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A enfermeira Nivalda Lemos morreu no local onde durante três dias lutou contra o fogo.
Funchal - Enfermeira-chefe do Hospital dos Marmeleiros morreu esmagada por carro do Exército que dava apoio aos bombeiros."Como é possível a Nivalda ter morrido?!" Esta é a frase dita e redita por vizinhos e amigos da enfermeira-chefe do Hospitsal dos Marmeleiros no Funchal - Madeira, que ontem morreu atropelada por um carro do Exército que dava apoio aos bombeiros na Barreira, freguesia de Santo António, Funchal. Nos últimos três dias ajudou a combater as chamas, ontem limpava o mato junto de uma das bermas da rua íngreme onde morava, quando a viatura disparou lá do alto.
Nivalda Lemos, 51 anos, Aldinha para os amigos, trabalhava no hospital que dias antes fora evacuado por causa dos fogos.
Conta quem viu que, "talvez por decisão do destino", a enfermeira escolheu o sitio errado para se refugiar do acidente eminente. Em poucos segundos tomou a decisão que lhe custou a vida. Não se consegue explicar. Talvêz ela penssasse que o carro vinha na sua direcção e passou para o outro lado da estrada quando, afinal, o carro foi embater precisamente no muro da casa para onde fugiu, diz incrédula a vizinha Goreti Baganho, 65 anos. Estamos de luto e a calmantes. Já gritei o que tinha a gritar. Perdi a minha confidente, a minha amiga.
Nivalda passara os últimos três dia a combater as chamas ao lado dos vizinhos e dos bombeiros. "Ajudava-nos a todos. Ainda ontem de manhã estivemos juntas com mangueiras a deitar água á volta das casas para travar o lume. Foram noites sem dormir", Diz-nos outra vizinha, Maria Pimenta, 50 anos. Maria Natividade, 70 anos, aproxima-se e as três fazem o retrato de nivalda. Morava sózinha, divorciada, sem filhos, vivia para os outros. "Excelente enfermeira", passava o dia a trabalhar, ora no hospital, ora em casa e no terreno em volta onde tinha dezenas de animais, cães e gatos abandonados, galinhas, patos, pombos. "Tudo o que lhe aparecia á porta ela recolhia". Tinha uma paixão pelos bichos e eu fui atrás dela. Também comecei a fazer o mesmo. Disse-me ainda há poucos dias, que um dia iria tirar o curso de veterinária", conta Goreti. "Era uma excelente profissional. Um dia contou-me que, em serviço, uma doente em fase terminal arrastou-se até até á porta do quarto e disse-lhe: "Senhora enfermeira, apetecia-me tanto fumar um cigarro". Nivalda ter-lhe-á dito: Tem os cigarros consigo? Então vá até á janela e fume". "sabia que a doente tinha os dias contados e não lhe recusou , talvez o último desejo", recorda Goreti.
Na página de Nivalda, do Facebook, as reacções de amigos e colegas foram quase imediatas. A notícia correu com um rastilho maior que o fogo. O incêndio que rondara o lugar de Barreira, a rua íngreme de Nivalda, desde a véspera mantinha-se activo. "Como é possível que a Nivalda tenha morrido?"
(Lilia Bernardes, Diário de Notícias de, 20/08/2013)
Nota pessoal:
Como mulher, como enfermeira, como amiga dos animais abandonados, como quem sente que a vida é Servir...os outros...quero aqui prestar a minha homenagem sentida, a minha admiração e a minha gratidão, á enfermeira Nivalda Lemos, por tudo o que fez e por tudo o que era. Decerto contribuiu bastante para deixar um pouco melhor o mundo que encontrou.
Muito e muito Obrigada, Nivalda!
Boa noite minha querida maninha, que estejas bem, assim como os teus.
ResponderEliminarTenho muita pena e lamento que a senhora enfermeira Nivalda, tenha perdido a vida ao escolher o sítio errado para se proteger. E de toda aquela gente…Que ficou sem as suas casas, sem as suas coisinhas…Sinto muito!!!… Por todos… Pois lá não é como cá, quando há uma desgraça toda a gente ajuda, trabalham no duro, de noite e de dia, quase até á exaustão. Tenho pena dos outros feridos, e do militar que vinha a conduzir, certamente super cansado, por aquela rua abaixo tão íngreme!!! Que mete medo ao susto. Eu passei lá muito medinho!!!...Poço até dizer com verdade: muito pavor… Especialmente ao princípio, depois fui-me habituando.
Toda aquela beleza a arder, nunca mais vai ser o que era. Não dá para entender tantos incêndios… Lá como cá, só pode ser mão criminosa, que as Autoridades não descansem enquanto não apanharem esses energúmenos, e os façam pagar com língua de palmo e meio limpando as matas durante muitos anos.
Beijinhos para ti e para todos
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ResponderEliminarQuerida colega e amiga foi um choque enorme saber do teu falecimento e ainda hoje penso que é apenas um pesadelo
ResponderEliminarLembro-me com saudade dos anos que trabalhamos juntas, parece que foi ontem...Jamais vou esquecer a pessoa maravilhosa que foste e a excelente enfermeira sempre pronta a ajudar, carinhosa com os utentes, responsável e cumpridora da responsabilidades atribuídas, mostrando um sorriso mesmo quando o teu coração estava triste por motivos pessoais
Obrigada por me teres dado o teu ombro quando eu precisei que me ouvisses, quando eu precisava desabafar. A verdade é que sempre fomos boas confidentes
Foste um exemplo na nossa profissão, exemplo que devia ser seguido por alguns dos nossos colegas, porque ser enfermeiro è mais do que usar farda branca e ter um cartão de identificação ao peito
Foi um privilégio ter te conhecido e sempre vou lembrar só os momentos de alegria e gargalhada que tivemos .As tristezas vão com o teu sem vida e certamente o teu espírito esta junto a Deus
Até sempre
Ana França
Olá, enfermeira Ana França!
ResponderEliminarCreio que não nos conhecemos. De início, ao começar a ler o seu comentário, ainda pensei que a Ana pudesse ser uma das muitas enfermeiras da Madeira/Açores - com quem trabalhei a partir de 1965, nos Dispensários Materno-Infantís do Instituto Maternal. Lembro-me de uma enfermeira de apelido França...
As palavras tão belas e tão cheias de significado, que aqui dirigiu á nossa colega Nivalda, tocaram-me profundamente. Fizeram-me regressar muitos anos atrás...e reviver uma vida profissional tão cheia, tão completa, que me deu tanta alegria e tanta realização profissional e como pessoa! Na verdade, a Ana diz muito bem: "porque ser enfermeiro é mais do que usar farda branca e ter um cartão de identificação ao peito."
Obrigada, Ana, ainda bem que deixou aqui este comentário.
Um grande abraço
Seja muito, muito feliz!