quarta-feira, 22 de julho de 2009
O senhor Valério
Hospital de Santa Maria - Lisboa
Uma notícia divulgada hoje, por toda a comunicação social, e que tem a ver com um importante estudo levado a cabo por um grupo de trabalho da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo , entitulado "Governação dos Hospitais", que afirma que por cada cem doentes internados nos Hospitais Portugueses, dez sofrem danos na sua saúde devido a erros, fez-me lembrar do senhor Valério.
Corria o ano de 1964, e eu era aluna do terceiro ano do Curso Geral de Enfermagem, na Escola de Enfermagem do Hospital de Santa Maria, e fazia o meu estágio no Serviço de Propedêutica Cirúrgica daquele Hospital.
Entre os vários doentes que me foram atribuídos para eu prestar cuidados, estava o senhor Valério.
O senhor Valério estava na casa dos quarenta anos e era um homem simples do nosso povo.
Foi internado por um problema a nível do fígado que exigia uma cirurgia.
Tanto quanto me lembro, passados estes 45 anos, a origem da doença era benigna.
Após toda a preparação e estudo, chegou o dia da operação.
O médico que o iria operar, tambem na casa dos quarenta anos, era um dos muitos assistentes do Professor Dr. Celestino da Costa, director do serviço.
Durante a cirurgia, infelizmente, aconteceu um erro... o cirurgião cortou qualquer coisa que não devia cortar, o que criou ao senhor Valério uma gravíssima complicação, da qual não havia volta possível, ficando por longos meses deitado naquela cama do hospital, definhando dia a dia e sofrendo dores horríveis.
Ainda vínhamos longe no corredor e já o ouvíamos gritar.
Eu chegava ás oito da manhã, cumprimentava-o, conversava um bocadinho com ele e prestava-lha os cuidados necessários.
Por volta das dez da manhã chegava o cirurgião.
Mal ele entrava na enfermaria, o senhor Valério gritava com ele, chamando-lhe assassino e toda a sorte de nomes.
Dizia-lhe:
"Você deu cabo de mim, destruiu a minha vida.
Você merece morrer e se eu não estivesse nesta cama, era eu que o matava.
Desapareça daqui."
O médico ficava em silêncio junto da cama, com uma fisionomia extremamente triste.
Depois, lá lhe dizia o que tinha a dizer acerca de algum remédio ou tratamento.
Isto repetia-se todos os dias e eu ainda tão jovem - 23 anos - sofria profundamente com a situação.Era mesmo muito doloroso para mim.
Eu sofria por os dois.
Entretanto acabei aquele estágio e fui para outro serviço.
Vim a saber depois que o senhor Valério veio a falecer.
Quanto ao médico, disseram-me que continuou a operar, mas nunca mais foi o mesmo.Andava sempre triste e desmotivado.
Passados anos, encontrei uma antiga colega de curso que me informou que o Dr.....tinha deixado de exercer a medicina e tinha enveredado pela toxicodependência.
10 comentários:
Triste história,infelizmente,muito comum!!
Deve ser terrível para um médico consciente saber que foi responsável pelo erro que tirou a vida do Sr.Valério!!
Em contraponto existem os doutores que erram e isto para eles não tem nenhum significado!!
Bom para que fiquemos alertas!!!
Um beijo carinhoso!Sonia Regina.
Oi, Viviana!
Estou começando aqui! Vim a você através da Bete!! Deus nos abençoe!!
Triste história!
Errar é humano, porém, existem erros, que por mais que sejam entendidos e aconteçam ao acaso, trazem sérias e terríveis consequências...que diremos nós?
Penso eu, que só Deus para entender...
Beijos
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\,---'`\,---'`√√√√ βειjιηhσs!
Ai amiga mas que história bem triste.
Viviana calculo que já tenha copiado o poema lá do meu cantinho.
Sempre que quiser pode pegar o que quiser.
Fique bem. Fique com Deus.
Anita (amor fraternal)
Querida Sónia
Olá minha boa amiga
Todos sabemos que as coisas são mesmo assim...
Errar é humano.
Mas...é preciso evitar o erro a todo o custo, principalmente quando se trata de vidas humanas.
Uma braço
viviana
Jacira
Olá!
Já a tenho encontrado na Bete.
Costumo ler todos os comentários, inclusivé os seus...
Obrigada pela visiata.
è muito bem vinda!
Desculpe só agora responder, mesmo á sua entrada como seguidora deste humilde blogue. mas tenho tido a casa "cheia" de netos... e com eles por cá, o tempo´torna-se escasso.
Eles foram embora há pouco.
Vou tentar dar um pouco de atenção e visitar os meus amigos aqui da net.
Já tenho saudades.
Um abraço e,
"que Deus nos abençoe," sim.
Viviana
Querida anita
Obrigada, muito obrigada, pelas visitas diárias e pelas palavras deliciosamente belas e amigas que sempre aqui deixa.
Já fui buscar sim, o seu poema.
Obrigada pela dádiva.
Um beijo
viviana
Oi, Viviana!
Aqui no Brasil, no dia 20 de julho, comemora-se o dia do amigo.
Vou mandar a você,(meio atrasadinho- rsrs) um poema que fala da amizade, da ótica de seu grande autor:
"Canção Amiga"
Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.
Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.
Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.
Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.
Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.
Carlos Drummond de Andrade
Beijos
Olá Jacimay
Que agradável surpresa!
Seja muito bem vinda a este humilde cantinho.
Será sempre bem recebida, creia.
Agradeço do coração o belo poema do tão querido Carlos Drumond de Andrade.
Obrigada.
Um abraço
viviana
Oi, Viviana!
O poema "Canção Amiga", foi enviado por mim, e não sei porque, saiu em outro nome. De qualquer maneira, você merece a homenagem, vinda de quem vier. Obrigada.
Beijos
Certo Jacira.
Já tomei nota.
Muito obrigada.
Um beijo
viviana
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