sábado, 8 de fevereiro de 2014

Um ninho, que tem lá dentro um passarinho!

Um ninho do rouxinol dos caniços Fonte da imagem:  http://rendadebirras.blogspot.pt/
Um ninho

Sabeis o que é um ninho, esse pequeno lar, 

Onde a ventura mora em noites de luar,
Onde a brisa suspira e canta a cotovia,
Desde o romper da aurora ao declinar do dia?


Sabeis o que é um ninho em dias estivais,

Perdido no rumor dos bastos salgueirais
À borda dum riacho alegre, saltitante,
Que vai, de pedra em pedra, até morrer distante?


Sabeis o que é um ninho inundado de sol

Onde desperta o melro e dorme o rouxinol?

Nâo, nâo sabeis? pois bem: juntai toda a ventura

Do vosso lar ditoso - os beijos a ternura
De uma extremosa mâe, os cuidados de um pai,
Os risos de uma irmâ, que tanto nos distrai,
O doce olhar de avò, vaidosa no carinho, 
E ficareis sabendo o que se chama um ninho.

Afonso Simões.


Nota: 

Fui surpreendida, e "encantada", por esta tão bela imagem,  de um rouxinol dos caniços, no seu ninho, no blogue da minha amiga Dilita - http://rendadebirras.blogspot.pt/.

Imediatamente regressei á minha infância, nos arredores de Leiria, mais propriamente, Leiria-Gare,
onde eu ,e o meu maninho Serafim, palmilhávamos todos os campos á volta, á procura de ninhos.
Havia tantos! Nos olivais, nos pomares, nos canaviais, junto das  "valas", nos salgueirais  nas margens do Lis ...Até num alto pinheiro bravo que ficava numa barreira de "saibro", perto da nossa casa.

Nunca  tocámos num ninho.
Só ía-mos espreitar o que tinha lá dentro quando sabíamos que os pais não estavam por perto, para eles "não engeitarem", como dízíamos.
Nunca tirámos um ninho, nem um passarinho, mesmo depois da criação feita e o ninho ficar abandonado.
O que contava era o número de ninhos que "sabíamos" e os vários passarinhos a quem pertenciam, pois havia uma forte concorrência  entre "os miúdos".

Ainda hoje, encantam-me e fascinam-me os ninhos. Creio manter o mesmo sentimento por eles, dos meus tempos infantis. Creio que assim será por toda a vida.Aos setenta e três anos, ainda ando de "cabeça no ar", olhando as árvores, sobretudo no inverno, quando estão despidas de folhas, na esperança de vislumbrar um ninho,  às vezes até "me doi o pescoço"...e por vezes já tenho esbarrado contra obstáculos por ser tal a minha distracção .

O poema acima publicado, constava do meu livro de leitura  da quarta classe.
Praticamente, por tanto o ler, ainda, passados todos estes anos,  o sei de memória.

Agora, recebo ninhos pelo correio! Ainda no meu último aniversário, há dois meses, assim aconteceu. A minha querida amiga Margarida Barros,  enviou -me um  juntamente com uma carta lindíssima. Um ninho de carriça, que encontrou num arbusto. 
Como sabem, os passarinhos só utilizam o ninho uma vez. Depois dos filhotes levantarem vôo eles abandonam os ninhos. Já cumpriram a sua função. Todas as primaveras constroem um novo ninho.


Quero agradecer aqui, á minha amiga Dilita, a possibilidade de trazer o ninho, para o partilhar aqui com os amigos. 
Também agradeço a publicação do célebre poema do meu poeta preferido - Miguel torga - Eu sei de um ninho".  que serviu de inspiração para "ir buscar" o poema acima . "Sabeis o que é um ninho"

Obrigada Dilita! Continue a publicar coisas bonitas e interessantes.



6 comentários:

  1. Querida Viviana

    Muito obrigada por ter trazido do meu blog o ninho com o passarinho. Todos, ou todas nós, que admiramos estas avezinhas ficámos a ganhar com o seu post. Que delicia ler o que escreveu, e recordar a poesia que eu também estudei na primária,tres anos antes da Viviana.(cheguei lá primeiro...)
    Mas já não a sei toda de cór. Só alguns versos, como aqueles da "nossa Sra. disse, disse,disse,... também referentes ao rouxinol, e igualmente estudada na escola.

    A simplicidade desta poesia do "nosso" Miguel Torga tem tanta grandiosidade que não encontrei palavras para escrever.

    Por tudo isto estou grata à Viviana porque escreveu.
    E de forma tão graciosa recordou factos passados em criança, reveladores da boa formação moral com que cresceu.

    Abraço amigo,da,
    Dilita

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  2. Michele!

    Que surpresa boa, amiga!

    Desejo que tudo esteja bem consigo.
    Sempre que me lembro de si...sorrio.

    É uma pessoa muito linda.

    Um grande e carinhoso abraço
    Viviana

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  3. Querida Dilita

    Foi muito bom reviver a infância, através "do seu ninho".

    Também fez parte de um e-mail que enviei logo de manhã, a um grupo de amigos muito especiais.

    Fico contente por a Dilita ter apreciado o que escrevi.
    Obrigada por as suas amáveis e gentis palavras.

    Um grande obrigada
    Um grande abraço
    Um bom domingo
    Viviana
    Viviana




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  4. Boa noite maninha querida.

    Lindo!!!... Cheio de ternura, o ninho com o passarinho, também eu fiquei encantada…E como disseste no teu, “Um olá desde Mira-Sintra” : Notem a respiração da avezinha! Eu reparei e ainda mais me encantei…Também a poesia é linda!!!...Só de um terno e bom coração podiam nascer palavras tão belas!!!...Gostei muito de tudo, mas muito mesmo.

    Aqui deixo um bem-haja á tua amiga Dilita, por proporcionar aos nossos olhos verem o seu belo ninho. Já agora gostava que a Dilita soubesse que gosto sempre muito…Do que escreve nos comentários que te deixa.

    Também me regalei a ler a tua Nota, nela recordando com muita saudade!!!...Desses maravilhosos e tão querido!!!...Tempo, em que fomos crianças. Foi bom recordar, e reverte mais ao nosso querido irmão, aos ninhos, e não só………

    Tem, tenhamos todos, uma noite tranquila.

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  5. Querida maninha Esperança

    Dizes bem... "recordando com muita saudade!!!...Desses maravilhosos e tão querido!!!...Tempo, em que fomos crianças".

    Tempos que nos moldaram para toda a vida!

    Ainda bem que gostaste do Passarinho. É mesmo uma ternura.

    Um beijinho e um bom dia do Senhor
    Viviana

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