A Sara Lourenço
«Murmúrios, o segundo livro de Sara
Lourenço, assume, no seu todo, a fortaleza do seu título: todos os temas
escritos e escolhidos pela autora são murmúrios de vida, da vida,
murmúrios ditos, alguns, ao ouvido, outros sussurrados e murmúrios de
experiências de vida partilhadas agora com os seus amigos e leitores.
Este livro de poesia, de temas abertos, surpreende-nos pela beleza e
simplicidade no ato de escrita de uma mulher no inverno da sua vida.»
(Os editores)
Conheço a Sara Lourenço desde criança.
Era uma das filhas mais velhas do amado e saudoso pastor Luís Caetano Lourenço e da querida irmã Alcina Lourenço.
Vivíamos ambas na cidade de Leiria, onde frequentávamos a Igreja Baptista local.
A certa altura, o seu pai foi pastorear a Igreja Baptista de Pombal, tendo a família se mudado para lá.
A Sara foi, entretanto frequentar o Curso de Enfermagem de Saúde Materna, no Porto, após o que exerceu por toda a sua vida activa - a profissão de Enfermeira - Parteira, trabalho do qual muito gostava e onde se realizou cabalmente, na sua profissão.
Eu , em 1961, rumei a Lisboa, para entrar na Escola de Enfermagem do Hospital de Santa Maria, donde saí formada em 1964.
Estive longos anos sem ver a Sara.
Entretanto, há cerca de uns 10 anos, a Sara deixou de ver - ficou cega-
Foi muito difícil para ela adaptar-se à sua nova situação; mas não se deixou vencer...aprendeu braile, continuou "A fazer coisas, muitas coisas."
Vivendo em Viseu frequentou a ACAPO - onde, com a sua alegria e entusiasmo conseguia ajudar os seus colegas invisuais.
O ano passado foi convidada para dirigir a Instituição, tarefa que até hoje desempenha com grande eficácia e alegria.
Encontrámo-nos há cerca de um mês, depois de vários anos sem nos vermos. Foi uma alegria imensa!
Soube, entretanto, que ela tinha publicado um 2º livro de poemas - MURMÚRIOS .
Teve a gentileza de solicitar-me o endereço para me fazer chegar o livro.
Veio pelo correio há cerca de uma semana. Estou encantada com a sua leitura.
Como é que uma mulher"no inverno da vida" - invisual - consegue transmitir-nos coisas tão belas e tão fantásticas!!!
Estou a ler o livro "devagarinho"...à noite, quando me deito. É uma delícia.Chego a comover-me.
Com alguma dificuldade, seleccionei um poema para partilhar aqui com os amigos:
A bela borboleta
Já fui lagarta
Feia e viscosa;
Nasci pequenina
Mas lá fui crescendo,
Comendo, comendo
Sem nunca parar...
As folhas verdinhas,
Da horta e pomar
Eram para mim,
Um grande manjar!
Comendo à farta
Cresci e engordei;
Até que, um dia,
Me pus a pensar
Que era preciso
Lugar p ´ra morar!
Então decidi
Fazer uma casa
Toda fechada
Onde pudesse,
enfim descansar!
E, adormeci!...
Quando acordei,
Tinha uma asas!
Não precisava
De rastejar.
Já não sou lagarta
Tão feia e viscosa;
Sou a borboleta
Alegre e formosa!
Passo meus dias
Sempre a voar,
de flor em flor,
até encontrar
O meu grande amor!
(Sara Lourenço - Janeiro de 2010)
A Sara tem 83 anos - quem diria!?
Olá Viviana.
ResponderEliminarPelo que nos dá a conhecer, deve ser um livro de poemas interessante.
Mais ainda escrito pela pessoa que a Viviana nos dá a conhecer.
São os dons que Deus dá e que ela tão bem soube por a render.
É uma riqueza ter amigos assim...
Viviana, tenha um bom fim de tarde.
Abraços.
Querida Rosa
ResponderEliminarEstou encantada com o livro.
É muito belo!
Também muito útil para quem trabalha com crianças.
Um abraço, boa amiga
Viviana
Olá amiga Viviana,
ResponderEliminarQue bem que faz em contar-nos estas maravilhas.
Que Sra. tão "grande" em todos os sentidos!A Sra. Dª Sara.
Ela começou logo por ser valorosa, ao ajudar a trazer vidas aos braços que as esperavam, flores de esperança para crescerem no nosso mundo.
Depois perder a visão (não merecia) foi como que uma imposição de reagir, à qual ela disse, sim! Terá sido com algum sofrimento, mas a sua fortaleza interior fê-la vencer.
Os seus versos uma beleza. (Se puder coloque mais no blog)
Para a Sra. Dª Sara vai todo o meu apreço e admiração. E para a Viviana, o meu obrigada por a trazer até mim.
E ainda um abraço com desejos de Bom Domingo.
Dilita