Melro comum - Turdus Merula
Quando eu ouvi a noticia não queria acreditar, achei que não podia ser verdade, que se tratava de um qualquer engano; mas depressa concluí que era mesmo assim, a caça ao melro tinha sido permitida por lei.Se há ave que eu aprecie e estime, é o melro preto. É tão gracioso, tão bonito! Há já vários anos que desde Março até ao fim de Setembro, todos os dias, por volta das seis horas da manhã e ao entardecer, vem um melro pousar na chaminé do prédio que fica aqui bem em frente do meu e canta, canta e encanta.
Não sei o que é que passou pela cabeça do responsável pelo sector da caça em Potugal, para, assim, de um dia para outro, aprovarem uma lei tão cruel e tão barbara quanto esta.
Passo a transcrever um artigo publicado no Jornal "Sol" do dia 24 de Maio próximo passado:
"Os caçadores vão poder matar, por dia, 40 melros, aves emblemáticas e até agora protegidas por lei. A medida está a chocar as associações do sector, que garantem que tal não foi negociado na definição do calendário venatório para os próximos três anos.
«Abrir caça ao melro não faz sentido, nem do ponto de vista da caça, nem do ponto de vista gastronómico. Nenhum caçador se sentirá bem ao abater este ‘pássaro de jardim’», defende Helder Ramos, da Federação Portuguesa de Caçadores (APC), acusando a Autoridade Florestal Nacional (AFN), que elabora o calendário e define as espécies que podem ser abatidas, de ter agido à revelia das negociações com as associações: «Esta inclusão nunca foi colocada em cima da mesa».
Por outro lado, o dirigente avisa que está em causa uma caça perigosa, pois «o melro tem um voo baixo, ao nível do tórax do caçador, e costuma andar em zonas arborizadas, o que leva a um aumento de tiros com poucas condições de segurança».
Os ambientalistas, por seu lado, acreditam que a inclusão do melro como espécie cinegética (definida numa portaria publicada a 7 de Abril) só pode ser engano. «Não faz qualquer sentido, do ponto de vista técnico, considerar o melro uma espécie cinegética. Só admitimos que seja um erro, uma gralha», reage Samuel Infante, da Quercus, esperando que o assunto seja «rapidamente resolvido».
A opinião é partilhada por Carlos Cruz, da Liga de Protecção da Natureza, (LPN). «Só pode ser incompetência grave de alguém», considera o ornitólogo, e questiona: «Como é que alguém vai disparar contra um melro? A seguir serão os pardais?»
Mas, para Jacinto Amaro, presidente da Fencaça, há uma explicação: a tutela quer usar os caçadores para acabar com a praga de melros que existe no país desde 1986, e que, entre muitos outros problemas, destrói produções frutícolas: «Isto é a AFN a tentar livrar-se de um problema – o de ter de passar milhares de autorizações especiais aos agricultores para que possam espantar os melros das suas produções».
Esta ideia é, no entanto, liminarmente rejeitada pelos especialistas que lembram não existir dados conclusivos sobre a quantidades de melros em território nacional.
«Em primeiro lugar, não é aos caçadores que cabe o controlo sanitário; em segundo, os melros são uma espécie comum, sim, estão bem distribuídos por todo o território, mas nenhum dado científico aponta para o seu aumento ou diminuição», responde Helder Costa, autor do único estudo sobre este pássaro feito nos últimos anos em Portugal (publicado no Atlas das Aves, de 2008, pelo Instituto de Conservação da Natureza).O ornitólogo e antigo presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) sublinha que «apenas daqui a alguns anos serão conhecidos quais dados estatísticos relativos aos melros», uma vez que o comportamento destes pássaros está agora a ser estudado por aquela entidade. Por isso, também critica a inclusão do melro no calendário, considerando a decisão «estranhíssima». «Os fundamentos técnicos, a existir, estão no segredo dos deuses», conclui. A medida começa a ser aplicada já na próxima época de caça, no caso dos melros, de Novembro a Fevereiro.
Contactada pelo SOL, a AFN remeteu o assunto para a tutela, que não prestou esclarecimentos.
Entretanto, começou a circular na internet uma petiçãocontra a caça ao melro.
Vou já assinar a petição.
ResponderEliminarE fico desde já disponível para ir para a rua manifestar-me contra esta barbaridade.
Por mim acabava já com a caça, pura e simplesmente.
Quem quiser dar tiros que atire aos pratos e ao alvo.
Ponto final.
Atacar a Natureza é pôr em causa a génese do próprio Homem.
Bj
António
Ora muito bem, concordo com o que escreve o amigo as-nunes.
ResponderEliminarEntão eu que lhe dou de comer, ou melhor, eles vêm comer a comida dos gatos, isto para que não me comam na totalidade os meus morangos e as minhas ameixas :))
Eu que os vejo passearem e cantarem no meu quintal, não aceito esta noticia.
Mas com que (raio) de sentimentos estão a ser inundados os portugueses?
Viviana, beijos e uma tarde tranquila.
Viviana, estou feliz, consegui comentar yes :))
ResponderEliminarManinha, estou indignada, não da para entender! Mas o que é que estas pessoas têm na cabeça? Serradura? E o coração? Só pode ser de pedra, e muito feio!!! Sem uma pinga de sentimentos
ResponderEliminarRosa! Minha amiga, acho que neste triste assunto se aplica muito bem o que escreveu:
“Mas com que (raio) de sentimentos estão a ser inundados os portugueses?”
Noite tranquila
No meu quintal são protegidos, todos os anos por aqui nascem 4 ou 5, quando chega a altura de sairem do ninho ficamos alerta por causa da gataria...
ResponderEliminarBjs
Olá, amigo António
ResponderEliminarEu nunca participei de nehuma manifastação...mas por esta causa estou pronta!
Choca, não é?
A Rosa tem razão:
"Mas com que (raio) de sentimentos estão a ser inundados os portugueses?"
Eu digo:
Falta de valores.
Falta de referências.
Vale tudo.
Espero que alçguém do novo governo trave esta loucura.
Obrigada, amigo
Um abraço
Saúde por mim...a bela Leiria e o seu encantadr Castelo!
Viviana
Querida Rosa
ResponderEliminarQue bom! Já consegue comentar!
Sentia a falta, amiga.
Quanto aos melros, veja só a insensibilidade destes dirigentes nacionais!
Será que conhecem de perto os melros?
Creio que não, pois se assim fosse mudariam logo de ideia e atitude.
Vamos estar atentos á evoluçãodo assunto e agir em conformidade.
Um bom sábado. amiga
Beijos
viviana
Minha linda maninha Esperança
ResponderEliminarE tu, que ainda há dias me falavas desse melro que canta aí na árvore, diante da tua janela em plena praça Paiva Couceiro - em Lisboa!
Eu tenho fé que isto caia e fique por o caminho.
O povo que é sensível e conhecedor dos melros...não vai permitir que façam isto.
Um bom resto de sábado
beijinhos
viviana
Olá Lilá(s)
ResponderEliminarQue interessante procriarem no seu quintal!
Achei graça á sua expressão - "gataria" - pois eu também a uso em relacção aos gatos que aparecem junto da casa da aldeia.
Um abraço
viviana