terça-feira, 6 de abril de 2010

TOCOU-ME...


Imagem da net.

Manhã de quinta-feira passada.
Como habitualmente acontece todas as semanas, a minha irmã Teresinha passou por minha casa para me apanhar, para juntas nos deslocarmos á nossa aldeia.
Era manhã cedo, pouco mais de nove horas.
Sentada ao lado dela no carro, conversávamos sobre as nossas vidas, duma forma alegre e bem disposta, calma e descontraídamente.
Fazemos sempre o mesmo percurso para lá e para cá. Passamos sempre em frente da Casa de Saúde do Telhal, que é uma Instituição centenária, da Ordem dos Irmãos Hospitaleiros de S. João de Deus.
Segundo sei, é do melhor que há em matéria de prestação de cuidados de saùde, aos doentes do foro psiquiátrico do sexo masculino.
De repente, quando nos aproximávamos do portão de entrada da Casa de Saúde, avistámos um homem que caminhava em sentido contrário ao nosso na berma direita da estrada.Avistámo-lo as duas ao mesmo tempo.
Ao olhá-lo, automáticamente parámos de conversar, e ficámos muito perturbadas!
Pelo aspecto do corpo, magro e franzino, pareceu-nos que se tratava de um homem ainda novo.
Era tão triste a sua postura!
A forma como caminhava era impressionante!
Os ombros descaídos, os braços pendentes, os passos inseguros...
O rosto escondido, digo bem...escondido!
Percebia-se que não queria que o olhassem, e tampouco queria olhar os outros!
Trazia a cabeça e o rosto tapados com o capuz de uma espécie de casaco.
Olhando-o, eu disse para a minha irmã:
Olha o retrato da trizteza mais profunda e da maior dôr e sofrimento!
Ela corroborou o meu sentimento.
Eu fechei os olhos por um momento e abanando a cabeça e em lágrimas, eu disse: Não pode, não pode ser! Oh! meu Deus que coisa mais triste!
É um ser humano, tal qual eu... criado á imagem e semelhança de Deus!
Senti uma imensa compaixão por ele!
Continuámos a viagem caladas. A nossa conversa mediante aquela cena deixou de ter importância.

8 comentários:

  1. Cara Amiga Viviana!

    Quando se nos depara algo deste "género", em que o coração parece fazer um clik e o pensamento se transforma em emotividade, dá-nos vontade de fazer muita coisa que não está "completamente" ao nosso alcance! Mas que a vontade de o fazer existe, é uma realidade!

    Não podemos, nem devemos esconder esta tristeza e esta "miséria" que, infelizmente, vai aumentando por este mundo fora!

    Um abraço e uma boa noite!

    Renato

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  2. acrescentar mais alguma coisa...
    fica a imagem!
    beijinhos

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  3. Vivi:

    Será que este homem não estava foragido da casa psiquiátrica???

    Meu irmão cansou de fugir, e nós de o procurarmos...

    A tristeza deles é muito compunjente!

    Quando vejo algo assim e está além das minhas possibilidades, oro pela pessoa... Deus, que é onipotente, pode mandar alguém com mais disponibilidade para ajuda-lo

    bjs

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  4. Olá, Ana linda

    É.

    Um beijo

    viviana

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  5. Olá Renato, meu querido amigo

    Assim é.

    Ainda bem que este homem tem um lugar de acolhimento onde, eu sei...que ele é tratado e cuidado com respeito e carinho.
    Tenho em alta consideração estes irmãos Hospitaleiros da Ordem de S. João de Deus.

    Um abraço

    viviana

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  6. Olá querida Gaivota

    A imagem que eu vi e guardei na minha memória...era muito mais triste do que esta.

    Um abraço, amiga

    viviana

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  7. Querida Carmen
    Não, ele não estava foragido.

    Os doentes ali saem e entram... na Instituição.

    Faz parte do tratamento o contacto deles com a sociedade.
    Há um homem que desde bem jovem, vem de lá para aqui,onde moro, há mais de trinta anos.

    É conhecido e estimado por toda a gente.
    Viaja no auto-carro gratuitamente.

    Um beijo, amiga

    Viviana

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