terça-feira, 3 de agosto de 2010
O jornalista Mário Bettencourt Resendes, deixou-nos.
O jornalista Mário Brettencourt Resendes
O jornalista Mário Bettencourt Resendes morreu aos 58 anos vitima de cancro.
Era um homem bom, calmo, sereno apaziguador, e um profissional muitíssimo competente.
Eu gostava muito de o ouvir como comentador político na SIC.
Tocou-me, o facto de ele pedir que o seu caixão fossse coberto com a bandeira dos Açores, sua terra natal, com a bandeira do Diário de Notícias, do qual foi director e com a bandeira do Benfica.
Em sua homenagem, e como sinal do meu apreço e reconhecimento pelo seu valioso trabalho, decidi publicar aqui, hoje, o seu depoimento sobre o Benfica - inserido no livro "Ser Benfiquista", da autoria de Luís Miguel Pereira.
Quando ontem á noite em família comentávamos a sua partida, o meu Zé apareceu-me com o livro aberto na página noventa para que eu lesse o seu depoimento. Li, achei muito bonito e decidi publicá-lo.
É uma das cem figuras históricas que dão o seu contributo para este livro.
CEM ANOS SEM SOLIDÃO
«Na já longínqua década de oitenta, uma viagen profissional levou-me até á ilha de Maui, no arquipélago paradisíaco do Havai. Durante três dias tive oportunidade de conviver com os descendentes dos emigrantes portugueses que demandaram aquelas paragens há mais de um século.
O ponto alto da visita foi um jantar ao qual compareceram algumas dezenas de pessoas, todas em plena terceira idade.
Á hora da sobremesa, recebi um dos pedidos mais comoventes que ouvi em toda a minha vida. "Por favor, faça-nos um discurso em português, poucos minutos que sejam, nenhum de nós perceberá nada, mas é a língua dos nossos antepassados e queremos escutá-la...e já agora, se não se importar, diga também alguma coisa sobre...o Benfica."
Reprimi, com dificuldade, a emoção, e desempenhei a missão o melhor que pude. Quando acabei, com "Viva o Benfica, viva Portugal," tinha á volta olhos marejados de lágrimas.
Soube, depois, que havia quem não dispensasse os relatos de futebol dos fins de semana que chegavam ao Havai transmitidos por uma rádio local, através das ondas curtas da Rádiodifusão Portuguesa. Para muitos, era o único ponto de ligação a uma pátria distante, que povoava as memórias das histórias da infância.
Quem já teve a possibilidade de contactar as comunidades de origem portuguesa que se espalham um pouco pelos cinco continentes sabe bem o papel aglutinador e de ligação á terra de origem que o futebol desempenha. Nos últimos anos, com a expansão da R.T.P. Internacional, solidificaram-se esses laços e é agora possível transmitir com maior clareza ás novas gerações a magia do desporto - Rei e a importância singular que tem na sociedade portuguesa. E, gostem ou não os adeptos de outos clubes, é indiscutível que o Benfica é um caso á parte, mobiliza as emoções e as almas com uma dinâmica de contágio que não tem paralelo.
Eu próprio recordo, com imensa saudade, as vitórias europeias dos anos sessenta. Frequentava então o Liceu Antero de Quental, em Ponta Delgada, e levava para as aulas um pequeno rádio de pilhas que, quando os jogos aconteciam em tempo escolar, me trazia os golos de Eusèbio, Coluna, Simões, José Augusto, Torres e tantos outros. A televisão só chegaria aos Açores em 1975 e, por isso, o entusiasmo dos locutores da rádio, alimentava e construia imagens de jogadas fabulosas a que nunca havíamos assistido.
Foi também por isso que, em Maui, me senti tão próximo daquele grupo de descendentes de Portugueses que queriam ouvir pronunciar a palavra "Benfica.".»
Mário Bettencourt Resendes
Jornalista e Director Geral de Publicações do Grupo Luso-Média
Boa noite minha querida maninha. Que tudo vá bem por aí, por aqui e pela Madeira, tudo vai bem, graça a Deus.
ResponderEliminarGostei que tivesses escrito sobre bettencout Resendes. eu costumava ouvi- lo comentar na CIC. Algumas vezes teve a coragem de comentar de modo que me surpreendeu, e apreciei...Por exemplo: quando foi Demitido o Santana Lopes Cortou a direito. Eu achei corajoso e gostei...
Senti pesar por a sua prematura morte, foi surpresa, pois não sabia que estava doente. Quanto a crer,ele era assim, assim, mas quando soube que tinha só algumas horas de vida; pediu que lhe fosse dada a extrema unção, por um ex. colega de liceu, não sei se é Padre, se é Frei, e não é que como por milagre, acordou bem, e perguntou: eu ainda estou vivo? Está sim senhor; e ainda teve, mais um tempo de vida, para estar com a esposa e com os filhos. Dá que pensar.
Gostei muito de ler o belo e comovente texto, por ele escrito, que publicaste em sua homenagem.
Tem, tenhamos todos uma noite tranquila.