terça-feira, 1 de outubro de 2013
Cansa! Tanta Malidicência
Já não tolero, já não consigo assistir a tanta Malidicência.
Nos meus quase setenta e três anos, nunca me lembro de uma coisa assim!
Basta vêr um telejornal, ouvir um comentador, ou até mesmo certos jornalistas, para se ficar incomodado, digo, até revoltado, com tanto ódio, com tanto rancor, tanto malquerer. E falam assim de pessoas que não estão presentes, logo, sem possibilidade de se defenderem. Ando mesmo triste com isso.
Hoje, casualmente, encontrei na net um texto de um filósofo brasileiro - Huberto Rodhen - do século vinte, que trata o tema de que atrás falo. Decidi então publicá-lo aqui, porque me pareceu interessante e esclarecedor.
Malidicência - Não fales mal de ninguém
Toda a pessoa não suficientemente realizada em si mesma tem a instintiva tendência de falar mal dos outros.
Qual a razão última dessa mania da maledicência?
É um complexo de inferioridade unido a um desejo de supeoridade.
Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio.
A imensa maioria dos homens não está em condições de medir o seu valor por si mesmo. Necessita de medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros.
Esses homens julgam necessário apagar as luzes alheias a fim de fazer brilhar mais intensamente a sua luz.
São como vaga-lumes (pirilampos) que não podem luzir senão por entre as trevas da noite, porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.
Quem tem bastante luz própria não neccessita de apagar ou diminuir as luzes dos outros para poder brilhar.
Quem tem valor real em si mesmo não necessita de medir o seu valor pelo desvalor dos outros.
Quem tem vigorosa saúde espiritual não necessita chamar de doentes os outros para gozar a consciência da saúde própria.
As nossas reuniões sociais, os nossos bate-papos são, em geral, academias de maledicência.
Falar mal das misérias alheias é um prazer tão sutil e sedutor, algo
parecido com whisky, gin ou cocaína que uma pessoa de saúde moral precária facilmente sucumbe a essa epidemia.
A palavra é instrumento valioso para o intercâmbio entre os homens. Ela porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente.
Poucos são os homens que se valem desse precioso recurso para construir esperanças, eliminar dores e traçar rotas seguras.
Fala-se muito por falar, para "matar tempo". A palavra, não poucas vezes, converte-se em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência e em bisturi da revolta.
Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras resolvem conflitos e dificuldades.
Portanto, cabe às pessoas lúcidas e de bom senso, não dar ensejo para que o veneno da maledicência se alastre, infelicitando e destruindo vidas.
Desculpemos a fragilidade alheia, lembrando-nos das nossas próprias
fraquezas.
Evitemos a censura.
Enriqueçamos o coração de amor e banhemos a mente com as luzes da
misericórdia divina.
Porque, de acordo com o Evangelho de Lucas, 6, 45* ,"a boca fala do que está cheio o coração" .
*Bonus homo de bono thesauro cordis profert bonum, et malus homo de malo profert malum: ex abundantia enim cordis os eius loquitur.
Autor: Huberto Rhoden
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