quinta-feira, 16 de abril de 2009

Faleceu o Mestre oleiro José Franco


Busto do Mestre José Franco


Mestre José Franco trabalhando o barro


Aldeia Saloia - Sobreiro


Aldeia Saloia no Sobreiro - Amplie para ver melhor

Portugal perdeu hoje um grande homem.

O Mestre José Franco, do Sobreiro.

O Sobreiro, é uma aldeia não muito grande, que fica logo a seguir a Mafra, e que dista de Lisboa entre 15 a 20 kms.

Ele era uma pessoa notável e extremamente popular, que conquistava o coração das pessoas muito fácilmente.
Creio que não exagero, se disser, que ele era um pouco conhecido por todo o país, e em muitos lugares do mundo, dada a obra que criou ,e que dirigiu por mais de quarenta anos.

Estou certa que a maioria das famílias de Lisboa e arredores, levaram mais do que uma vez os seus filhos, a ver a Aldeia Saloia Miniatura, do Mestre Franco, que sempre fez e continua a fazer a delícia da pequenada e não só. Tambem os adultos, sobretudo no Verão, ao regressarem das prais ali á volta, não dispensam uma paragem no Sobreiro para apreciar toda aquela beleza... e comerem um bom pão com chouriço acabadinho de cozer.

Hoje á tarde, deixei tudo, e fui ao seu funeral, para prestar-lhe a minha última e sentida homenagem, e agradecer-lhe por tudo de belo e maravilhoso que fez, e que nos deixou.
A seguir apresento um pequeno resumo da sua vida e obra.

«José Franco nasceu em 1920. Teve 15 irmãos; seus pais, extremamente pobres, eram oleiros de profissão, fabricantes das pequenas cerâmicas que os camponeses da região utilizavam nas suas casas: os pratos, as travessas, os jarros de vinho e água, os vasos para flores e pequenas peças de decoração, que também ele começou a fabricar e a vender à porta da sua pequena olaria e nas festas populares e feiras, transportando-as no burrito, que o acompanhava de terra em terra.

Por volta de 1945 José Franco sonhou que poderia, nas horas vagas, construír ao pé da casa em que vive e da sua oficina de oleiro um museu vivo da sua terra, uma espécie de um grande presépio, que reproduzisse os costumes e actividades laborais do tempo da sua infância e alguns aspectos fundamentais e actividades da vida campesina. E assim, dia a dia, a sua obra foi nascendo e crescendo. Num espaço que tem cerca de 2500 m2 construiu em escala natural um conjunto de elementos considerados fundamentais na vida do campo:- O moinho de vento para moer o trigo.- A cozinha rural onde é oferecida a todos os visitantes uma canequinha de vinho «moscatel».- A capelinha dedicada a Santo António.- A azenha movida a água para moer o milho.- A oficina de carpintaria com utensílios do fim do século passado.- A «loja da tia Helena» ou mercearia.- A cozinha saloia, em cujo forno aquecido a lenha, diariamente se coze o pão da região, que os visitantes podem adquirir no local.

- A oficina de ferrador de cavalos.- A adega do vinho com toda a sua utensilagem e medidas de barro.- As cadeiras do barbeiro e dentista.- A casa do lavrador com o quarto e a salinha de estar e, à porta, o banco de pedra onde se sentam os namorados
- O pequeno restaurante onde são servidos os pratos típicos da região; o caldo verde, a carne de porco à moda das Mercês, a caldeirada de peixe e o arroz doce.

A parte mais deliciosa deste maravilhoso conjunto é constituída pelos cenários construídos em jeito e escala de presépio, com figurinhas de barro moldadas por José Franco e que reproduzem uma aldeia com as moradias que são cópias fieis das casas dos arredores de Lisboa dos fins do século passado, as actividades exercidas, como as serrações de madeira, os moinhos do cercal, o
trabalho dos campos, com os figurantes habilidosamente movidos a água, as actividades piscatórias com a reprodução, também em escala reduzida, da pequena vila de pescadores da Ericeira, que fica a 5 km de distância.

Dentro do castelo que José Franco construiu para delícia das crianças existe uma outra aldeia cheia de figuras nas suas actividades habituais, o casamento, o baptizado, a saída da igreja rural, o trabalho do campo.
O centro deste pequeno mundo de maravilha que os turistas que visitam Lisboa e a Costa do Estoril só agora começam a descobrir é a pequena oficina de oleiro, onde José Franco, trabalhando na mesma roda artesanal que os árabes que viveram nesta região do século VIII ao século XII aqui deixaram, vai moldando com o barro da região as dezenas das suas figuras de encanto de cerâmica sacra - e não há «santo» que as suas mãos não fabriquem -, da cerâmica popular, representando o pastor, a peixeira, o moleiro, o lavrador, o barbeiro, a matança do porco e todas as figuras típicas da região e da cerâmica satírica, com os seus bacos, o bêbado, o médico, os jogadores de cartas, figuras que tanto saem do forno onde o barro é cozido como logo são disputadas pelos coleccionadores.

«Artista do barro e da vida», assim se referiu a José Franco o escritor brasileiro Jorge Amado, que quando com a sua esposa Zélia Gattai, veio a Portugal não deixou de visitar o seu amigo oleiro, do qual era grande admirador.»

11 comentários:

Anita disse...

Onde há fé, há amor;
onde há amor, há paz;
onde há paz, há Deus;
onde há Deus nada falta!

Que o seu dia seja iluminado.

Adorei o post em homenagem ao mestre José franco.
Beijos.
Ficque bem. Fique com Deus.
Anita (amor fraternal)

Pelos caminhos da vida. disse...

Abraços significam amor para alguém
com quem realmente nos importamos.....
para nossos avós ou nossos vizinhos,
ou até mesmo para um ursinho amigo......
Um abraço é algo espantoso...
é a forma perfeita de mostrar
o amor que sentimos,
mas que palavras não podem dizer.
É engraçado como um simples abraço
faz-nos sentir bem...
em qualquer lugar ou língua...
É sempre compreendido...
E abraços não precisam de equipamentos,
pilhas ou baterias especiais...
É só abrir os braços e o coração...

Guarde este abraço !

Bom dia amiga.

beijooo.

Rosa disse...

Boa tarde Viviana.
É verdade, desconhecia a obra desse admirável senhor, José Franco.
Mas já falei aqui em casa, irmos visitar esse local que me parece ser fantástico.
Que o Senhor receba o mestre Franco em sua glória.

Beijos Viviana

bete p.silva disse...

Que beleza, que encanto, que rica aldeia1

Belíssima história de vida. Bom José Franco, descanse em paz.

Zé Carlos disse...

Viviana, obrigado pela sua simpática visita.
Venha sempre que puder para tomarmos um cafezinho juntos.
Beijos do Zé Carlos - Brasil

renato disse...

Olá Amiga Viviana!

Um dia destes irei até à Terra de Mestre José Franco! E aproveitarei para conhecer, pessoalmente, a Viviana e Marido, e tomarmos o que nos apetecer para "degustar" uma boa conversa!

Minha boa Amiga tenha uma excelente noite, bem abençoada!

Renato

Maria disse...

Gostei muito, muito. Boa e merecida homenagem ao mestre José Franco que, ao que parece já está a dar frutos pois alguns dos seus comentadores prometem ir à aldeia ver a obra dele.

Só um pouquinho de inveja por não ter podido acompanhar o funeral.
Fique bem.

Shalom!
Mimi

Viviana disse...

Querida Anita,

"Onde há fé, há amor;
onde há amor, há paz;
onde há paz, há Deus;
onde há Deus nada falta!"

Quanta verdade existe nestas palavras, boa amiga!

Não ei quem as escreveu... mas seja quem quer que tenha sido,
pode ser considerada uma pessoa verdadeiramente sábia...

Obrigada por elas.

Ana linda,

"Um abraço é algo espantoso...
é a forma perfeita de mostrar
o amor que sentimos,"...

Se soubesse o quanto eu gosto de dar um bom abraço, áqueles a quem eu amo e quero bem!

Sabe, eu receio até que exagere em matéria de abraçar...

Ah! mas eu faço-o tão expontâneamente... que até eu própria me espanto.

Gostei muito do seu texto.

obrigada.

Querida Rosa

È um lugar fantástico, sim.

Òptimo para se passar lá algumas horas...

Quem lá vai uma vez, creio que não resiste a ter que lá voltar...

Quanto ao sr. Franco, era um homem admirável!

Daqueles que raramente aparecem na terra.

Venha, venha sim!

Eu sei que vai gostar.

Demanhã poderá estar numa das muitas praias que há ali pertinho..
A Ericeira por exemplo, a 5 kms.
e á tarde vai ao Sobreiro, como se diz por aqui.

Bete querida,

Sim, minha boa amiga.

È uma história de vida, linda e comovente.

Ontem no cemitério do Sobreiro, enquanto o corpo descia á terra, elevei os meus olhos ao céu azul, e agradeci profundamente a Deus, por ter mandado á terra, aquela pessoa linda, que foi o mestre José Franco.

Olá Zé Carlos, meu bom amigo

Que bom encontrá-lo aqui!

Quanto ao cafézinho, olhe que iria saber muito bem... e seria óptimo para uma boa conversa.

Olá Renato, meu bom amigo

Venha!
Venha Sim!

Tenho a certeza que vai ficar encantado com a Aldeia saloia!

E claro, vamos encontrar-nos e conhecer-nos... e beber um refresco ou um cafézinho juntos..

Como dizem os meus netos:

"Vai ser muita fixe!."

Querida Mimi

Que bom que gostou do post!

Procurei nele, dar uma ideia o mais completa possível do que é mesmo aquele lugar maravilhoso,
que a Mimi tão bem conhece.

Quem dera que nos encontrássemos lá no funeral!

Mas eu sei, eu sei que a avó Mimi
tem dois lindos netinhos para cuidar..

Beijinhos para eles.

Amigos

para todos o meu abraço e o desejo de uma óptima noite de descanso.

viviana

Licas disse...

Viviana
Associo-me a si nesta homenagem ao Mestre José Franco.
Adorei sempre os seus trabalhos e a aldeia que construiu. Levei lá muitas vezes alunos meus e trouxe um presépio dos dele.

Que a sua obra persista no tempo!

gaivota disse...

pois foi, minha amiga, vai deixar saudade a tantos que o visitaram, que aprenderam tanto sobre as suas peças, a sua olaria
tantas vezes que o visitei e cavaqueei com ele, beberiquei o seu licor e adquiri algumas pecinhas...
vai ser sempre recordado, com muito carinho e simpatia
beijinhos

Viviana disse...

Querida Isabel,

O mestre José Franco era um homem bom, e excepecional!

Sempre guardarei dele uma agradável e linda memória.

Olá Gaivota linda,

Então a minha amiga conhecia-o bem...

Dava imenso gosto ir até lá e com calma percorrer todos aqueles recantos.

Beijos

viviana