quarta-feira, 26 de março de 2014

"Três filhas" de um Carvalho de Auchswitz recebem quem entra na Universidade de Tás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)



Em 2006, Ismael Silva, descendente de Judeus, e ex-estudante da Universidade de Trás-os -Montes e alto Douro,  viajando com o seu filho de 16 anos pela Europa, visitaram o campo de extermínio de Auchswitz na Polónia.
Diz-nos Ismael Silva o seguinte:
"Absorto nos pensamentos, sentei-me num muro junto á entrada observando várias crianças originárias de vários pontos da Polónia que  iam visitar o campo em visita de estudo. O silêncio imperava e de quando em vez ouvia um tic, tic, tac,, fiquei atento e reparei  que eram bolotas que caíam do carvalho a cuja sombra me abrigara, pois estava calor. Então deixei que mais algumas caíssem e apanhei umas vinte , que meti no bolso. Trouxe-as comigo   e, depois,  perguntei a um amigo de Chaves o que lhes havia de fazer e ele deu-me indicações para as plantar em pequenos vasos. Germinaram quase todas mas, com o correr do tempo e porque as não tratava devidamente,  algumas morreram. Sobraram umas cinco, ofereci duas  ao meu amigo de Chaves e as outras três perguntei ao biólogo da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Carlos Crespi se as queria. Este, entusiasmado, aceitou de imediato, e ficou imensamente  satisfeito por isso, pois foi a forma  de preservar a minha visita a Auchswitz e enriquecer  o património botânico desta instituição onde estudei.
Chorei, quando vi a jovem Luisa, com paralisia cerebral,  plantar o carvalho  cuja semente  colhi no campo de extermínio de Auchswitz, na Polónia. Um dos descendentes do carvalho daquele campo de extermínio, recebe agora todos quantos frequentam  a Universidade de Trás-os Montes e alto Douro., logo na entrada principal do campus, para onde foi transplantado. ontem.
"Emocionei-me porque me lembrei de que apesar de deficiente, a jovem Luisa (da Associação Portuguesa de Paralisía Cerebral de Vila Real, que apadrinhou  a iniciativa) vive livremente, ao contrário dos deficientes judeus  que foram os primeiros  a ser exterminados".
Outro  dos  descendentes do carvalho de Auchswitz, que  António Crespi plantou numa mata  junto de outros carvalhos,  foi mutilado.Um burro que puzeram a pastar junto dele, comeu-lhe a folhagem e, não bastando isso, foi cortado por uma roçadora  mecânica operada por um  funcionário inexperiente. Está a rebentar de novo. "Assim se prova  a resistência do descendente do carvalho de Auchswitz, que após todas estas mutilações resistiu  e está pujante a renascer, tal como o povo judeu".
exemplifica António Crespi.

Nota:

Apreciei muito a atitude bela e tocante do Ismael Silva.
Gosto muito, muito, das árvores...
Já semeei bolotas em vasos e plantei  "por aí", juntamente com os netos e filhos, pelo menos seis carvalhos.


4 comentários:

  1. Fantástico!
    Desconhecia esta história que achei maravilhosa. Assim se confirma que a história se transmite e não acaba. Será por isso que as árvores morrem de pé?

    Beijos.

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  2. Lindo post.
    Quem se lembraria de ter uma atitude destas!




    Viviana, que tenha uma bela tarde, hoje com sol envergonhado.
    Abraços.

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  3. Querida Mimi

    Está história comoveu-me.
    Tal como eu...o Ismael ama as árvores.

    Ah! quanto eu prezo a História!
    Não consigo compreender como tantas vezes...factos e acontecimentos tão relevantes...se deixem cair na poeira dos tempos.

    Um grande abraço
    Viviana

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  4. Querida Rosa

    A minha amiga que vive lado a lado com as árvores...incluindo a nogueira, que assoma ao terraço...
    compreende e sente a atitude destes homens...

    Um abraço
    Viviana

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