segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Recado para o meu neto - Um poema de João Apolinário


RECADO PARA O MEU NETO

Eh vestígios de mim distante filho
o infinito filho que hás-de ser
darás o amor    o sonho    a vida    o brilho
ao próprio sol que está para nascer

Tu que eu revejo na mãozinha dada
destas duas crianças (são irmãs)
nascerás numa linda madrugada
num outro mundo com outras manhãs

Tu que hoje cantas no meu sangue quente
eco profundo dos meus olhos tristes
a quem eu sinto mas que não me sente

aí no espaço já à minha espera
tu ainda não estás     mas já existes
na génese da própria Primavera

(João Apolinário - No livro - O Poeta  Descalço)

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