A escritora Dóris Graça Dias, tinha 51 anos e um livro para sair em breve. |
Hoje, de mnhã cedo, o meu marido entrou em casa com o jornal, e disse-me:
"Olha,suicidou-se uma escritora."
Peguei no jornal e li a notícia.
Se ontem estava triste com a morte do actor americano, hoje, ainda mais triste fiquei com a morte desta escritora portuguesa.
E, no meio desta tristeza, pergunto a mim própria: o que terá levado esta mulher, ainda nova, a desistir de viver?
Dá que pensar.
Mas eis a notícia:
Dóris Graça Dias (1963 - 2014)
Foi uma das promessas literárias da geração de 90, traduziu Becktt, era uma das últimas críticas lierária que não temia as estrelas da literatura. Deixou dois livros e muitos projectos à espera de justiça.
Escritora deixa um universo à espera de ser descoberto.
Há quem a conheça pelos textos que publicou no DN jovem ao longo dos anos 80 ou pelos contos que publicou no início dos anos 90 (As Casas e Biblos).
Há quem lhe recorde o trabalho como tradutora de obras como Molloy de Beckett e há quem se lembre que Dóris Graça Dias, jornalista cultural de O Jornal, Jornal de Letras, Revista Ler, foi um dos casos mais mediáticos de censura feita no pós-25 de Abril, devido ao que escreveu sobre O Rio das Flores, de Miguel Sousa Tavares, em 2007.
"Espero que ela não fique conhecida por causa de um escritor light mas sim pela sua propria obra", disse o irmão Manuel Graça Dias ao DN Mas num tempo em que tão poucos se atrevem a criticar frontalmente as coqueluches do star system literário, vale a pena lembrar o que escreveu Dóris sobre o livro e que por isso é também reflexo do seu carácter corajoso e não alinhado: "Rio das Flores, uma obra menor, tão igual a um qualquer exercício de menino de escola semideitado de lado sobre o papel, trincando a língua num esforço de saliva e olhos estrábicos confluindo no bico da caneta (...)" Esta critica valeu-lhe ser afastada do Expresso, com o qual colaborava. Decidiu nunca mais fazer critica de escritores portugueses.
Investigadora e docente universitária na Autónoma e júri do prémio Fnac/Teodolito, Dóris Graça Dias trabalhava há anos numa nova organização do Livro do Desassossego de Bernardo Soares e preparava-se para editar na Abysmo um novo livro de contos intitulado As Perguntas e reeditar As Casas (a arquitectura das casas como símbolo do universo interior dos homens era um dos seus temas de eleição).
Ao DN, João Paulo Cotrim afirmou que a escritora tem uma obra "que merece ser relida, redescoberta e não arrumada. É preciso que haja leitores para fazer justiça que a vida não lhe fez. No Domingo a escritora pôs termo á vida mas podemos encontrá-la nas palavras que deixou: "Apaixonamo-nos pelas pessoas, quando as escutamos. Amamo-las. E só deixamos de as desejar quando deixamos de as ouvir.
Com as casas passa-se o mesmo. Depois fica apenas uma ténue lembrança. Grata.
Porque cheia de memórias."
(Joana Emídio Marques - in- Diário de notícias - 13/08/2014
Nota pessoal
Como eu lamento, a morte antecipada voluntariamente, desta mulher escritora.
Que pena!
Enquanto alguns amigos meus, lutam o mais que podem contra as doenças que os atingiram, para que a sua vida seja preservada e assim, possam "estar por cá"...mais algum tempo, outros, como o actor americano Robin Williams e esta escritora, desistem de viver... não valorizam a vida.
Dá que pensar.
Olá Viviana.
ResponderEliminarÉ sempre de lamentar tão grandes perdas "uma vida é sempre valiosa"
"Existem apenas duas maneiras de ver a vida. Uma é pensar que não existem milagres e a outra é que tudo é um milagre".
( Albert Einstein )
Quando assim não pensamos,deixamos em aberto qualquer hipótese para qualquer atitude,que pode ser a menos aceitável.
Viviana, tenha uma boa tarde
Abraços de amizade para todos.
Viviana,
ResponderEliminarQue triste. Tão bonita e também talentosa.
É...a gente nunca sabe o que vai na alma de uma pessoa.
Você tem razão...tantos nos hospitais querendo viver...e outros...querendo partir...
Querida, tenha um lindo dia,
beijinhos,
Lígia e =^.^=
Querida Rosa
ResponderEliminarLindo, este pensamento de Albert Einstein...
Cada vez gosto mais de viver!
Cada novo dia é um presente precioso do Pai!
Um beijo
Viviana
Querida Lígia
ResponderEliminarEntristece-me tanto...
Quanto sofrimento...para tomar esta decisão!?
Que o Pai ajude e encoraje todos aqueles que são tentados a fazê-lo.
Um grande abraço
Viviana
Olá querida amiguinha
ResponderEliminarDo Actor que parecia tão feliz,dava alegria a todos com as suas interpretações, não me admiro muito. "Vivem depressa" arrasam a saúde com exagêros, dão-se à sua carreira, vivem a alegria do êxito, incarnam personagens felizes, e no intimo muitas vezes estão em sofrimento; um estado que nós público em relação a eles nem sonhamos; depois, lemos estas noticias, e... lamentamos.
Quanto a mais este valor que perdemos,esta Portuguesa talentosa e culta; nova, e talvez saudável, uma vida ainda na etapa da esperança, não há palavras para aceitarmos a sua renúncia ao bem maior que é viver.
Ficamos caladas e tristes, e no ar a triste pergunta, sem resposta; porquê?
Beijinhos.
Breve respondo.
Dilita