Ruy Barbosa
A poesia de Ruy Barbosa, transcrita a seguir, poderia ser escrita hoje, sem mudar uma palavra...
SINTO VERGONHA DE MIM
Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte deste povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-Mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o 'eu' feliz a qualquer custo,
buscando a tal 'felicidade'
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos 'floreios' para justificar
actos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre 'contestar',
voltar atrás
e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...
Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir o meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar o meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo deste mundo!
'De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto'.
Rui Barbosa
Rui Barbosa, advogado, jornalista, jurista, político, diplomata, ensaísta e orador, nasceu em Salvador, BA, em 5 de novembro de 1849, e faleceu em Petrópolis, RJ, em 1º de março de 1923.
Viviana querida,
ResponderEliminarAi, minha amiga...é bem verdade, não?
Tão antiga e tão atual!
Às vezes também sinto vergonha de mim...
Tenha uma semana feliz, amiga!
beijinho carinhoso,
Neli
Grande figura! E perfeito discernimento para enxergar o presente e o futuro. Quantas verdades!!!
ResponderEliminarAguardo a tua visita para comemorarmos!
Uma semana abencoada!
beijos
Querida amiga, por norma não leio poemas e muito menos os comento. Por isso, não sei explicar porque li o seu tópico até ao fim e muito menos porque comecei a lê-lo.
ResponderEliminarSó por ter vindo aqui lê-la e deparar-me com esta pérola, já deu para ganhar o dia que está a correr pessimamente, por sinal.
Beijo corisco
Querida Néli
ResponderEliminaramiguinha linda
É incrível como é actualíssimo!
O homem não muda nunca!
Dá que pensar...
Um beijo
viviana
Querida Marlene
ResponderEliminarMinha amada irmã em Cristo
Conheço pouco acerca deste grande homem.
Depois de ler algumas dos seus escritos fiquei com o desejo de conhecer melhor a sua obra.
Já fui ao seu cantinho!
Tudo tão lindinho por lá!
Que maravilha!
Como é linda a Roberta e como é tão igualzinha á Mamy!
Parabéns a ambas.
Um grande e carinhoso abraço
viviana
Olá Zé Luis
ResponderEliminarMeu estimado e querido amigo
Compreendo que habitualmente não leias poemas.
Quanto a este, publiquei-o pelo facto de, ao lê-lo, sentir que ele foi escrito para hoje...
Impressionante, não?
Fez-me pensar que o homem é sempre igual.
Passam-se séculos, miléniops, e ele não muda.
Daí a explicação para o nosso mundo estar como está.
Fiquei contente que o tenhas apreciado.
Lamento, muito, que o teu dia não estivesse na altura a correr bem..
Espero que agora, ao entardecer, tudo esteja melhor.
Estive ontem com a tua mãe. Estava lindinha e bem disposta como habitualmente.
Um gramde abraço, amigo
Cumprimentos do Jorge
Viviana
Assino embaixo!!!
ResponderEliminarTambém tenho vergonha... ainda!!!
bjs
Tão antigo e tão moderno...
ResponderEliminarDaí me pergunto será que o povo ,sempre,foi assim?
Um achado,Viviana!
Meu beijo carinhoso!
Sonia Regina.