quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Um poema de Manuel António Pina

                                     O Jornalista e Escritor  - Manuel António Pina
                                     
 A Poesia Vai Acabar

A Poesia Vai Acabar A poesia vai acabar, os poetas
vão ser colocados em lugares mais úteis.
Por exemplo, observadores de pássaros
(enquanto os pássaros não
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao
entrar numa repartição pública.
Um senhor míope atendia devagar
ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum
poeta por este senhor?»    E a pergunta
afligiu-me tanto por dentro e por
fora da cabeça que tive que voltar a ler
toda a poesia desde o princípio do mundo.
Uma pergunta numa cabeça.
— Como uma coroa de espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer chegar?

  Manuel António Pina


Manuel António Pina (Sabugal, 18 de Novembro de 1943) é um jornalista e escritor português, galardoado em 2011 com o Prémio Camões.
O autor licenciou-se em Direito em Coimbra e foi jornalista do Jornal de Notícias durante três décadas. É actualmente cronista do Jornal de Notícias e da revista Notícias Magazine.
A sua obra é principalmente constituída por poesia e literatura infanto-juvenil. É ainda autor de peças de teatro e de obras de ficção e crónica. Algumas dessas obras foram adaptadas ao cinema e TV e editadas em disco.
A sua obra está traduzida em França (francês e corso), Estados Unidos, Espanha (espanhol, galego e catalão), Dinamarca, Alemanha, Países Baixos, Rússia, Croácia e Bulgária.

    (http://pt.wikipedia.org/)

3 comentários:

  1. Bom dia maninha querida e linda! Cá estamos com a graça do Senhor para viver mais este dia de vida e usufruir regalados da encantadora beleza mais este lindíssimo dia que o Criador nos proporciona. Oxalá todos tenhamos olhos de ver…Para enxergar tudo…Como o poeta sugere. Quem me dera ser poetiza! Ou, ao menos saber atirar cá para fora o que me vai na alma!!!...
    Tem, tenhamos todos, um excelente dia.

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  2. Nem de propósito, colei também um texto de Manuel António Pina hoje no meu blogue.
    :)

    Um abraço.

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  3. Desconhecia este autor.

    As perguntas afligem porque não temos capacidade de dar resposta.

    Acho que devemos a continuar a fazer poesia, mesmo que não rime ou não seja escrita.

    Beijos.

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