quarta-feira, 13 de junho de 2012

Papoilas - Grilos - Um poema de José Duro

                                  Papoilas junto á Ribeira das Jardas - Foto da Viviana

Papoilas em botão, prestes a abrir, vivazes
Papoilas escarlates, na corola, um frade...
Pois quem não ha de, ó Alegria, quem não ha de
Rir do que dizem, desfolhando-as os rapazes
Quando vagam, errantes, em busca de grillos
Campos em fora, almas alegres como trillos,
"Não faças bulha, ó Andorinha, ó Zé Talocas,
 Que nos podem ouvir, que nos ouvem mexer."
 E os grillos emudecem, transidos nas tocas
 Ou á sombra d'algum  malmequer, E é de ver
 Aquela guerra de traição, que raro falha
 Aos rapazes crueis, armados de uma palha,
 Que é para o mundo do grilledo concertante
 O mesmo que uma lança é para um elefante!


                               Grilo junto da sua "loca" -Fonte da Imagem: http://tudolevaapericia.blogspot.pt

   Notas do autor:

...ó andorinhas, ó Zé Talocas,

          Personagens bohémios dos idos tempos da minha infância.

...rapazes crueis, armados de uma palha,

           É introduzindo uma palha na toca do
           grillo que os rapazes obrigam o pobre
           do insecto a sair da sua morada
           apanhando-o em seguida.

   José Duro - no seu único livro - FLORES

  Nasceu em Portalegre em 22de Outubro de 1875
  Faleceu em Lisboa em 16 de Janeiro de 1899      
    

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