O advogado e poeta Rui Costa
O advogado e poeta Rui Costa foi encontado morto no Porto.
«O poeta e advogado Rui Costa, que estava desaparecido desde o princípio do mês, foi encontrado morto esta quinta-feira na foz do rio Douro, na Afurada, Vila Nova de Gaia, disseram à Lusa esta sexta-feira fontes policiais.
Fontes policiais assinalaram à agência Lusa que o corpo encontrado na Afurada é o de um homem que caiu ou se terá atirado da ponte da Arrábida no dia 4.
O jovem poeta venceu o prémio de poesia Daniel Faria, com o seu livro “A Nuvem Prateada das Pessoas Graves”, editado em 2005 pela Quasi Edições.
Numa entrevista publicada no site http://www.pnetliteratura.pt/, Rui Costa defendeu o poder de resistência do livro face ao crescente primado da tecnologia e da mensagem instantânea.
“O livro sólido, com peso de papel manchado de tinta, continuará a ter sentido enquanto usarmos as mãos que ainda temos”, declarou.
Ao seu interesse pela Literatura aliava o gosto pelo Direito, licenciando-se nesta área pela Universidade de Coimbra (1996) e exercendo advocacia durante seis anos, em Lisboa e em Londres.
Destacou-se igualmente na área da saúde, obtendo um mestrado em Saúde Pública pela Institute of Health Sciences and Public Health-University of Leeds (2004) e dando aulas na Escola Superior de Saúde do Vale do Ave.»
(http://www.publico.pt/Cultura/)
Quanto eu lamento e quanto me entristece a sua morte...
39 anos! Quase todos passados a estudar, a aprender, e a interiorizar conhecimento, que em princípio seria para "distribuir" e partilhar com os outros.
Tenho um filho da idade dele, que por sinal é escritor, e creio perceber o peso da dôr dos seus pais e da sua família. Para eles o meu abraço de encorajamento.
Li alguns dos seus poemas e neles creio ter conseguido aflorar um pouco da sua alma de jovem poeta.
Trata-se de poesia moderna, contemporânea, com um estilo e uma forma diferente da poesia que eu estou habituada a ler, mas confesso que me apaixonei por ela.
Creio que vou comprar o livro.
Aqui está um dos seus poemas:
A nuvem prateada das pessoas graves
Nem sempre se deve desconfiar das pessoas
graves, aquelas que caminham com o pescoço inclinado para baixo,
os olhos delas a tocar pela primeira vez o caminho que os pés confirmarão
depois.
Às vezes elas vêem o céu do outro lado do caminho que é o que lhes fica por baixo
dos pés e por isso do outro lado do mundo.
O outro lado do mundo das pessoas graves parece portanto um sítio longe dos pés
e mais longe ainda das mãos
que também caem nos dias em que o ar pode ser mais pesado e os ossos
se enchem de uma substância morna que não se sabe bem o que é.
Na gravidade dos pés e da cabeça, e também dos olhos, com que nos são alheias
quando as olhamos de frente rumo ao lado útil do caminho que escolhemos, essas
pessoas arrastam uma nuvem prateada que a cada passo larga uma imagem daquilo
que foram ou das pessoas que amaram.
Essas imagens podem desaparecer para sempre se forem pisadas quando caem nochão.
A gravidade dos pés e da cabeça, e também dos olhos, dessas
pessoas, é, por isso, uma subtil forma de cuidado.Rui Costa, in A Nuvem Prateada das Pessoas Graves (Edições Quasi)
Linda a sua homenagem.
ResponderEliminarBeijo e bom fim de semana.
Ola Viviana. Tambem sentirei muita pena se os livros que tantos nos dizem possam desaparecer. lamentar, sim estas situacoes onde pessoas desparecem deste modo.
ResponderEliminarbeijinhos Viviana, para si e sua familia
fernanda
Obrigada, Manuel.
ResponderEliminarÈ verdadeira e sentida.
Este caso perturbou-me dursante vários dias...
Um abraço
viviana
Olá Fernanda
ResponderEliminarEu sei, eu sei o quanto os livros representam para si...
Para mim também...
Um abraço
viviana