quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Sinais dos tempos


Imagem da net

Ontem, quando aguardava na fila a minha vez de ser atendida na Caixa Geral de Depósitos, assisti a uma cena que me marcou profundamente.
Com enorme espanto, apercebo-me da entrada de uma senhora, na casa dos sessenta anos, amparada por um jovem do lado direito, e por uma jovem do lado esquerdo, nos braços dos quais se apoiava, num estado de tamanha fragilidade e magreza que não se conseguia manter de pé sem apoio.
Reparei ainda na distenção abdominal, enorme, (ascite ou "barriga de água") que contrastava com a estreiteza dos ombros.
Os acompanhantes sentaram-na numa cadeira onde aguardou até ser atendida.
Quando a funcionária do Banco se dispôs a atendê-la, eu , como estava perto, sem querer, ouvi o diálogo entre as duas.
Funcionária: "Faça favor de dizer":
Senhora: " Olhe, eu estou muito doente e vou morrer, vinha cá saber o que é preciso fazer para depois de eu falecer o Estado não me vir cá tirar o dinheiro da minha conta."
Funcionária: "Quando a senhora falecer nós aqui não vamos comunicar a ninguém."
Senhora: "Mas há a possibilidade do Estado vir a saber que eu faleci"?
Funcionária. "Se por acaso houver um cruzamento de dados, de outras instituições com a Caixa... poderá vir a saber sim."
Senhora: "Então diga-me como é que eu tenho de fazer isto".
Funcionária: O que eu aconselho que a senhora faça é abrir uma nova conta juntamente com o seu filho. Assim, quando a senhora falecer ele poderá levantar o dinheiro ou movimentar a conta".
Senhora: "Então vamos abrir essa tal conta."
E virando-se para o jovem filho pediu-lhe o bilhete de identidade, e lá procederam a todos os requesitos da abertura da nova conta.
Quando terminaram, os jovens (nora e filho) ajudaram-na a levantar-se, e ela, apoiada nos braços deles, atravessou a sala, passou por o meio das pessoas e chegada á rua lá fora, meteram-na num carro e lá seguiram com ela, não sei se para uma cama de hospital, ou para a sua cama em casa.

Fiquei perturbada e a pensar:
Mas o que é isto?
Como é possível que as coisas estejam de tal forma mal organizadas na nossa sociedade, que para resolver um assunto relacionado com dinheiros, seja preciso, exigido, que uma mulher tão doente e em tão mau estado físico, tenha que levantar-se da cama e sem poder, vir ao Banco para que os seus interesses possam ser defendidos?'
Não seria suposto que em pleno século vinte e um, esta muilher em fase terminal de vida, fosse deixada em paz com a sua situação de doença, e as Instituições se preocupassem em pensar em como resolver esta problemática, sem ser desta forma?'
Afinal, qual é o sinal de progresso e modernidade das instituições, quando se trata de casos como estes, destas pessoas?

12 comentários:

  1. Muito triste o seu relato!!!

    As instituições matam os cidadãos em vida,não se importam mesmo com eles.

    Lamentável,mas esta é a verdade!!!

    Um beijo ,triste!!

    Sonia Regina.

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  2. Oi, Viviana!

    Em um mundo como o nosso, não dá para se esperar outra coisa.

    Principalmente em se tratando do Estado. O "interessante" é que o dinheiro fique com eles. O que dirá, de facilitarem a vida de pessoas como essa senhora.

    Não há interesse algum das instituições pelo ser humano.

    Infelizmente o progresso e a modernidade, são os responsáveis até pela destruição do Planeta!!

    Beijos

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  3. na c.g.d. as coisas são um bocado esquisitas... mas, quando há filhos, que são sempre os
    herdeiros, ninguém (nem o estado) pode mexer em nada, em nenhum bem, com ou sem testamento, possivelmente poderá haver qualquer outra "situação" que não foi revelada e a dita senhora querer defender ou previligiar esse filho...
    beijinhos

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  4. oi,Viviana..... vim, te oferecer o selo esse blog é um cantinho muito lindo.
    A alguns dias atras eu te ofereci o selo esse blog tem carinho e cafune e vi que vc nao pegou. então é só rolar o mouse esta na pagina anterior. E, ai o que voce me conta de novo, tudo bem com voce, familia e ministerio?
    bjus

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  5. Olá minha amiga Liliana,
    regressei do Alentejo mas ainda venho com muito sol, muita maresia, e vou regressando aos poucos, às escritas e aos amigos que estão sempre dentro de mim mesmo distante.
    Beijinhos
    Isabel

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  6. Olá, Viviana!

    Realmente é um drama ver uma cena igual a esta!

    Mas Isto passa-se em todas as Instituições Bancárias! Não é exclusivo da Caixa G.Depósitos!

    E é bem verdade que o Fisco vai buscar uma percentagem do dinheiro depositado em caso de morte do depositante!

    Por isso o ideal é ter uma conta conjunta, ou seja em nome de duas pessoas.

    Abraço,

    Renato

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  7. Querida Sónia

    Assim é, amiga.

    Um abraço
    viviana

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  8. Querida Jacyra

    È o mundo que temos!

    Que cada um de nós lute e faça a sua parte, para que as coisas deixem de ser assim.

    Um beijo
    viviana

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  9. Olá Gaivota linda

    Obrigada pela informação.

    È sempre bom saber...

    Um beijo

    viviana

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  10. Sandrinha querida

    Tenho andado preocupada, porquanto não consigo entrar no seu blogue, faz vários dias.

    Tento, tento, mas não tenho permissão...

    Por isso não tenho ido comentar nem buscar os selinhos.

    È só por isso.

    Um beijo

    viviana

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  11. Olá querida Isabel

    Que saudades!

    Volte, quando puder...

    mas volte.

    Um beijo

    viviana

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  12. Olá Renato, meu bom amigo

    Creio que devemos mesmo,
    ter a preocupação de "nos aviarmos em terra)

    Um abraço

    viviana

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