quarta-feira, 19 de março de 2008

Canção da Velhice



Corri o mundo; aprendi
O saber dos desenganos…
Só então compreendi
O quanto valem os anos.

Fui semeando ilusões
Da vida pelo caminho;
Quando voltei a colhê-las,
Achei-me pobre e sozinho.

Fez o tempo na minh’alma
Uma nova sementeira:
Semeou a experiência
Com mão segura e certeira.

Dizem que os livros encerram
Muita luz, muita lição;
Mas nenhuma como aquela
Que só os anos nos dão!

A vida é um livro aberto
Que toda a gente anda a ler;
Até a morte chegar
Sempre há muito que aprender.

A mocidade soletra,
Os homens lêem melhor.
Os velhos, esses já quase
Sabem o livro de cor.

Andei muito pela vida…
Agora vou descansar
Á beira deste caminho
A ver os outros passar.

E a mocidade iludida,
A correr, passa por mim…
Se eu te dissesse o que sei
Já não corrias assim!

Cortes Rodrigues, Em Louvor da Humildade
(S. Miguel)

6 comentários:

  1. Acredito que o respeito aos mais velhos (experiência e sabedoria) é uma das lições que Deus quer ensinar à humanidade.

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  2. Tambem creio.

    Só que isso tem sido a pouco e pouco "esquecido" pela humanidade.
    Duma maneira especial nesta velha e decadente Europa; mas tambem, creio eu, nos Estados Unidos.
    Creio que em Àfrica e na Àsia ainda se tem em grande respeito e exemplo os mais velhos.
    Acho que temos de olhar para esses povose re-aprender.

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  3. Olá Amiga, lindo poema... Votos de uma Santa Páscoa... Beijinhos.
    Fernandinha

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  4. Os velhos são sempre esquecidos pela sociedade, quando mais precisam, não é justo.
    Hoje é dia do pai é bom recordá-los e homenageá-los
    Beijo
    BC

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  5. OLá, bc

    Infelizmente é bem verdade o que diz.
    Não deveria, nem poderia ser...
    Mas que sociedade é a nossa que "despreza" e esquece, os que mais merecem e mais deveriam acarinhar!?
    Acho que é mesmo um sinal dos tempos!
    Um agraço
    Viviana

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  6. Na juventude passamos pela vida rápido demais. No livro da existência essa fase assemelha-se a uma leitura dinâmica. Somente quando folheamos a vida com lentes bifocais e mãos trêmulas conseguimos perceber "o sabor das massas e das maçãs".

    Viviana obrigado por ter partilhado um pouco de sua história em meu blog.
    Um abração

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