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Ignoto Deo
D. D. D.
Creio em Ti, Deus; a fé viva
De minha alma a Ti se eleva.
És: - o que és não sei. Deriva
Meu ser do Teu: luz... e treva,
Em que - indistintas! - se envolve
Este espírito agitado,
De Ti vem, a Ti devolve.
O Nada, a que foi roubado
Pelo sopro criador Tudo o mais, o há-de tragar.
Só vive do eterno ardor
O que está sempre a aspirar
Ao infinito donde veio.
Beleza és Tu, luz és Tu,
Verdade és Tu só. Não creio
Senão em Ti; o olho nu
Do homem não vê na Terra
Mais que a dúvida, a incerteza,
A forma que engana e erra.
Essência! a real beleza,
O puro amor - o prazer
Que não fatiga e não gasta...
Só por Ti os pode ver
O que, inspirado, se afasta,
Ignoto Deo, das ronceiras,
Vulgares turbas: despidos
Das coisas vãs e grosseiras
Sua alma, razão, sentidos,
A Ti se dão, em Ti vida,
E por Ti vida têm. Eu, consagrado
A Teu altar, me prostro e a combatida
Existência aqui ponho, aqui votado
Fica este livro - confissão sincera
Da alma que a ti voou e em ti só spera.
Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'
Não conhecia este poema de Garret.
ResponderEliminarUm pouco difícil de decifrar, mas no entanto,de uma grande beleza.
Viviana, tenha um bom fim de tarde,melhor, um bom fim de semana.
Abraços.
Querida Rosa
ResponderEliminarSim, amiga, a linguagem não é facil!
Mas é muito profundo.
Gostei muito.
Um beijo
Viviana