quinta-feira, 2 de junho de 2016

Um poema de Alberto Caeiro

Carro de bois .- Fonte da imagem: atelierdouglasokada.blogspot.com

XVI

Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada
e que para onde veio volta depois
Quase à noitinha  pela mesma estrada.

Eu não tinha que ter esperanças - tinha só que ter rodas...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-ne as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.

   (Alberto Caeiro - no livro  - O Guardador de Rebanhos)

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