Sara e o irmão Miguel, á janela a fazer sinais e a falar para o meu neto Gil que vive por cima de mim; ela e o Gil eram colegas de escola e ainda são.
Lembro-me de todos os dias ao cair da noite a avó abrir a janela e chamar pela Íris, irmã mais nova da Sara, que brincava na rua até anoitecer, com os outros meninos dos outros prédios; isto, no bom tempo em que os meninos podiam brincar na rua, diante ou atrás das casas, sem correrem o risco de serem raptados.
Pois bem, nesse tempo, tudo era vida e movimento nessa casa e nessas janelas.
Viviam na casa várias pessoas: A avó, creio que divorciada, que era a “alma” daquela família; a mãe da Sara, uma jovem bonita, mãe solteira ou, divorciada… com os três filhos, e uma outra mulher ainda jovem, tia da Sara, aí na casa dos trinta e poucos, que, ao que soube mais tarde, enveredou pelo caminho do álcool muito jovem ainda.
Um dia, de triste memória… correu a notícia pela vizinhança: Essa tia da Sara, depois de uma violenta discussão familiar, saltou da janela do quarto andar para a rua e, levada ainda com vida para o hospital, viria a morrer no dia seguinte.
A avó decidiu que não era mais possível a família viver naquela casa e, logo, logo, se mudaram para casa de uns familiares aqui no bairro mas noutra zona. Por vezes cruzo-me com alguém daquela família ou no autocarro ou na rua.
Já lá vão alguns bons anos desde que isto aconteceu e, creio que nunca mais entrou ninguém naquela casa, onde continua tudo como estava, sempre com o estore subido até ao meio e a cortina afastada para os lados… naquela janela, onde os meus olhos batem sempre… quando me sento á mesa da cozinha.
Dá-me cá uma tristeza!...

2 comentários:

  1. Bom dia Viviana, passo logo de manhã para lhe agradecer a sua visita lá pelo meu cantinho. Volte sempre que quiser pois será muito bem vinda. Se não se importar vou linkar o seu blog lá no cantinho dos meus amigos. Adorei vir aqui e regularmente virei visitá-la.
    Adorei o seu texto pois retrata bem o que muitas famílias estão a passar neste momento. Cada vez mais se ouvem casos como o da tia de Sara e como toda a sua família. Familias destruturadas, que por uma ou outra razão deixaram de funcionar como famílias. Deixaram de ter referências. Que Deus abençoe todas as famílias e que nós possamos ser exemplo vivo para outros.
    Um dia muito abençoado para si.
    Deixo muitos beijinhos.
    Fique bem. Fique com Deus.
    Anita (amor fraternal)

    ResponderEliminar
  2. Olá, Anita!

    Obrigada pela visita e pelo seu comentário.
    Claro que tenho muito gosto que me possa colocar nos seus links.
    Agradeço a atenção, minha boa amiga e irmã em Cristo.

    Já reparou nos milagres que o Sangue do nosso amado Senhor Jesus cristo faz!?

    Mem nos conhecemos... nunca nos vimos...e, já nos sentimos unidas no Amor de cristo!
    Que abençoadas somos!

    Glória, Honra e Louvor para o nosso Deus.

    Tenha um bom resto de dia
    Um abraço carinhoso
    viviana

    ResponderEliminar