O dente da Míriam

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Eu e a minha neta Sara moramos no mesmo prédio, eu no terceiro e ela no quarto andar.
Ela tem o bom hábito de quando desce para ir para a escola, tocar á minha porta para me desejar um bom dia.
Um destes dias tocou, e vinha acompanhada da mãe e da irmã Míriam de 3 anos.
Quando abri a porta, reparei que a Sara estava "com um ar" pouco sorridente, e disse-me:
Ò avó sabes, ontem fui ao Centro de Saúde e eles deram-me lá uma vacina do tétano aqui no braço e agora o braço dói-me muito, nem lhe posso tocar".(Aqui para nós, confirmo que o local de aplicação da vacina dói mesmo...e habitualmente fica duro e inchado, convem aplicar gelo)
E a Sara continuou: "E olha avó, agora em vou ter que lá ir para tirar sangue; eles com uma seringa vão picar e vão-me fazer doer muito... e eu estou com medo avó."
Eu lá tentei encorajar a rapariga a não ter medo, que a picadela para tirar sangue dói muito menos que a vacina do Tétano, etc. etc.
Ora a Míriam que estava a assistir a esta cena, e querendo chamar a atenção para ela que é mais pequenina, resolveu intervir, e pegando-me na saia e olhando-me nos olhos saiu-se com esta:
"Olha, sabes, vai-me cair um dente"! e aponta para dentro da boca.
Eu espantada digo-lhe: O quê? tão cedo! Tu és tão pequenina! (os dentes mudam-se entre os 6 e os 12 anos).
Ela sem pestanejar respondeu: "È daqui a um ano!
Daqui a um ano vai-me cair um dente e eu vou ficar com um dói-dói!".
Rimos todos.