sexta-feira, 26 de julho de 2019

"Mãe" - José Agostinho Baptista

José Agostinho Baptista.png
O poeta português - José Agostinho  Baptista.(Fonte da imagem: Wikipedia)

Eu sou aquela que os vê.
E caminho pelos seus caminhos e sou a
fogueira distante.
O tempo não me apaga.
Tenho os pontos cardeais e sou bússola nas
suas mãos,
quando eles vão sobre as águas.
Sou os mapas, a constelação,  o cruzeiro do sul,
o arado, o cão,
aquela que os guarda.
Sou o regaço, as belas plumas do meu regaço,
a imensa luz de amor que cai sobre a sua
penumbra,
sobre a sua loucura.
Sou a mãe da sua vida, da sua morte.
E vou com eles, espalhando as rosas tristes,
e os meus cabelos espalham sobre os seus
cabelos de raízes brancas.
Sou aquela que escreve  quando  eles dormem,
sou as palavras através do sono.
E adormeço com eles,
fechando as últimas portas.
      (José Agostinho Baptista
         No Livro - MÃE

Sem comentários:

Enviar um comentário