Primeiro, um poema seu:
AS VOZES
.
A infância vem
pé ante pé
sobe as escadas
e bate à porta
.
– Quem é?
– É a mãe morta
– São coisas passadas
– Não é ninguém
.
Tantas vozes fora de nós!
E se somos nós quem está lá fora
e bate à porta? E se nos fomos embora?
E se ficámos sós?
(manuel antónio pina)pé ante pé
sobe as escadas
e bate à porta
.
– Quem é?
– É a mãe morta
– São coisas passadas
– Não é ninguém
.
Tantas vozes fora de nós!
E se somos nós quem está lá fora
e bate à porta? E se nos fomos embora?
E se ficámos sós?
Agora, a triste notícia:
Morreu esta tarde no Porto, aos 68 anos, vitima de cancro, o Poeta, Jornalista e Escritor Manuel António Pina.
"O Porto assenta-me perfeitamente. Provavelmente é aqui
que vou morrer e hei de ficar a fazer parte da cidade fisicamente",
disse ao P24 Manuel António Pina, após ter vencido o Prémio Camões em
2011.
Aos 68 anos, após doença prolongada, o poeta e
jornalista faleceu naquela cidade, onde vivia desde os 17 anos de idade.
Apesar da sua paixão pelo Porto, o seu olhar perscrutador de jornalista
esteve sempre interessado pelo mundo e pelos homens.
Fez do jornalismo a sua profissão no Jornal de
Notícias, onde foi editor e onde mantinha a crónica "Por Outras
Palavras". Estendeu a sua actividade à rádio e à televisão. Mas Manuel
António Pina licenciara-se em Direito na Universidade de Coimbra e
exercia a advocacia regularmente e de forma gratuita, empenhando-se na
defesa de associações ligadas à Cultura.
Nascido no Sabugal, Beira Alta, em 1943, a sua
actividade literária tornou-o conhecido internacionalmente, em especial
como poeta, mas tendo uma vasta obra que abrange a novelística, a
dramaturgia e o ensaio. Entre os livros que publicou destacam-se "O
Caminho de Casa" (1988), "Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança" (1999),
"A Noite" (2001), "Como se desenha uma casa" (2011) e "Todas as
Palavras" (2012).
"Um Poeta maior, um dos poetas maiores da nossa língua"
Em nota enviada às redações, o secretário de Estado da
Cultura, Francisco José Viegas, considera que "Manuel António Pina não
era apenas o cronista maravilhoso, inteligente e atento". "Não foi só o
jornalista que acompanhou a nossa vida durante as últimas décadas",
acrescenta, "era um poeta maior, um dos maiores da nossa língua".
"Fico triste, muito triste, e muito só", lê-se ainda na
nota de pesar de Francisco José Viegas, que, depois de lembrar um dos
poemas de Manuel António Pina, termina dizendo: "Neste dia plantemos uma
árvore em seu nome. Uma árvore que transporte a sua poesia para dentro
dos nossos dias. Este é um dos dias mais tristes da minha vida. Nenhuma
lágrima conseguirá redimir essa tristeza, infelizmente".
(http://expresso.sapo.pt/morreu-manuel-antonio-pina=f761174)
(http://expresso.sapo.pt/morreu-manuel-antonio-pina=f761174)
Faço minhas as palavras do Secretário de Estado:
"Fico triste, muito triste, e muito só"...
...Neste dia plantemos uma
árvore em seu nome. Uma árvore que transporte a sua poesia para dentro
dos nossos dias. "
AMANHÃ VOU SEMEAR UMA ÁRVORE EM MEMÒRIA DO POETA
Já tenho a semente. Tenho muitas sementes...
Um dia escreverei aqui sobre elas e a sua história.
Já tenho a semente. Tenho muitas sementes...
Um dia escreverei aqui sobre elas e a sua história.
Linda homenagem,que fique em paz.
ResponderEliminarBeijo e bom fim de semana.
Amigo Manuel
ResponderEliminarFoi uma enorme perda.
O Jorge vai oferecer-me um livro de poemas.
Estou ansiosa por o ter e por o ler.
Um abraço, meu amigo
Viviana