sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Mais um dos meus poetas que partiu - Manuel António Pina

                                    O poeta com a sua velha máquina de escrever

Primeiro, um poema seu:

AS VOZES
.
A infância vem
pé ante pé
sobe as escadas
e bate à porta
.
– Quem é?
– É a mãe morta
– São coisas passadas
– Não é ninguém
.
Tantas vozes fora de nós!
E se somos nós quem está lá fora
e bate à porta? E se nos fomos embora?
E se ficámos sós?
(manuel antónio pina)

Agora, a triste notícia:

Morreu esta tarde no Porto, aos 68 anos, vitima de cancro, o Poeta, Jornalista e Escritor Manuel António Pina.

"O Porto assenta-me perfeitamente. Provavelmente é aqui que vou morrer e hei de ficar a fazer parte da cidade fisicamente", disse ao P24 Manuel António Pina, após ter vencido o Prémio Camões em 2011.
Aos 68 anos, após doença prolongada, o poeta e jornalista faleceu naquela cidade, onde vivia desde os 17 anos de idade. Apesar da sua paixão pelo Porto, o seu olhar perscrutador de jornalista esteve sempre interessado pelo mundo e pelos homens.
Fez do jornalismo a sua profissão no Jornal de Notícias, onde foi editor e onde mantinha a crónica "Por Outras Palavras". Estendeu a sua actividade à rádio e à televisão. Mas Manuel António Pina licenciara-se em Direito na Universidade de Coimbra e exercia a advocacia regularmente e de forma gratuita, empenhando-se na defesa de associações ligadas à Cultura.
Nascido no Sabugal, Beira Alta, em 1943, a sua actividade literária tornou-o conhecido internacionalmente, em especial como poeta, mas tendo uma vasta obra que abrange a novelística, a dramaturgia e o ensaio. Entre os livros que publicou destacam-se "O Caminho de Casa" (1988), "Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança" (1999), "A Noite" (2001), "Como se desenha uma casa" (2011) e "Todas as Palavras" (2012). 

 "Um Poeta maior, um dos poetas maiores da nossa língua"

Em nota enviada às redações, o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, considera que "Manuel António Pina não era apenas o cronista maravilhoso, inteligente e atento". "Não foi só o jornalista que acompanhou a nossa vida durante as últimas décadas", acrescenta, "era um poeta maior, um dos maiores da nossa língua".
"Fico triste, muito triste, e muito só", lê-se ainda na nota de pesar de Francisco José Viegas, que, depois de lembrar um dos poemas de Manuel António Pina, termina dizendo: "Neste dia plantemos uma árvore em seu nome. Uma árvore que transporte a sua poesia para dentro dos nossos dias. Este é um dos dias mais tristes da minha vida. Nenhuma lágrima conseguirá redimir essa tristeza, infelizmente".
(http://expresso.sapo.pt/morreu-manuel-antonio-pina=f761174)

Faço minhas as palavras do Secretário de Estado:

 "Fico triste, muito triste, e muito só"... 

 ...Neste dia plantemos uma árvore em seu nome. Uma árvore que transporte a sua poesia para dentro dos nossos dias. "

AMANHà VOU SEMEAR UMA ÁRVORE EM MEMÒRIA DO POETA

Já tenho a semente. Tenho muitas sementes...

Um dia escreverei aqui sobre elas e a sua história.

 

2 comentários:

  1. Linda homenagem,que fique em paz.

    Beijo e bom fim de semana.

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  2. Amigo Manuel

    Foi uma enorme perda.

    O Jorge vai oferecer-me um livro de poemas.

    Estou ansiosa por o ter e por o ler.

    Um abraço, meu amigo

    Viviana

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