quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Cabelos brancos


Fonte da imagem: http://rejane-enajer.blogspot.com/

Dedico este poema a uma jovem linda que no Domingo me disse ao ouvido:
"Descobri dois cabelos brancos"

Cabelos Brancos

Cabelos brancos, já?
É pois verdade que a velhice
Vem chegando?
Oh como a vida arde velozmente
Em fogo brando!
A mocidade passou
Sem que eu desse por ela;
Ouro deitado á rua
P'la janela...
Não! Não me acusa a consciência
De a juventude ter desbaratado
Porém, talvez pudesse tê-la
Melhor aproveitado!
Agora que estes dois cabelos brancos
Vieram de surpresa,
Vou conversar com eles
Com clareza...
Meus amigos: não vos esperava ainda
Mas, já que viestes, eu quero vos dizer
Que não me encontro triste:
A cor branca é tão linda!
A mais linda que existe!
Vós nascestes do suspiro profundo
Saído do meu peito,
Das lágrimas salgadas e ardentes,
Do eco do meu mundo
Num gargalhar desfeito...
Jamais esconderei a vossa cor
Na cor da conveniência,
Trouxestes-me a velhice,
Mas igualmente um pouco
De experiência...
Não vos odeio, falo-vos com meiguice:
Cabelos brancos, neve, claridade.
Deus vos dê, no limiar desta velhice,
Aquilo que não tive na mocidade!

(Graciete Pio - no livro - Perfume do Céu)

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