terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Palavras de Manuel Sobrinho Simões


Manuel Sobrinho Simões
Médico, investigador e professor universitário.

...Os portugueses, além de europeus, são culturalmente mediterrânicos, o que não nos afasta muito dos gregos, dos italianos e dos espanhóis do Sul, com todas as influências que são ditadas pela geografia, pelo clima e pela religião. Sermos judaico-cristãos é muito diferente de sermos calvinistas e protestantes. Além disso nunca corremos o risco de morrer de frio e estamos na periferia, não tivemos guerras e ninguém nos chateou. Na verdade, somos muito individualistas e estamos mais próximos dos norte-africanos do que dos povos do Norte da Europa. Somos um país mais mediterrânico do que atlântico, com todas as implicações que isso tem até na nossa produtividade.
A diferença entre nós e os nórdicos não está nos genes, é fruto da cultura e da educação, da geografia, do clima e da religião. Eles tinham frio, era-lhes difícil cultivar cereais e não tinham vinho. Para sobreviverem tiveram de estimular a inovação e a cooperação. Ao contrário de nós, que tínhamos um bom clima, uma agricultura fértil e peixe com fartura . E depois tivemos África, a seguir o Brasil e logo os emigrantes. Não precisámos de nos organizar e não precisámos de nos esforçar. Não era preciso. Não planeávamos, desenrascávamos . Continuamos assim, gostamos de resolver catástrofes.
...A entrada no Euro foi uma oportunidade muito mal aproveitada...Limitámo-nos a ser os recipientes liquidos de uma quantidade enorme de dinheiro em vez de aproveitar essses fundos para desenvolver e inovar.Não é por acaso que temos automóveis de luxo, iates e terceiras casas numa quantidade que é obscena relativamente ao nível de vida da população.
Ainda assim, defendo que, se for preciso, devemos fazer o pino para nos mantermos no euro.Prefiro ficar sob o domínio da Europa do que ficar apenas entregue aos jogos políticos portugueses. Estamos na pontinha da Europa, se isso acontecesse connosco sòzinhos e em roda livre, seria mortal.
...
Manuel Sobrinho Simões
médico, investigador e professor universitário
In - Noticias Magazine

domingo, 5 de dezembro de 2010

A consciência


O Cientista e Investigador Português António Damásio


A sua última publicação.

Da nossa última aquisição literária-"O Livro da Consciência de AntónioDamásio -
trouxe esta pequena, mas interessantíssima porção:
«Todos dispomos de livre acesso á consciência. Ela surge com tanta facilidade e abundância nas nossas mentes que não hesitamos, nem nos sentimos apreensivos, quando permitimos que seja desligada todas as noites, quando adormecemos, e deixamos que regresse demanhã, quando o despertador toca, pelo menos trezentas e sessenta e cinco vezes por ano, sem contar com as eventuais sestas.
Contudo, poucos são os constituintes do nosso ser tão espantosos, fundamentais e aparentemente misteriosos como a consciência.
Sem ela, ou seja, sem uma mente dotada de subjectividade, não poderíamos saber que existimos, e muito menos quem somos e aquilo em que pensamos.
... A criatividade não se teria desenvolvido. Não teria havido músca, nem pintura nem literatura. O amor nunca teria sido amor, apenas sexo. A amizade não passaria de uma mera vantagem cooperativa. A dor nunca se teria tornado sofrimento, o que pensando bem não teria sido mau, mas tratar-se-ia de vantagem equívoca, dado que o prazer nunca se viria a tornar em alegria.Se a subjectividade não tivesse feito a sua entrada radical, não haveria conhecimento, nem ninguém que se apercebesse disso e, consequentemente, não haveria uma história daquilo que as criaturas fizeram ao longo dos tempos, não haveria cultura de todo.»
In- O Livro da Consciência (páginas 20 e 21)
António Damásio
Circulo dos Leitores

Porque hoje é Domingo (131)


Templo da Terceira Igreja Baptista de Lisboa

Levantem os olhos para o céu
e vejam! Quem é que criou as estrelas?
Foi aquele que as põe em movimento
como se fosse um exèrcito bem ordenado.
A todas, ele chama pelo seu nome.
O seu poder é tão grande e a sua força é tal,
que nenhuma falta á chamada...

...Porventura não sabes?
Será que não ouviste dizer?
O SENHOR é um Deus eterno,
criou a terra de um extremo ao outro.
Não se cansa nem perde as forças.
A sua sabedoria é insondável!
Ele dá forças ao cansado
e enche de vigor aquele que é fraco.
Até os jovens se fatigam,
e os mais valentes também tropeçam.
Mas os que confiam no SENHOR renovam as suas forças,
lançam-se como águias,
correm sem se cansarem,
andam sempre sem se fatigarem..

(Livro do profeta Isaías cap. 40:26 - 28 a 31)

sábado, 4 de dezembro de 2010

Sinfonia


Imagem da net.

«Minha alma é uma orquestra oculta; não sei que instrumentos tangem e rangem, cordas e harpas, tímbales e tambores, dentro de mim. Só me conheço como sinfonia.»

Fernando Pessoa
Livro do desassossego

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Lenda da Aldeia Histórica de Marialva


Aldeia de Marialva - Mêda - Distrito da Guarda
Foto: Olhares - Fotografia online - Foto de Jorge Maio



Imagem da net.


Foto: Aldeia de Marialva autocaravanas.no.sapo.pt

Maria Alva

«Lenda transmitida de boca em boca o longo dos séculos e com variações. Surgiu na tentativa de explicar o nome da terra e como não podia deixar de ser tem muito a ver com histórias e lendas imaginadas na Idade Media, o Tempo dos Castelos…

Esta é uma das versões (há varias) e reza assim:

Em tempos que já lá vão viveu na Torre do Castelo uma Princesa tão linda e de pele tão branca que toda a gente lhe chamava Maria Alva.

A Princesa aparecia à sua janela, mas nunca saía nem para passear, fazer visitas ou ir á igreja. Talvez por isso a sua fama correu de terra em terra e começaram a vir de todo o lado Cavaleiros e Príncipes que esperavam que ela surgisse à janela. Em vão lhe ofereciam presentes, em vão lhe cantavam belas musicas: a Princesa nunca saía da sua Torre, nem aceitava os pedidos de casamento.

“Casarei com quem me oferecer um par de sapatos á medida do meu pé”, disse um dia…

Este desafio fez a felicidade dos sapateiros da região que viram aqui uma grande oportunidade de negócio. Um, em especial, o famoso Ramiro, divertia-se a provocar os seus clientes, lançando ainda mais a confusão, ora dizendo a uns que a Princesa devia ter uns pés enormes, ora dizendo a outros justamente o contrario. E assim o seu negocio prosperava… No entanto nenhum dos Cavaleiros acertava com a medida certa.

Ate que um dia apareceu por aquelas paragens um Príncipe cuja esperteza lhe tinha valido a alcunha de “Olhos de Falcão”. Esperto como era, resolveu pagar a um criado para que este espalhasse cinza junto á cama da Princesa. Assim, quando ela se levantasse, os seus pés ficariam marcados na cinza e facilmente se poderia tirar o molde certo.

O que o Príncipe não esperava era que em vez de pés normais, ficassem marcados na cinza, pés de burro. A Princesa tinha pés de burro!

Muito assustado o criado repetia vezes sem conta que aquilo era obra do demónio e que o Príncipe devia esquecer Maria Alva e seguir o seu caminho.

O Príncipe, no entanto, resolveu, com os moldes que tinha, mandar fazer um par de sapatos à medida da Princesa, do cabedal mais macio que houvesse

Não sem resistir, apavorado com aquela história, o sapateiro Ramiro lá fez o par de sapatos em troca de 2 sacos de moedas de ouro!

3 dias depois os sapatos estavam prontos e o Príncipe apressou-se entrega-los à sua Princesa.

No entanto e sem que nada o fizesse esperar ouviu-se um estrondo medonho, um grito agudo e fumo começou a sair da janela do quarto da Princesa.

Todos fugiram, menos o Príncipe, que, feliz da vida, observa a sua Princesa, não à janela, mas saindo descalça pela porta do Castelo.

Tinha sido quebrado o encanto que uma bruxa malvada tinha lançado a Maria Alva. Aprisionada na torre e com pés de burro, a Princesa só seria libertada do feitiço se alguém lhe oferecesse um par de sapatos à sua medida.

Olhos de Falcão e a Princesa casaram e viveram felizes para sempre…

O sapateiro Ramiro deixou de trabalhar, fez uma peregrinação a Santiago de Compostela e na volta construiu uma bela casa e diz a lenda que nunca contou a ninguém a origem da sua fortuna.»

(Região)

E a terra tomou o nome da linda Princesa Maria Alva: MARIALVA

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Maria Eduarda Maurício foi ao encontro do Senhor


Antigo Grupo Coral da Terceira Igreja Baptista de Lisboa
Ano de 1964.A irmã Maria Eduarda Mautrício é a que está
na promeira fila ao meio
. Eu sou a segunda na primeira fila
do lado esquerdo, junto do Pastor António dos Santos.
Clique em cima para ampliar e ver melhor.

.

Soube pelo Diário de Notícias.

A minha querida irmã Maria Eduarda Fastágio Sousa Maurício, foi chamada á presença do Senhor, tendo o seu funeral sido realizado hoje pelas 14 horas.
Tive o previlégio de a conhecer há cerca de 45 anos, quando vim para Lisboa estudar Enfermagem e frequentava a III Igreja Evangélica Baptista de Lisboa.
Ela e o seu marido, o saudoso e amado irmão Paulo Maurício, dirigiam o Grupo Coral da Igreja, no qual eu também participava. O marido tocava o orgão e ela regia o Coral.
Era uma pessoa de uma extrema alegria, cheia de vivacidade e entusiasmo.
Mais tarde, quando do meu casamento nessa Igreja, eles os dois viriam a ser padrinhos de casamento do Jorge.
Neste dia, quando celebro os meus setenta anos de vida, sinto muito a partida da irmã Eduarda, mas, sou muito grata ao Senhor por a ter conhecido e ter tão de perto convivido com ela.
Por agora, fica uma imensa saudade, um aperto no coração, mas também uma enorme e profunda gratidão a Deus por ela e por a sua produtiva vida.
Querida Irmã Eduarda Maurício, até logo, a gente encontra-se do outro lado do rio, mais dia, menos dia.

E os setenta anos chegaram


Eu.

02 de Dezembro de 1940 - 02 de Dezembro de 2010 - 70 anos

E os setenta anos chegaram...

Neste dia Senhor, olhando o caminho percorrido, elevo para ti os meus olhos e o meu espírito, reconhecendo que foi pela tua bondade e misericórdia que me trouxeste até aqui.
Eu te adoro, eu te louvo, eu te engrandeço, eu te bendigo, pelos séculos dos séculos, por toda a eternidade!
Contigo quero continuar a percorrer a minha distância, o meu caminho.
Que faria eu sem ti?
Tal como Pedro eu exclamo: "Para quem iremos nós, Senhor? SóTu tens as palavras de Vida Eterna!
Senhor: Não sei quanto tempo mais, queres que eu ande por aqui; mas seja o tempo fôr, pouco ou muito não importa, o que importa sim, é que até ao fim, Tu permaneças em mim e eu em ti.

Eu te agradeço por o dom da vida.

"Pois tu formaste os meus rins;
entreteceste-me no ventre de minha mãe.
Eu te louvarei, porque de um modo tão admirável
e maravilhoso fui formado;
maravilhosas são as tuas obras,
e a minha alma o sabe muito bem.
Os meus ossos não te foram encobertos,
quando no oculto fui formado,
e esmeradamente tecido como nas profundezas da terra.
Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe,
e no teu livro todas estas coisas foram escritas;
as quais iam sendo diariamente formadas,
quando nem ainda uma delas havia."


Eu te agradeço por o teu cuidado terno, meigo e carinhoso.
Por todas as vezes que enxugaste as minhas lágrimas.
Por todas as vezes que acalmaste o meu inquieto e frágil coração.
Por todas as vezes que passaste a tua doce e suave mão no meu rosto, acariciando-me, em momentos de sofrimento maior.
Por todas as vezes que colocaste a tua mão sobre a minha cabeça e me abençoaste.
Por todas as vezes que deixaste deitar a minha cabeça cansada no teu peito e assim repousar.



Por as pesoas maravilhosas a quem escolheste para serem meus pais.
Por os maninhos, Esperança, João Serafim e Teresa,
Por o Jorge, meu marido e meu companheiro de jornada.
Por os filhos amados que tanto bem me querem e tanto me mimam, Pedro, Miguel João e Zé.
Por as noras que são mais filhas que noras, Anabela, Teresa, Regina e Joana.
Por os netos queridos do meu coração, que tanto gostam da avó viviana, Gil, Sara, Inês, Beatriz, Carolina, Nuno, Margarida e a pequenina Clara.
Por os sobrinhos lindos e doces, Susana, Miguel, Ricardo, Raquel, Zé Pedro, Rita, João, Pedro Miguel, Sandra, Mário Joel, Elizabete, Célia, Jorge, Sérgio Paulo, Cristina, Carlos Jorge e Alexandre.
Por os sobrinhos netos, Sofia, Maria, Alexandre e Damião.
Por os inúmeros e preciosos amigos que tanto me têm feito sorrir, alegrado e enriquecido a minha vida.

Por a minha infância alegre e despreocupada.
Por o pão de cada dia que nunca faltou.
Por a saúde para trabalhar e ser útil.
Por os figos que comia deliciada em criança.
Por as rosadas cerejas, por as suculentas maçãs e por os doces diospiros de roer.

Pelo céu azul sem fim, por as miríades de estrelas que fazem do céu um luzeiro, por os acariciadores raios de sol, por as belas árvores e arbustos, por os rios e ribeiros, por o mar e as grandes ondas que saltam em espuma, por todas as aves que com a sua música acalentam o nosso coração, por a chuva benfazeja e pela neve alva e branca que cobre os montes.

Por a alegria de viver.
Por as minhas gargalhadas.
Por a sabedoria vinda de ti para fazer as minhas escolhas.
Por as decisões que tomei, sob a tua orientação e conselho.
Por as forças para enfrentar as lutas e os momentos difíceis da vida.
Por esta paz que inunda o meu ser e a minha vida.
Por este amor vindo directamente de ti , enchendo o meu coração e chegando para distribuir por todos á minha volta.
Por esta fé que me firma em ti e nas tuas promessas.
Por a esperança que me faz avançar e tudo enfrentar.
Por a vida eterna que me espera junto do Pai e de ti meu Senhor.

Por os meus setenta anos, MUITO OBRIGADA SENHOR.