O advogado e escritor - Vasco da Graça Moura . Fonte da imagem: - |
"Vasco Graça Moura foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago de Espada no final de um colóquio, que juntou ensaístas, escritores e investigadores, numa homenagem ao escritor nesta sexta-feira, em Lisboa.
«Julgo interpretar o sentimento das instituições e das personalidades que se juntaram nesta celebração da obra e do percurso de Vasco Graça Moura, assim como dos seus muitos leitores e do povo português em geral, ao decidir condecorar o homenageado com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada», anunciou o Presidente da República, Cavaco Silva, na sessão de encerramento do colóquio, que se realizou esta tarde na Fundação Calouste Gulbenkian.
Antes, nas breves palavras que dirigiu na sessão de encerramento, Vasco Graça Moura confessou sentir-se «sensibilizado, comovido e embaraçado» com uma «homenagem tão gratificante» para o seu ego e «tão excessiva em si mesma», que o fez sentir-se «a cair das nuvens».
«A poesia é a minha forma verbal de estar no mundo», disse Vasco Graça Moura.
Antes, nas breves palavras que dirigiu na sessão de encerramento, Vasco Graça Moura confessou sentir-se «sensibilizado, comovido e embaraçado» com uma «homenagem tão gratificante» para o seu ego e «tão excessiva em si mesma», que o fez sentir-se «a cair das nuvens».
«A poesia é a minha forma verbal de estar no mundo», disse Vasco Graça Moura.
Vasco Graça Moura, desde janeiro de 2012 presidente da Fundação Centro Cultural de Belém, celebrou no ano passado 50 anos de vida literária dedicada ao romance, poesia, ensaio, crónicas, diários e traduções".
(http://www.tvi24.iol.pt/)
Para quem tiver interesse em conhecer mais sobre "este grande português", aqui ficam algumas informações:
"Vasco da graça Moura (Foz do Douro, 3 de Janeiro de 1942) é um escritor e político português.
Licenciado em Direito, pela Universidade de Lisboa, foi advogado entre 1966 e 1983. Na década de 1980 enveredou definitivamente pela carreira literária, que o havia de confirmar como um nome central da literatura portuguesa da segunda metade século XX. Após o 25 de Abril de 1974, aderiu ao Partido Social Democrata, sendo chamado a exercer os cargos de Secretário de Estado da Segurança Social (IV Governo Provisório) e dos Retornados (VI Governo Provisório). Foi director da RTP2 (1978), administrador da Imprensa Nacional - Casa da Moeda (1979-1989), presidente da Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de Fernando Pessoa (1988) e da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (1988-1995), director da revista Oceanos (1988-1995), director da Fundação Casa de Mateus, comissário-geral de Portugal para a Exposição Universal de Sevilha (1988-1992) e director do Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian (1996-1999). Foi deputado ao Parlamento Europeu, integrando o Grupo do Partido Popular Europeu, de 1999 a 2009.
Em janeiro de 2012, Vasco Graça Moura foi nomeado para a presidência da Fundação Centro Cultural de Belém pela Secretaria de Estado da Cultura, substituindo António Mega Ferreira .
Pela sua obra literária, foi distinguido com os Prémios de Poesia do P.E.N. Clube Português e da Associação Portuguesa de Escritores e a Coroa de Ouro do Festival de Poesia de Struga. Recebeu igualmente a Ordem de Santiago da Espada, o Prémio Pessoa, o Prémio Vergílio Ferreira e o Prémio de Tradução 2007 do Ministério da Cultura de Itália, que distingue anualmente o melhor tradutor estrangeiro de obras italianas, por decisão unânime do júri . Colaborou na revista Quadrante (revista da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa) iniciada em 1958.
Graça Moura é uma das vozes mais críticas do Acordo Ortográfico, que considera que apenas “serve interesses geopolíticos e empresariais brasileiros, em detrimento de interesses inalienáveis dos demais falantes de português no mundo"".
( http://pt.wikipedia.org/wiki/Vasco_Gra%C3%A7a_Moura")
Nota pessoal:
Quero, com todo o gosto, associar-me a esta justa e merecida Homenagem a Vasco da Graça Moura, personalidade que eu muito respeito e valorizo. Sinto por ele uma enorme admiração, quer como pessoa, quer como escritor e, ainda como cidadão exemplar. Não posso deixar de pensar, por exemplo, como seria diferente a Assembleia da República Portuguesa, com deputados, com esta estatura humana e cultural. Oxalá, os "representantes do povo português", olhassem este exemplo e o seguissem, para bem dos portugueses e para bem de Portugal.
Aqui fica registada a minha enorme GRATIDÃO e o meu MUITO OBRIGADA , também, por toda a sua obra literária, da qual saliento os seus belos poemas de que tanto gosto.
Como este... por exemplo, que dedico á minha neta pequenina, Luz, e á minha nora Joana que acorda de madrugada...para dar de mamar e acalmar "a sua menina"
para uma canção de embalarembalo a minha filha joana que acordou num berreiro.
a casa está às escuras, vou passando com cuidado
para não dar encontrões nos móveis, embalo esta menina
que se calou mas está de olho muito aberto e quer brincar,
e há um halo de luz parda a coar-se pelas persianas
e às vezes uns faróis riscando estrias a correrem pelo tecto.
levo-a bem presa ao colo, toda de porcelana pesadinha,
enquanto a irmã está a dormir meio atravessada nos lençóis.
ao chegar-me a outra janela vejo as luzes fugindo na auto-estrada
em direcção ao rio, a uma placa da lua sobre o rio,
e trauteio «já gostava de te ve-er», enquanto acendo o fogão
para aquecer o leite e embalo a minha filha e a outra está a dormir.
oxalá cresçam ambas airosas e bem seguras,
e possam ir na vida serenamente como os rios correm,
ou como os veleiros voam, ou como elas agora respiram
em cadências regulares neste silêncio táctil.
a meio da noite um homem acordou no sossego da casa
e pôs-se a cuidar do sono das suas filhas pequenas.
oxalá haja fadas benfazejas esvoaçando das histórias
de princesas felizes e potros azul turquesa, e forrem esta casa,
e pelas malvadas bruxas alegres sinos dobrem,
e estas meninas existam incólumes e puras no seu quente contentamento,
mesmo que o mundo vá girando numa ordem sobressaltada,
mesmo que os mares agonizem nos seus gonzos de chumbo.
lá fora os carros passam, ainda não é a manhã, só alta madrugada,
mas passam alguns carros, deve estar frio. e há passos no andar de cima
a minha filha teresa tosse e volta-se na cama, a minha mulher dorme,
mas a joana ainda não adormeceu e presta a maior atenção
e mexe-me na cara quando eu chego outra vez a «inda mal abria os olhos»,
já ouviu esta toada umas centenas de vezes e passa a mão pelo meu queixo
e aconchega a cabeça e as pálpebras começam a baixar-lhe
muito devagarinho e a pequenina mão abandona-se na gola do meu pijama
e há que dar ainda uns passos para cá e para lá,
a cantar uma sombra de modinha, para ela ficar bem adormecida,
e como da irmã, quando a irmã tinha esta idade, eu digo
que sei muito desta menina, e sei. e vou deitá-la outra vez.(Vasco Graça Moura, in 'O Concerto Campestre')
Como este... por exemplo, que dedico á minha neta pequenina, Luz, e á minha nora Joana que acorda de madrugada...para dar de mamar e acalmar "a sua menina"
para uma canção de embalarembalo a minha filha joana que acordou num berreiro.
a casa está às escuras, vou passando com cuidado
para não dar encontrões nos móveis, embalo esta menina
que se calou mas está de olho muito aberto e quer brincar,
e há um halo de luz parda a coar-se pelas persianas
e às vezes uns faróis riscando estrias a correrem pelo tecto.
levo-a bem presa ao colo, toda de porcelana pesadinha,
enquanto a irmã está a dormir meio atravessada nos lençóis.
ao chegar-me a outra janela vejo as luzes fugindo na auto-estrada
em direcção ao rio, a uma placa da lua sobre o rio,
e trauteio «já gostava de te ve-er», enquanto acendo o fogão
para aquecer o leite e embalo a minha filha e a outra está a dormir.
oxalá cresçam ambas airosas e bem seguras,
e possam ir na vida serenamente como os rios correm,
ou como os veleiros voam, ou como elas agora respiram
em cadências regulares neste silêncio táctil.
a meio da noite um homem acordou no sossego da casa
e pôs-se a cuidar do sono das suas filhas pequenas.
oxalá haja fadas benfazejas esvoaçando das histórias
de princesas felizes e potros azul turquesa, e forrem esta casa,
e pelas malvadas bruxas alegres sinos dobrem,
e estas meninas existam incólumes e puras no seu quente contentamento,
mesmo que o mundo vá girando numa ordem sobressaltada,
mesmo que os mares agonizem nos seus gonzos de chumbo.
lá fora os carros passam, ainda não é a manhã, só alta madrugada,
mas passam alguns carros, deve estar frio. e há passos no andar de cima
a minha filha teresa tosse e volta-se na cama, a minha mulher dorme,
mas a joana ainda não adormeceu e presta a maior atenção
e mexe-me na cara quando eu chego outra vez a «inda mal abria os olhos»,
já ouviu esta toada umas centenas de vezes e passa a mão pelo meu queixo
e aconchega a cabeça e as pálpebras começam a baixar-lhe
muito devagarinho e a pequenina mão abandona-se na gola do meu pijama
e há que dar ainda uns passos para cá e para lá,
a cantar uma sombra de modinha, para ela ficar bem adormecida,
e como da irmã, quando a irmã tinha esta idade, eu digo
que sei muito desta menina, e sei. e vou deitá-la outra vez.(Vasco Graça Moura, in 'O Concerto Campestre')
8 comentários:
Bela e justa homenagem, sua também, Viviana.
Também gosto muito do trabalho literário de Vasco Graça Moura.
A bebé de João/Joana já nasceu?
Como é que isso me escapou?
Se a Luz é a bebé deles, aqui fica um abraço para a família presenteada, especialmente os pais.
Beijos.
Olá viviana.
É como escreve, merecida homenagem.
Belo testemunho....
Vioviana, que tudo esteja bem convosco.
Abraços
Boa noite querida maninha, que estejas bem, assim como os teus. Aqui bem, e com a graça Do Senhor, os meus tesouros lá na Suíça também.
Gostei muito do teu poste de hoje, homenageando a grande figura da cultura portuguesa que é, “Vasco Graça Moura”. Á muito anos que sinceramente, muito o admiro…Foi deliciada que li o poema: “Para uma Canção de Embalar”. As palavras lindas e tão ternas…Que dedicas á tua netinha Luz, e á sua mamã Joana, só podiam ser escritas por um homem bom!!!...
Faço minhas as palavras da tua nota pessoal.
Eu vi a homenagem, e fiquei sensibilizada, pois pareceu-me frágil.
Olá, amigo António
Obrigada pela sua visita e comentário.
O meu abraço
Viviana
Querida Mimi
Sim, a Luz já nasceu.
A 21 de Dezembro...quando eu estava sem acesso á internet.
Ela é linda!
Obrigada
Um beijo
Viviana
Querida Rosa
Não poderia deixar de o fazer.
Estimo e admiro muito este senhor.
Um abraço, amiga
Viviana
Querida Maninha Esperança
É apenas uma questão de justiça.
"A quem honra, honra."
Gostei muito do poema: Terminei de o escrever no post, em lágrimas...
Que homem é este?
Um grande senhor.
Um abraço
Viviana
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