terça-feira, 17 de junho de 2008

Um poema de Alberto Caeiro


Meto-me para dentro, e fecho a janela.
Trazem o candeeiro e dão as boas – noites,
E a minha voz contente dá as boas – noites.
Oxalá a minha vida seja sempre isto:
O dia cheio de sol, ou suave de chuva,
Ou tempestuoso como se acabasse o mundo,
A tarde suave e os ranchos que passam
Fitados com interesse da janela,
O último olhar amigo dado ao sossego das árvores,
E depois, fechada a janela, o candeeiro aceso,
Sem ler nada, sem pensar em nada, nem dormir,
Sentir a vida a correr por mim como um rio por seu leito,
E lá fora um grande silêncio como um Deus que dorme.

(Alberto Caeiro)

14 comentários:

  1. Todas as nossas tribulações, grandes e pequenas, podem trazer mais das duas melhores coisas na vida:
    Amor pela vida e amor pelos outros.
    Um dia cheio de amor.
    Muitos beijinhos
    Anita (amor fraternal)

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  2. Um poema que se (re)lê sempre com redobrado interesse
    beijos

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  3. Boa tarde minha doce maninha Viviana.
    Que poema mais lindo, este que tão bem escolheste, para nos oferecer. Fiquei cheia de recordações!!!...De tempos idos há muito!!!...Também nós tínhamos candeeiros a petróleo, lembraste ?
    Não há nada melhor, "alem da saúde," do que, dormir tranquilamente. Deitar, ler... e por último, uma oração... no meu caso, por vezes, adormeço antes de acabar.
    Um bom resto de dia.
    beijos

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  4. Olá Anita,

    Sim, as tribulações fazem-nos crescer.

    E ajudam-nos a compreender e a aceitar melhor os outros.

    Um grande abraço
    Viviana

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  5. Olá Carla,

    Vejo que tambem gosta do Pessoa!

    Haverá porventura alguem que não goste?

    Tenha uma boa noite
    Um abraço
    Viviana

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  6. Olá maninha Esperança,

    È verdade! Os candeeiros!

    Sabes que ainda lá estão... no mesmo lugar onde a nossa mãe os guardava!?

    Um abraço
    Viviana

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  7. Olá Delfim,

    Realmente a poesia do Fernando Pessoa é mesmo para ler. reler e...sentir.

    Grande poeta!

    Tenha um boa tarde
    Viviana

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  8. Quando vejo estes candeeiros de petróleo faz-me lembrar as aldeias, o frio, as ceias, o cházinho, as lareiras.
    Que bom, e depois um poema de Fernando Pessoa
    BJ

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  9. Olá Isabel,

    É verdade!

    São os tradicionais candeeiros de petróleo...anteriores á electricidade nas casas...

    Prece incrível como se podia viver á noite só com esta luz!

    Como diria a minha saudosa Mãe:

    Tudo tem o seu tempo.

    Uma boa noite para si
    um abraço
    viviana

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  10. É ler e sentir-se dentro da cena.
    Quando eu era criança tinhamos um candeeiro em casa, aqui no Brasil chamava-se lampião. A luz elétrica oscilava muito, e muitas vezes faltava, então o lampião era peça fundamental da casa.

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  11. O grande pessoa a provar que quando a alma não é pequena tudo se pode aceitar, superar, admirar e agradecer.

    Abraço fraterno.

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  12. Olá Bete,

    Realmente o Fernando Pessoa tinha uma forma única de se expressar.

    Ele foi grande mesmo!

    Eu calculava que o candeeiro de petróleo no Brasil, deveria ter outro nome... mas não imaginava que era Lampião.

    Posso dizer que já aprendi mais uma coisa.

    Um abraço
    Viviana

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  13. Olá Paulo.

    È muito bom vê-lo por aqui!

    Quando a alma não é pequena...

    Como tudo pode ser tão diferente, não é?

    tenha um lindo dia
    Viviana

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