terça-feira, 22 de setembro de 2015

Destino - Um poema de Almeida Garret

Destino

Quem disse à estrela o caminho
Que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta: - Florece!
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?
Ensinou  alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
se à flor branca ou se à vermelha
O seu mel há-de pedir?
Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem...
Ai! não mo disse ninguém.

Como a abelha ao prado,
Como no céu gira a estrela,
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino
Vim cumprir o meu destino...
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.

 (Almeida Garret - No livro - Obras Completas - VIII )

Sem comentários:

Enviar um comentário