sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Furto - Um poema de Miguel Torga


 FURTO

Saboreio este dia,
Fruto roubado no pomar do tempo.
Sabe-me a novidade,
Deixa-me os lábios doces.
Tem a polpa do sol, e dentro dele
Calmas sementes doutro sol futuro.
Cheira a terra lavrada e a maresia.
E tão livre e maduro,
Que quando o apanhei já ele caía.

  (Miguel Torga
Coimbra, 24 de Outubro de 1956
No livro - Poesia Completa - II)

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