quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Quanto a planta lutou, para sobreviver!

Quando casei, há quarente e sete anos, trouxe comigo, herdado da minha mãe,   o hábito de ter plantas de interior, em casa. Sempre as tive, até hoje. Acho que alegram muito a casa e dão um certo frescor.
Pois bem, entre as muitas que já tive, está esta:

          
Tronco do Brasil. Fonte da imagem:www.elpodador.com   
Durante anos e anos, num lugar com bastante luz, cresceu, cresceu, desenvolveu-se tanto que já quase tocava no tecto da sala. Reparei que como tinha um tronco tão alto, começou a ficar um pouco sem côr e "meia triste" Concluí que ja era difícil fazer chegar a seiva até lá ao alto e, tal como vi outras pessoas fazer, para a salvar, decidi cortar "o Tronco do Brasil" em vários pedaços e colocá-los dentro  de um jarro com água, a fim de "ganhar raízes", para as voltar a plantar depois. Quando as cortei pedi desculpa á planta, e agradeci-lhe todos os anos de alegria e prazer que me proporcionou. Quando apanho uma flor, seja do jardim ou do campo, peço sempre desculpa e explico-lhe que a vou levar para minha casa para estar ao pé de mim.

Fui mudando a água e ás tantas reparei que já tinha raízes em abundancia, o que significava que estavam em acção de plantar.
Distribuí-as por três vasos, cada tronquinho no seu vaso. Aconchegei a terra, reguei, e fui cuidando com muito carinho. Duas delas, as mais fortes, pegaram muito bem e desenvolveram nova folhagem;  a outra, porém, era mais fraquinha, e estava com um ar tristinho. Tinha-a colocado num vaso grande, com terra muito boa, pensando que tal com "a mãe" iria ficar naquele vaso muito tempo, até chegar ao tecto. Coloquei-a junto de uma janela, por trás do vidro, junto á secretária do Jorge, na biblioteca.
Um dia destes, olhei com mais atenção e verifiquei que o tronco estava seco e oco, o que impedia de fazer chegar o sustento da terra, ás folhas. Um dia demanhã, encontrei-a com a cabecinha caída, já não tendo força para a manter levantada. Procurei um fio macio e uma caninha e atei  a plantinha a essa cana. Pareceu melhorar um pouco, mas  foi apenas ilusão, apenas desenvolveu três pequeninas folhas novas. Aconteceu entretanto uma coisa que me impressionou muito: Mesmo sem sustento, sem squer a água  a refrescar, a plantinha lutou, lutou, com a  morte, numa esforço enorme para sobreviver. Parecia que sorria.
Hoje de manhã, visitei-a. Sabia que a teria de arrancar, pois não tinha hipótese de sobreviver. Mas quando estendi a mão para a arrancar, senti as lágrimas rolarem-me pelo rosto, porque afinal, ali á minha frente estava uma simples planta que fez tudo, mas tudo, para sobreviver, mesmo não sendo possível.
Demorei um pouco  até conseguir  arrancá-la, e verifiquei quando a tinha na mão, que tinha uma raíz funda e bem agarrada á terra.
 Para a manter comigo, guardei as três folhinhas mais novas dentro de um livro, onde irão secar.

Esta plantinha, fez-me lembrar certas pessoas, que tal como ela, aparentemente não têm condições para continuar a viver; tal como a planta o seu tronco está "seco e oco",  mas elas continuam a tentar, a tentar, muitas vezes  conseguindo sorrir e encorajar os outros.

 No vaso grande, com terra boa, plantei  uma planta igual - tronco do Brasil - que tinha entretanto colocado na água a ganhar raíz. Remexi a terra bem fundo, plantei com muito carinho, reguei, e coloquei no lugar da outra que não conseguiu sobreviver. Está lá, verdinha e amarela, bonita e alegrezinha. Vamos ver se esta vai conseguir viver muitos,  muitos anos, e chegar  ao tecto da sala.
Vou fazer tudo para que consiga.

8 comentários:

  1. Gostei desta história linda e comovente. Nas suas mãos tudo ganha vida, pois elas são abençoadas por Deus. Um abraço.
    Manuela

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  2. Querida Viviana, isso acontece. É como com as pessoas, devemos fazer tudo o que é possível e sabemos, mas quando chega a hora...

    Porém, deixe-me dizer-lhe que, dos meus fracos conhecimentos, acho que não se devem colocar plantas novas e pequenas em vasos grandes porque lhes causa desconforto e precisam de ser mudadas conforme crescem, até adultas.
    É como nós, começamos pelo berço, cama de grades, cama maior.

    Beijos e espero que tudo corra bem com as novas plantas.

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  3. Querida Manuela

    Olá!, amiga

    Obrigada por as suas palavras tão amáveis e carinhosas.

    Emocionei-me...

    e fiquei com um nó na garganta.

    É assim o meu sentir. É assim o meu "vêr".

    Quando me emociono falando com o Senhor...eu digo-lhe: !Paizinho, sabes como me fizeste, sabes como trabalháste e continuas a trabalhar o meu espírito.

    Um grande abraço, amiga

    Desejo-lhe um lindo dia
    Viviana

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  4. Querida Mimi

    Minha amiga de tantos anos!

    Obrigada por "me acompanhar" aqui.
    Por a sua presença constante.

    Agradeço "a dica" sobre o tamanho dos vasos.
    Tem toda a lógica... vejo que entende do assunto.

    desejo-lhe um lindo e abençoado dia

    Um grande abraço

    Viviana

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  5. Ah, Viviana, até chorei...tadinha!!

    Eu sou assim também, me apego a plantas e animais e se não vingam como o esperado, meu coração se parte.

    Mas, outras mudas ficarão lindas, com certeza, terão seus cuidados.

    Tenha um ótimo final de semana.

    beijinhos,

    Lígia e =ˆˆ=

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  6. Olá amiguinha Viviana.

    Fiquei enternecida com a sua atitude, o seu sentir para com a planta.E lembrei-me das árvores que são cortadas sem dó nem piedade... Aqui têm-se feito autênticos atentados com árvores seculares.Devia haver punição para quem tal ordena.

    Ainda acerca das plantas. Disse-me uma senhora amiga, visinha,também ela amiga das plantas, que nunca devemos deixar que uma planta cresça até tocar no teto da casa. Devemos cortar um bocadinho para impedir que atinja o teto. Disse-me o porquê desta afirmação. (ou superstição digo eu.)
    Beijinho.
    Dilita.

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  7. Querida Lígia

    Obrigada, amiga. pela "sintonia" com o meu sentir...

    Então. somos parecidas.

    Eu já tinha percebido isso...

    Um grande abraço
    Viviana

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  8. Querida Dilita

    Ah! quanto eu gosto das árvores!

    Paro...muitas vezes...para as olhar.

    E quando as cortam...ou morrem com tempestades...fico muito, muito triste.

    Há pouco tempo cortaram aqui, na minha rua, uma Nogueira, já grande, que já deu nozes...tenho-ali algumas que um vizinho apanhou o ano passado e sabendo da minha tristeza...deu-mas para eu plantar.
    Fiz uma exposição ao Presidente da Junta e mandei-lhe as tristes fotos. Com um pequeno poema que escrevi e dediquei á Nogueira.

    Um abraço
    Viviana

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