terça-feira, 9 de novembro de 2010

A uma Oliveira - Poema de António Cabral


Oliveira - Imagem da net.

A uma Oliveira

Velha oliveira, ó irmã do tempo e do silêncio,
algo de ti se me tornou hoje perceptível;
algo que eu não conhecia e me fez parar
na ténue sombra que teces no caminho;
algo que é uma doce corola de contacto.

Já os passos da luz se afastam na colina
e um rumor de pérolas quebradas
desce, lentamente desce por toda a serrania.
Já as aves tuas amigas procuram na folhagem
a doçura acumulada nos favos da noite.
E também já são horas
de nós os homens, nós os que passamos,
suspendermos as cítaras do pensamento.

Entretanto, ó canção do crepúsculo, velha oliveira,
eu paro sob os longos cílios da tua ramagem.
Paro e, ao sentir nas mãos o teu enrugado tronco,
e, nos olhos, a serenidade das tuas folhas,
começo a entender uma bela mensagem:
a paz, ah a paz!, a rosa da paz.

É como se uma gota de azeite descesse,
brandamente descesse pelas coisas.

António Cabral
Castedo do Douro, 30 de Abril de 1931 - Vila Real, 23 de Outubro de 2007

Nota: Encontrei este poema no blogue da minha amiga Fernanda: http://laosdepoesia.blogspot.com "Trouxe-o" para partilhar com os amigos, pois achei-o muito belo.

12 comentários:

  1. Bom dia Viviana. tambem gosto deste poema. eu entendo o seu amor pelas arvores. achei bonita a sua mensagem abaixo. Me atemoriza um pouco o poder de determinadas doencas, deixarem sem poder nenhum o ser humano, que vai perdendo as suas capacidades autonomas. lembrar aqui nos ajuda a nao esquecer o quanto ficam frageis essas pessoas e o carinho que devemos usar com elas.
    bonito Viviana!
    boa semana para si e todos os que ama
    fernanda

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  2. Vivi:

    lindo mesmo!!!
    Acho que à medida em que nos tornamos mais experientes, passamo a ver tudo de uma outra forma, nos encantamos com pequeninas coisas, que se tornam enormes e belas...

    bjs

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  3. Belíssimo,obrigada pela partilha.

    Beijo.

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  4. Olhe Viviana, hoje o Sr Luis Gaspar dos Estudios Raposa me enviou uma historia sobre Sintra. esta' em Viver e Sentir. E como sempre, eu me lembrei de si.

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  5. Viviana!

    Nada merece mais,entre as obras da criação,do que nossas irmãs árvores que se mantém impassíveis e só oferecem sombra ,galhos,frescor para os que necessitam...

    Belo poema!

    Um beijo e meu carinho!

    Sonia Regina.

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  6. Eu tenho um poema a uma alfarrobeira...

    É que há cá no sul...

    Um dia destes vai para o blog.


    Beijinhos

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  7. Olá Fernanda

    Que bom que entende o meu amor pelas árvores...

    Gosto muio dels, sim.

    Quanto ás ddoenças nos atingirem...é verdade que nenhum de nós está livre que lhe aconteça.

    Eu conto com o cuidado do meu Deus e Senhor e tenho a ideia que terei uma vida longa...assim como a minha mãe...91 anos.

    Um grande abraço

    viviana

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  8. Querida Carmen

    É isso, amiga.

    Amadurecemos e vemos o mundo á nossa volta de uma outra forma.

    Valorizamos as coisas simples da vida.

    Um abraço e uma boa noite
    Viviana

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  9. Olá Manuel

    Gostou do poema então?

    Acho-o tão belo!

    O autor devia ter um relacionamento muito especial com as oliveiras...

    Um beijo

    Uma boa noite

    viviana

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  10. Amiga Fernanda

    Obrigada pelo recadinho.

    Já fui ler e apreciei muio.

    Não conhecia.

    Irei publicá-la aqui um dia destes se Deus quiser.

    Um beijo

    viviana

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  11. Querida Sónia

    Tem razão, amiga.

    Como são belas e tão prestáveis as árvores!

    Tenho com elas um relacionamento muito especial.

    Obrigada por as suas sempre amáveis palavras e o seu carinho

    Uma boa noite

    uum beijo

    viviana

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  12. Olá poeta amigo

    Também acho muito bonitas as alfarrobeiras!

    E sabe que gosto de comer as alfarrobas?

    Quando vou ao Algarve os meus ohos sempre procuram as alfarrobeiras...

    Faça favor de a publicar no seu blogue para eu a ler...

    Um grande abraço

    viviana

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