terça-feira, 18 de março de 2014

Mulher Mãe - Hilga K. Knorr

A minha querida e saudosa amiga Madalena Machado que nunca tendo casado, deu  a sua vida inteira  ás crianças do Lar Evangélico Português - no Porto.
Mulher Mãe

O problema solidão  não se restringe apenas a pessoas idosas. Muito mais, porém, as mulheres se sentem envolvidas com o estar só, quando, chegadas  a certa idade, fisicamente já menos atraentes, não tendo casado, vêem-se de repente de um outro ângulo.Não havendo ninguém da família que necessite do seu apoio, estão frustradas. Quanta mulher, movida pelas circunstâncias, não se casou, portanto sem filhos, não é apenas uma mulher frustrada, mas uma mulher-mãe frustrada. É obrigada a reprimir todo o seu potencial dom de maternidade, reprimir  seu imenso carinho latente, por não ter encontrado o companheiro ideal. Li, há algum tempo a afirmação de que a mulher que não foi mãe nunca experimentou a verdadeira felicidade. Será que dar á luz é a plena e única realização? Naquele instante, não pude evitar de me lembrar dos milhares de mulheres, entre elas as religiosas, que nunca tiveram a felicidade de ser mãe e, no entanto, conseguiram dar tanto á humanidade! Talvez até mais que aquela que se dedica unicamente ao seu lar, à sua prole. Lembrei-me das inúmeras creches, dos orfanatos repletos de crianças abandonadas, filhos gerados por mulheres que deles se separaram pelas circunstâncias ou por mero desleixo.Cheguei á conclusão de que,  se entre nós existem criaturas que nunca foram mães e se sentem frustradas por isso, talvez nunca se deram conta  de que teriam, neste vasto mundo de Deus, possibilidades mil para realizar os seus anseios, pois não é apenas o parto que traduz a felicidade de ser mãe, é todo o carinho, o desvelo que se segue àquele, é a educação, é o dia-a-dia, a protecção total que uma criança necessita!
A ausência de carinho das crianças cujas mães não tiveram a felicidade de permanecer vivas ou que não sentiram aquela realização de mãe, pode ser preenchida por outra mulher, talvez com mais intensidade do que a legítima teria  capacidade de  oferecer a seu filho. Tenho certeza de que menos solidão haveria  se as mulheres frustradas chamassem   a si a tarefa de amar e educar os filhos  daquelas que não o puderam fazer!

(Ilga K. Knorr - no livro -A ESCALADA DA VIDA

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