sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Um poema de João de Deus

Neste luminoso dia de Inverno, propício ás aves e ás flores, partilho aqui um belo poema de João de Deus.




AROMA E AVE
Eu digo, quando assoma
o astro criador:
– Deus me fizesse aroma
de alguma pobre flor!

E digo, quando passa
uma ave pelo ar:
– Deus me fizesse a graça
de asas para voar!

Aroma da janela
me evaporava eu,
me respirava ela
e me elevava ao céu!

E quem, se eu fosse uma ave,
me havia de privar
a mim da luz suave
daquele seu olhar?


João de Deus

 João de Deus (1830-1896) nasceu em São Bartolomeu de Messines, no Algarve. Frequentou o curso de Direito na Universidade de Coimbra e, acabado o curso, dedicou-se ao jornalismo e à advocacia em Coimbra, Beja, Évora e Lisboa. Ligado inicialmente ao ultra-romantismo, depressa o abandonou seguindo uma estética muito própria. As suas poesias foram reunidas na colectânea Campo de Flores, publicada em 1893, incluindo-se nesta duas obras anteriores: Flores do Campo e Folhas Soltas. Dedicou-se à pedagogia, resultando daí a Cartilha Maternal, publicada em 1876 e tendo como fim o ensino da leitura às crianças. Foi um dos grandes amigos e admiradores de Antero de Quental.

2 comentários:

  1. Olá Viviana.

    Finalmente com um pouquinho mais de tempo (a correr) para as visitas blogueiras.

    Bonito e singelo este poema, aroma a ave, de João de Deus.

    "Mas a ser pessoa
    que aroma deixo eu
    aroma de pessoa amada
    criada e filha de Deus"

    Não tenho jeito nenhum mas valeu a intenção :))

    Viviana, tenha um bonito fim de semana, e os últimos dias deste ano bem vividos.

    Abraços.

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  2. Ola Viviana

    Este poema é lindo.
    Queria também desejar um Santo Ano na Paz de Jesus a si e a toda a sua Familia.
    Um abraço

    MANUELA

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