O poeta e folclorista português Pedro Homem de Mello. |
Mal correm sombras já na terra escura,
E uma voz frágil noutra se mistura.
Donde partem? Não sei...Mas a distância
Deu-lhes maior, mais íntima fragrância.
- Tinham tanto frescor teus lábios dantes!
- Meus lábios? - Sim, teus lábios palpitantes!
- Pobre mágico! - Em louca embriaguês
Outrora ambos sonhávamos! - Talvez...
- As tuas mãos doiravam os meus dias!
- As minhas mãos, são negras e vazias...
- Ah! Diz-me! Diz- me! O mistico fulgor
Da poesia acaba? E o amor? E o amor?...
Ouvem-se as vozes longe. A ária indecisa
Vai-se perder nos frémitos da brisa...
(Pedro Homem de Mello - no livro - Segredo)
Nota:
Livro com uma dedicatória do autor, ao Jorge Leal, meu marido e seu aluno, numa escola do Porto - 1953.
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