terça-feira, 21 de julho de 2009

A magia do Vale Mourão - Montelavar - Sintra


Uma bela cascata no Rio Mourão

O Vale Mourão fica no Concelho de Sintra, pertence á Freguesia de Montelavar, e situa-se pertinho dos Anços e a quinze/vinte minutos a pé, da minha amada aldeia de Maceira.
È um lugar mágico, com uma beleza extraordinária, de um lado e do outro do belíssimo Rio Mourão.
Local de moínhos de vento e de Azenhas á beira do rio, onde se trabalhava noite e dia para moer os trigos e milhos de toda aquela zona envolvente.
Podemos dizer com uma imensa satisfação que é um lugar ainda intocado por o homem.
Está ao natural, com paisagens de encantar e tirar a respiração.
Conheço a zona há mais de cinquanta anos, quando ainda bem jovem costumava ir para lá passear.
È sempre muito agradável ir até lá com os netos e familiares, ou com amigos.

Este poema que a seguir vos apresento é da autoria de um poeta popular - o Pinga, que amava e respeitava aquele Vale de uma forma muito intensa.
Ouvi este poema ser declamado por o Júlio Mourão, que lá mora, e que é descendente de muitas e muitas gerações que habitara e aimaram aquele Vale.
Há lendas maravilhosas por ali.
Como a de uma grade de ouro que está no fundo de um lago , escondida lá pelos Mouros, e que nunca ninguem até hoje a conseguiu retirar da água.

Considero este poema, escrito por um filho da terra, uma preciosidade, e foi uma imensa alegria conhecê-lo e ter acesso a ele.
Aqui está, tenho muito gosto que o conheçam.

Poema do Vale Mourão

Eu quero aqui descrever
um poema a valer
desse Vale dos Mourões
Quero aqui contar a vida
que foi pelos séculos seguida
de diferentes gerações.

Lá no Vale dos Mourões
chamavam-se então Mouros
o povo que ali habitou
mas o nosso primeiro Rei
para alargar Portugal
dali os desalojou.

O Rei assim quis agir e
do Vale os fez partir
sem quaiquer contemplação
mas o vale ficou sempre
pela origem dessa gente
a chamar-se dos Mouróes.

Desde que a Mourama acabou
esse vale passou
desde então a ser cristão
mas o nome não mudou
e para sempre ficou
como relíquia e tradição.

Os séculos foram passando
lentamente se escoando
através da nossa história
e então muito mais tarde
um povo ali fez alarde
sua influência é notória.

Começou então nessa era
de mil oitocentos e tal
ali grandes construções
azenhas no fundo do Vale
caminhos que serpenteiam
em todas as direcções

Tudo foi começado
nesse tempo recuado
em que moagens não havia
para dar de comer ao p0vo
trabalhavam o inverno todo
as azenhas noite e dia.

Ainda lá está esculpida
numa pedra legível
a data da fundação
dessa azenha hoje em ruínas
mas que foi muito importante
nesses tempos de então

Mil oitocentos e quarenta e dois
é a data certa pois
que ela foi construída
e viu trabalhar então
ai muita geração
ao longo da sua vida

O Pego é ali ao pé
nele nada mudou
conserva as pedras agrestes
mantidas em equilíbrio
e as flores silvestres
desse tempo que passou.

O Pego é da minha aldeia
sua relíquia afinal
mas já é bom de prever
com o progresso a crescer
ainda virá a ser
monumento nacional

O progresso galopando
o mundo vai estragando
vai matando a natureza
mas nada ali tem mudado
o Vale tem conservado
ainda a sua beleza.

Agora para terminar
apenas uma coisa peço
nunca levem até aoVale
essa máquina infernal
que tem por nome progresso.

Escrito por Amilcar Pinga
poeta popular

(Falecido em 2002)

6 comentários:

  1. Olá querida Viviana, espero que esteja tudo bem! Agradeço os miminhos deixados no meu cantinho. Deixo-lhe a imagem das lindas mimosas em flor e um bjinho do país das nuvens de algodão doce.


    Lindissimo poema.
    Não há como a sabedoria popular.
    Fique bem. Fique com Deus.

    Anita (amor fraternal)

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  2. Olá amiga querida

    Que o seu dia seja fértil em alegrias e bençãos.

    Que o trabalho lhe renda... e se regozige com o que fez.

    Um beijo

    viviana

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  3. Olá Viviana
    Como vai, como vão?
    Belo sitio deve ser esse, e muito bem descrito por esse poeta popular.
    Deve ser fantástico passear por entre a verdura e o "cantar" das águas.
    Claro está, não com um dia como o de hoje, pelo menos por aqui, temos um dia invernoso.

    Viviana, tenha um bom resto de tarde.
    beijos

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  4. Olá, boa noite minha querida maninha.

    Hoje o teu poste foi sobre o Mourão e seu Rio, com o mesmo nome; gostei de recordar tudo isso e ver a foto do Rio que sempre ofereceu, e com abundância, água para o nosso pai regar a horta; além do Rio ainda por lá passava, e deve passar, uma vala grande.
    É como dizes, um lugar com uma beleza ainda natural. Eu só fui pelo Rio acima, contigo e com os nossos irmãos, algumas vezes, não muitas. Pelo Rio abaixo nunca fui, tenho medo das cobras. Tu foste um monte de vezes, e ainda continuas a ir com os teus netos.
    Maninha gostei da introdução que deste ao poema, deu para ficar a conhecer um pouco mais tudo aquilo; e que bem que o Sr. Pinga cantou aquelas belezas...
    Beijinhos.

    Esperança

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  5. Olá Rosa

    Estamos bem, graças a Deus.

    Estes últimos dias, rodeada de netos.

    Uma benção!

    Tenha uma boa noite de repouso

    um abraço

    viviana

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  6. Olá minha linda maninha Esperança

    È sem dúvida muito belo aquele lugar.

    E aquele rio diz-nos tanto!

    Quantas e tão boas recordações!

    Volta que não volta tenho que dar um saltinho até lá.

    Faz-me muito bem.

    Um beijo

    viviana

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