O meu canário era muito parecido com este. |
Ontem, vivi um momento que feriu o
meu sensível coração e deixou lá uma marca indelével, creio que até ao
fim dos meus dias. Sózinha, em recolhimento e em lágrimas, abri uma
covinha debaixo da roseira vermelha, junto ao muro, no páteo atrás da
casa da aldeia, logo á saída da cozinha. Há ali um canteiro onde,
habitualmente, eu e a minha irmã Teresinha enterramos os nossos animais
de estimação.Lá está a gata "Fifi" e vários periquitos e canários. Uma
vez a covinha aberta, pequei no meu passarinho, um canário castanho e
amarelo que foi o último a nascer de uma ninhada de quatro que nasceram na
gaiola, aqui em casa, há três anos. Foi o tal sobre o qual já aqui
escrevi, que um dia fugiu da gaiola, andou mais de 24 horas com um bando
de pardais, e que consegui apanhar no passeio, porque reconheceu a minha voz,
voltando a estar connosco até agora.
Estes dias, estando a gaiola ao sol, como eles tanto gostam...veio uma ave de rapina e matou-o, com uma bicada que lhe abriu o peito de alto a baixo,deixando á vista o seu minúsculo coraçãozinho, pouco maior que um bago de arroz. A ave de rapina tentou tirá-lo da gaiola mas não conseguiu. Quando chegámos a casa, e o Jorge, responsável por o cuidado dos passarinhos, foi tirar a gaiola para dentro, viu o canário e logo me disse: "vais ter um grande desgosto".E tive.
Antes de o colocar na covinha que abri, peguei-o nas mãos e em lágrimas, elevei os olhos ao céu e agradeci ao Senhor por ele; por todas as vezes que ele me alegrou com o seu canto e com a sua presença. Pedi perdão, primeiro ao passarinho e depois ao Senhor, por não ter tomado conta dele como devia, sendo responsável por a sua morte. A seguir, com todo o carinho, coloquei-o na covinha e espalhei um pouco de terra por cima.
Depois, peguei no peixinho que morreu no aquário, sem sabermos porquê, e com ele nas mãos agradeci ao Senhor por o tempo que o tive, e agradeci também ao peixinho por todas as voltas que deu no aquário, por todas as vezes que parava, fixando-me, como que a inter-agir comigo. Este peixinho, foi apanhado lá aldeia, no Rio Mourão, bem pequenino, por a minha neta Beatriz há cerca de seis anos. Era tão pequenino! Agora estava bem grande!
Coloquei-o na covinha em cima do passarinho e cobri com terra. Coloquei uma pedra mármore sobre o local.
Ainda tenho outro peixinho, num outro aquário, também apanhado pela Beatriz, mas na Ribeira das Jardas aqui em Mira-Sintra. Ainda é pequeno, terá uns dois anos, talvez.
Tenho também mais dois canários, a mãe e o irmão do que enterrei.
O primeiro passarinho que tive, onde tudo começou, foi há 31 anos, quando uma senhora amiga ofereceu ao Zé, bébé, um pintassilgo verde, numa gaiola. Morreu de velho. Sentimos tanto a falta dele que decidimos comprar um casal de canários, que se foram reproduzindo todos estes anos, e por isso ainda termos estes dois. Ela tem andado a pôr ovos, mas eu não coloquei o ninho pois decidi não ter mais passarinhos nem peixinhos...quando estes morrerem, espero que de velhos.
Olho para trás, e concluo-o que o melhor mesmo é deixar os peixinhos no rio ou na ribeira, e não ser eu a contribuir para que haja passarinhos engaiolados, mas que possam todos viver livremente nos seus habitats naturais.
Desafio os meus amigos que passarem por aqui a reflectirem sobre isto.
Olá querida Viviana!
ResponderEliminarCuidou de doentes, e nunca perdeu o talento.
Os animais sentem como as pessoas, e nós ficamos tristes quando a vida deles acaba, e deixamos de os ver.
Sei muito bem como a Viviana se deve ter sentido. Agora vai ter de esperar, até que o seu coração se acalme e aceite o inevitável.
Um beijinho da Dília Maria.
Viviana...chorei pelo seu canarinho, sinto a tristeza do seu coração, amiga querida.
ResponderEliminarE vai passar...você vai acomodar a tristeza em um cantinho todo especial do seu coração. É assim.
Sabe...quando você disse que não terá mais peixinhos nem passarinhos presos...chorei mais ainda.
Agora sou eu que agradeço ao Criador pela sua evolução, pela decisão profundamente humana, em não cativar mais esses pequenos seres.
Á você, querida, minha admiração, meu respeito.
Tenha um ótimo final de semana,
beijinhos,
Lígia e =^^=
ღ╮♥⊰✿⊱♥╰ღ╮♥⊰✿⊱♥╭ღ╯
Olá Viviana.
ResponderEliminarComo a conheço bem, sei que está triste pelo desaparecimento dos seus animais.
Mas são como os humanos, de uma ou de outra forma vamos partindo e deixando saudades.
Estou de acordo consigo, os animais são para viverem livres,podendo nós os admirar na natureza, sua casa natural.
"A compaixão para com os animais é das mais nobres virtudes da natureza humana".
( Charles Darwin )
Viviana, abraços e um bom fim de semana.
Boa noite minha doce e querida maninha.
ResponderEliminarEntão levaste ontem o canário e o peixinho para enterrares na aldeia, sei que te custou muito, e que não vais esquecer nestes tempos mais próximos, pois sentes a falta dos trinados do teu canário, dizias-me que ele cantava muito bem!!!...E de noite, e de dia. O que tens não canta tão bem. Maninha muito especial, tu sabe melhor do que ninguém, que a vida é mesmo assim, tudo passa…E bem rápido. O peixinho, quanto a mim, morreu de velhinho, mas custa na mesma, porque a gente afeiçoa-se de tal maneira!!!...
Nesse dia telefonei-te, a tua voz estava triste, diferente, fiquei preocupada, e perguntei: Está tudo bem?!? Disseste que sem, eu disse: mas a tua voz está triste?! E tu contaste-me o que aconteceu ao passarinho, é a vida.
Tem, tenhamos todos, uma boa noite.
Querida Dilita
ResponderEliminarA amiga entende-me bem, não é?
Claro, a vida continua...
Um beijo e...obrigada pelo carinho e amizade
Viviana
Querida Lígia
ResponderEliminarA amiga que sabe tão bem o que é gostarmos e afeiçoarmo-nos aos nossos "bichinhos"!...
Sim, já estou a "acomodar".
Fiquei sensibilizada com a suas palavras e as suas lágrimas...
Um beijo
e, obrigada de coração
Viviana
Querida Rosa
ResponderEliminarGostei tanto do pensamento!
É bem verdade....
Como diria a Nena - minha querida mãe: "Tudo passa!
Tudo tem o seu tempo"!
Obrigada, minha boa amiga, por tudo...
Um bom e abençoado Dia do Senhor, amanhã
Um abraço
Viviana
Querida maninha Esperança
ResponderEliminarNa verdade, o que morreu cantava muito mais e muito melhor que o irmão que ficou.
Este é muito lindo!
A plumagem é de um verde e castanho dourado, muito bonito!
Tudo está bem... muito bem, mesmo.
Uma boa noite de repouso e um grande abraço
Viviana