As Mondas Químicas e os Tesouros nas estradas
Um dia destes, os meus amigos começam a já não me poder ouvir falar sobre a importância da vegetação ruderal, ou seja a vegetação que cresce nas bermas dos caminhos, pois de cada vez que fazemos um passeio, lá vem sempre a mesma conversa. (Por isso, venho desabafar para aqui...)
Sobretudo nesta altura do ano em que as flores desfazem-se na mais criativa imaginação de formas e cores para dar nas vistas e assegurarem a sua reprodução....
Qualquer pequeno passeio às portas de uma pequena cidade como Caldas da Rainha, é motivo para encontrar, dezenas, centenas de flores sobretudo anuais ou bianuais que enriquecem os nossos caminhos. E se uso o termo enriquecer de um modo simplista no que se refere às cores das flores e das folhagens, não posso esquecer o quanto enriquecem em termos de biodiversidade, de cadeia alimentar, abrigo de espécies, retenção de águas e tantas mais razões que agora não me ocorrem.
Não quero que por isto entendam que sou contra cortar estas ervas e deixar crescer "os matos" por todo o lado, claro que não. Defendo sim, que devemos respeitar os ciclos das plantas e permitir que cumpram os seus ciclos de vida, se reproduzam e partir daí, na época seca do nosso clima, quando as sementes já estão dispersas no solo, seja feito o corte da matéria seca.
Acontece que nos nossos "gloriosos e sapientes" dias do presente, o 'progresso' trouxe outras ideias. As pessoas não gostam de ver ervas. Preferem ver tudo asséptico, sem vida, esterilizado, sem bichos, sem folhas, sem pólens. E vai daí que surgem aqueles produtos que matam tudo e deixam tudo limpinho, que são os herbicidas.
E a limpeza é tão eficiente que deixamos de ver flores, insectos, répteis, mamíferos, aves... e cores!!
Fica apenas a terra a a sua cor castanha, parda...
Pois hoje num pequeno passeio, num talude à beira de uma valeta, talvez a cerca de 1km do centro da cidade, encontrei esta orquídea silvestre, uma Epicpatis ( ainda não sei bem o seu nome específico) mas que nunca tinha visto aqui por perto, a não ser na zona do Parque Natural da Serra d'Aire e Candeeiros).
Estas, ainda no inicio da sua floração, estavam assim agora em inicio de Abril e espero conseguir acompanhar o seu crescimento (se a monda química não chegar lá antes) para registar todo o seu esplendor.
Quanto aos responsáveis pelo controlo das bermas das estradas, gostaria apenas que fossem suficientemente sensíveis e pesassem os prós e os contras de cada intervenção, pois cada acto nosso hoje tem reflexo no futuro, que ninguém duvide.
asminhasplantas.blogspot.pt.
Olá Viviana.
ResponderEliminarSabe, tenho o mesmo sentir em relação aos químicos, que usam e abusam.
É vê-los (por aqui) a usar por tudo e por nada, muitas vezes estragando as sementeiras vizinhas, devido aos ventos que levam o químico para onde não é suposto.
Insensibilidade de quem só vê e pensa "cinzento"
Viviana, uma boa tarde e bom fim de semana.
Abraços
Querida Rosa
ResponderEliminarDo que se haveriam de lembrar!
A pouco e pouco a nossa "preciosa flora mediterrânica" vai desaparecendo.
Um abraço
Viviana
Olá Viviana
ResponderEliminarLindo este seu post. O mal me quer amarelo com se compunha o Ramo da Hora;a flor de tremoço bravo,de perfume forte, e todas as flores que fotografou e aqui colocou, me transportaram à infância, nesse tempo em que nas valêtas à saída da Vila havia flores, e nalgumas até agriões, e candeias. Lembra-se das candeias? Secalhar até já nem existem.
Beijinho amiga, e boa semana.
Dilita
Veja que já nem sei escrever...
ResponderEliminarEntão malmequer não é um substantivo ?! E eu fui parti-lo em três... Depois ao ler é que reparei no que fiz.
(erro de palmatória)
Beijinho.
Dilita
Querida Dilita
ResponderEliminarSe me lembro das candeias!
Olhe que não as tenho visto por aí...
É possível que já tenham desaparecido.
Vou prestar atenção...Agora despertou-me a curiosidade, amiga.
Uma boa semana
Viviana