Quando penso em amendoins, a minha memória leva-me de imediato para a Argentina, onde nasci, e onde os meus pais e avós semeavam e colhiam amendoins.
.Não me lembro deles na terra, mas sim num tabuleiro, tostadinhos, acabadinhos de sair do forno, onde a mãe os preparava para pôr na mesa do pequeno - almoço.
Lembro-me também que já em Portugal, mais precisamente em Maceira – Pêro Pinheiro, o pai e a mãe os semeavam; eles sempre “amanharam” terras pois ambos vieram de famílias de agricultores.
O pai costumava ir comprar todas as sementes que precisava para semear, á Casa das Sementes em Lisboa, na praça da Figueira, onde se vendia também as sementes de amendoim que, salvo o erro, eram oriundas de Israel, o chamado amendoim de Israel que era um amendoim miudinho mas muito saboroso, nada que se compare aos amendoins que agora por aí se vendem e que, para alem de praticamente não virem torrados, foram modificados geneticamente para serem maiores e produzirem mais, mas que já nem sequer sabem a amendoins e se tornam até enjoativos.
Lembro-me da cara de espanto que as pessoas que passavam pela “horta” do pai faziam, ao ver aquelas plantinhas desconhecidas; paravam e perguntavam o que era aquilo.
As plantas eram de um verde amarelado, constituindo uns tufos arredondados onde se podiam ver umas minúsculas florinhas amarelas Eram semeados na primavera e colhidos no fim do verão, mais precisamente em Setembro; recordo que era a ultima coisa a ser colhida, e era arrancada com a mão, com muito cuidado e deixadas ao sol com a raiz, onde estavam os amendoins, virada para cima para secar a terra húmida que estava pegada. Ao fim do dia, sacudíamos a terra pé por pé, e transportávamo-los para casa, para serem colocados numa eira ao sol para secarem. Só quando estavam muito bem secos é que eram guardados numa arca,
Recordo que quando tinha os filhos pequenos e visitava os meus pais ao fim de semana, lá vinha a mãe com o tabuleiro de amendoins torradinhos, acabados de sair do forno, tal como fazia na Argentina, para acompanhar o lanche.
Mesmo depois do pai partir para o céu, a mãe e eu continuámos a semear amendoins, e lá em casa, que está como a mãe deixou…está guardado num armário, o velho tabuleiro de alumínio, no qual ela torrava os amendoins. Acho que o vou guardar muito bem guardado, e um dia, vou passá-lo como herança ao meu filho Pedro, o mais velho dos netos da Nena e do Chê, para preservar a história dos amendoins na história da nossa família.
Tinha de ser para o Pedro, não é?
ResponderEliminarMas ainda me lembro de haver sempre uns bons amendoins torrados em casa da avó.
:)
ResponderEliminarO tabuleiro fica em boas mãos.
É verdade que esses amendoins pequeninos, torrados no ponto, estavam anos luz à frente dos "normais", mais grados.