segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Um poema de Pedro Homem de Mello


Hoje, quando passavam pela minha mente os nomes de vários poetas portugueses, para entre eles escolher um, e publicar um poema, surgiu o nome do grande Pedro Homem de Mello.
Então não hesitei e fui buscar, creio eu, o seu mais famoso poema, que mesmo depois de muitos anos da sua morte, se houve a cantar por aí. Foi cantado por Amália Rodrigues, a maior fadista portuguesa... e agora por Marisa, a maior deste momento.
Refiro-me ao poema - Ò povo que lavas no rio".

Antes do poema, deixo-vos aqui algumas informações sobre a vida e obra deste homem que era de "sangue azul", monárquico, contemporâneo de Salazar, e talvez por isso, foi bastante maltratado depois da Revolução dos Cravos, sendo na altura e até hoje, votado ao mais completo esquecimento, e na altura, saneado do cargo de professor do ensino secundário, pela esquerda portuguesa, os senhores que "mandavam" no momento,tendo acabado os seus dias na miséria, vivendo da caridade alheia e vendendo os seus livros de porta - em porta, o que acho de uma tremenda injustiça.
Temos na nossa biblioteca aqui em casa, entre outros livros dele, um autografado pelo próprio e com uma dedicatóaria, ao Jorge, que foi foi seu aluno.
No vídeo junto podem ouvir a maior fadista portuguesa do momento, cantando o poema "Ò povo que lavas no rio".

"Pedro Homem de Mello"

Pedro da Cunha Pimentel Homem de Mello, Poeta (Porto, 6.9.1904-ib, 5.3.1984). Em 1926 formou-se na Faculdade de Direito de Coimbra. Foi Delegado do Procurador da República em Águeda (1927) e exerceu a advocacia. Professor do Ensino Secundário, Foi diretor da Escola Comercial Mouzinho da Silveira. Estudioso do folclore português, dedicou a este campo numerosos programas na televisão e ensaios como A Poesia na Dança e nos Cantares do Povo Português, 1941, Danças Portuguesas e Danças de Portugal. Poeta, fez parte do movimento da revista Presença. Estreou-se com o volume Caravela ao Mar, 1934, e com Segredo, 1939, obteve o prêmio Antero de Quental, com Há Uma Rosa na Manhã Agreste, 1964, o Prêmio Ocidente, como Eu Hei-de Voltar um dia, 1966, o Prêmio Casimiro Dantas e Eu Desci aos Infernos, 1972, o Prêmio Nacional de Poesia. As raízes do seu lirismo bem português mergulham na própria vivência íntima e na profunda sintonia com o povo, cuja alma se lhe abria através do folclore, tendo por cenário a paisagem nortenha.
A fadista Amália Rodrigues em 1950 começa a cantar poemas de Pedro Homem de Mello, O mais célebre dos quais é "Povo que lavas no rio."


Povo que lavas no rio
Que talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.

Fui ter à mesa redonda
Bebi em malga que me esconde
Um beijo de mão em mão.
Era o vinho que me deste
Água pura, fruto agreste
Mas a tua vida não.

Aromas de urze e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.

Povo que lavas no rio
Que talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.

(Pedro Homem de Mello)

16 comentários:

  1. Desejo que os raios do seu sol sejam mais dourados, que todas as nuvens sejam branquinhas como o algodão. Que a luz dos sorrisos iluminem seus momentos. Que o seu coração mantenha sempre a porta aberta para receber tudo de bom que a vida lhe reserva... "A Felicidade"!

    Beijinhos.
    Fique bem. Fique com Deus.
    Anita (amor fraternal)

    P.S. Ah não sei se sabe o pastor Valdemar e a Mizé estão no Brasil. Chegaram 4ª. feira e estiveram até ontem na casa do pastor Joed. Está tudo bem com eles. Hoje irão para a missão de Bauru.

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  2. Obrigada pela visita e pelo abraço.

    Lindo poema,bela e justa homenagem.

    Otima semana pra vc.

    beijooo.

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  3. Que boa lembrança e que belo poema.
    Eu era bem pequnita e já ficava em frente ao ecrã da televisão a ouvir aquele voz forte a dizer poemas.
    Complementado pela nossa Mariza que canta divinalmente.
    Obrigada por nos irem lembrando destas coisas que nos maercaram há já uns bons anos atrás.
    Beijinhos
    ISABEL

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  4. Olá querida Anita,

    Obrigada, muito obrigada por desejar-me coisas tão lindas!

    Tambem desejo que a sua semana possa ser muito abençoada e alegre.

    Quanto ao Pastor Valdemar e á Mizé, eu já sabia que eles estavam no Brasil.

    Que bom terem estado em casa do Pastor Joed Venturini!

    O meu abraço,amiga

    viviana

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  5. Olá Aninha,

    Obrigada por a visita e pelas suas amáveis palavras.

    Sim, eu senti que ea justo falar assim desta forma deste português que amou nuito a sua pátria e a cantou duma forma tão linda.

    Um abraço e uma boa noite
    viviana

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  6. Olá Isabel,

    Aimda não tinha publicado aqui nada deste poeta português que fez tanto pela divulgação do folclore e da poesia portuguesa.

    Estava em falta.

    Tenha uma boa noite, amiga

    Um beijo

    Viviana

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  7. Olá Viviana.
    Fico feliz por publicar este poema dum conterrâneo nosso.
    Obrigada pela sensibilidade e gosto pela poesia.
    É uma das formas de irmos lembrando e reconhecendo homens com valor, quase deitados ao esquecimento.

    Viviana, boa noite

    Beijos
    R.I.

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  8. minha querida, eu ainda trago na lembrança uns programas de pedro homem de mello, há muitos anos..., uns quase 40!, na televisão, aquela voz inconfundível, e os poemas imortais que também ficarfam nas vozes de quem os soube dizer e, agora, de quem sabe!
    lindo este povo que lavas no rio...
    beijinhosssssssssss

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  9. Olá querida Rosa,

    Sempre admirei muito o poeta Pedro Homem de Mello.

    Lembro-me perfeitamente dos muitos programas que apresentou na R.T.P., quer sobre poesia quer sobre o Folclore Português.

    Não é justo o que lhe fizeram.
    Mas eu espero que ainda lhe seja feita justiça, mais cedo ou mais tarde.

    Tenha uma boa noite

    Um abraço
    Viviana

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  10. Olá linda Gaivota,

    È verdade!

    Lembro-me tão bem desses programas!

    O poeta tinha uma presença muito distinta.

    Vestia bem e recordo que trazia sempre no bolsinho do casaco um fino lenço de seda.

    Ele não pode continuar a ser ignorado desta forma pelos responsáveis portugueses.

    Tenho esperança que mauis cedo ou mais tarde se venha a fazer justiça.

    Fique bem, amiga linda

    Um abraço
    Viviana

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  11. Boa noite Vivianinha querida, Hoje tive um dia cheio...Vim como costumo, bem cedinho espreitar o teu post, e até fiquei arrepiada quando vi a fotografia de Pedro homem de Mello, que bom que te lembraste dele! E lhe fizeste esta homenagem...gostei verdadeiramente muito!!!...Confesso que também eu não pensava nele há muito; ele recitava muito bem, e tinha uma voz muito agradável, eu gostava muito de o ouvir; via sempre os programas dele na televisão.
    Tem, tenhamos todos uma repousante

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  12. Lindo poema!
    Tenha uma noite com as bênçãos de Deus.
    Beijinhos!

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  13. Alice linda,

    Basta eu chegar aqui e olhar a sua foto para eu sorrir.

    Obrigada

    Um beijo
    Viviana

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  14. Olá minha linda maninha Esperança,

    Então tambem gostáste do post sobre o poeta Pedro Homem de Mello!?

    Que lindos eram os programas dele na Televisão!

    Ele recitava tão bem os poemas!

    Era excepcional!

    Achei muito justo "trazê-lo aqui.

    Um beijo para ambos aí em casa
    Viviana

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  15. Olá Ana Maria linda,

    Que bom que gostou do poema!

    È muito conhecido dos portugueses e muito apreciado.

    Tenha um bom resto de dia

    Um beijo
    Viviana

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