O Padre Alberto Neto
O mês passado, fizemos uma visita em família (alargada) á nossa bela Sintra - sede do nosso concelho. Como sempre acontece quando ali vamos, passámos momentos encantadores, quase mágicos. De regresso a casa, ao fim do dia, a neta Margarida - de cinco anos - disse que, como nunca andou de combóio...e gostaria muito de andar... queria regressar de combóio e não de carro. Então eu, como gosto de andar de combóio, ofereci-me para a acompanhar e, convidei o neto Gil para ir connosco também. Desceríamos na estação de Rio de Mouro onde o Zé iria "apanhar-nos" para levar-nos a casa. A Margarida estava tão feliz no combóio que não queria sair...queria continuar. Depois de lhe prometer que um dia destes andarei com ela mais tempo de combóio, descemos então na dita estação. Logo á saída, ao cimo das escadas rolantes, deparámo-nos com um Largo grandinho e onde havia ums bancos de Madeira onde nos sentámos. Olhando á minha volta, reparei numa estátua de pedra, que me atraiu. Era a figura, em mármore, de um padre: O padre Alberto Neto, do qual não me lembro de alguma vez ter ouvido falar. Perguntei ao neto Gil sobre ele, e o Gil logo me disse que tinha sido um padre "muito popular", que tinha sido Pároco ali, na freguesia de Rio de Mouro e, que até tinha dado o nome a uma escola secundária em Queluz.
Interessei-me em conhecê-lo e fui pesquisar sobre ele para poder vir a saber quem foi. Encontrei informação interessantíssima e achei por bem partilhá-la aqui com os amigos.
Este o local onde agurdámos pelo Zé. Amplie.
«Neste local existiu em tempos uma pequena igreja (lembro-me dela quando era pequeno, mas não consegui recolher informações sobre a mesma). Actualmente existe este pequeno largo com uma estátua em homenagem a Padre Alberto Neto, uns bancos para descansar ou ler o jornal, existe também um Quiosque/Florista. Este largo fica situado mesmo ao lado da estação dos comboios de Rio de Mouro.
Esta a estátua que despertou a minha atenção.
Agora, eis o que encontrei sobre este homem:
«Alberto Neto Simões Dias (Souto da Casa, 1931-?, 1987) foi um sacerdote católico português que se destacou como educador e pelo seu papel no movimento católico progressista contra a Guerra Colonial e a ditadura fascista (Estado Novo) de António de Oliveira Salazar e Marcello Caetano.
Vida
Alberto Neto nasceu em 1931, filho de Eurico Simões Dias e Genoveva Neto, ambos professores primários, na aldeia do Souto da Casa, concelho do Fundão, na Beira Interior. Frequentou o Seminário do Patriarcado de Lisboa em Santarém, Almada e Olivais. Foi ordenado sacerdote católico em 15 de Agosto de 1957, no cargo de coadjutor da paróquia de Santa Maria de Belém. Foi professor em vários liceus, nomeadamente no Liceu D. João de Castro (1962-66?), Liceu Pedro Nunes e Liceu Padre António Vieira, em Lisboa e na Escola Secundária de Queluz, que, posteriormente viria a ser designada por Escola Secundária Padre Alberto Neto em sua homenagem. Entre 1965 e 1972 foi assistente diocesano da Juventude Escolar Católica (JEC) (masculina) e da Juventude Escolar Católica Feminina (JECF), organizações juvenis da Acção Católica Portuguesa de estudantes do ensino secundário. De 1978 e 1981 foi membro de Conselho Presbiterial do Patriarcado de Lisboa. De 1979 a 1982 foi padre da paróquia de Belas e depois de Rio de Mouro. Foi assassinado por um tiro de pistola, em Setúbal em 1987. A investigação criminal não foi inconclusiva, mas o seu resultado, inconveniente para vários sectores da vida portuguesa, foi abafado (v. livro "Os mal-amados", de Fernando Dacosta).
Acção Política
Alberto Neto participou, desde 1969 em reuniões secretas anti-regime e antiguerra colonial. Distinguiu-se principalmente enquanto pároco da capela do Rato, em Lisboa. Colaborou activamente na iniciativa de um grupo de católicos, em 1973, de realização de uma vigília de reflexão sobre a guerra colonial contra a autodeterminação das então colónias portuguesas em África, então decorrente, e a necessidade assinar tratados de paz, reconhecendo a sua independência. Aprovam uma moção criticando a guerra. No segundo dia da vigília, um grupo de polícia de choque da PIDE-DGS entra à força na capela e prende 91 pessoas aí encontradas, incluindo líderes da oposição ilegalizada e funcionários públicos que foram exonerados. Entre eles, encontravam-se Luís Moita, Nuno Teotónio Pereira, Francisco Pereira de Moura, futuro membro de um dos primeiros governos democráticos; Francisco Louçã, actual líder do Bloco de Esquerda, entre outros. Muitos acabaram a cumprir pena na Prisão de Caxias, para presos políticos. Alguns dias mais tarde, o padre Alberto Neto é demitido das suas funções, e a sua vigília condenada pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa, Dom António Ribeiro, uma acção que leva muitos católicos a demarcarem-se da hierarquia e reforçando a sua oposição ao regime. Vários deputados da Ala Liberal da Assembleia Nacional, movidos pela solidariedade católica, poriam em questão a legitimidade da acção policial. O mais proeminente, Miller Guerra seria forçado a demitir-se.»
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