sábado, 3 de outubro de 2009
Ainda a ti Ana
Cesta de fisos do Algarve - imagem da net
Regava eu o jardim diante da casa da aldeia, estes dias, quando ouvi uma voz já conhecida, que dizia para a Teresinha, que varria os figos caídos no caminho e as folhas da figueira, ao lado da casa:
"Bom dia!
Dê-me dois ou três figuinhos se faz favor."
Era a ti Ana.
A velhinha de noventa e muitos anos que é alentejana, que veio viver já há muito tempo com o unico filho que tem, e que mora numa casinha branca, mesmo por trás do muro do nosso quintal.
Já aqui falei dela mais do que uma vez.
Ela sempre me impressiona quando a vejo.
Parei a rega e dirigi-me para junto dela, pois não poderia de maneira nenhuma perder mais esta oportunidade de falar com ela, de a olhar, de a ouvir, e de a admirar.
Vou á aldeia uma vez por semana e nem sempre a vejo.
Tenho sempre o receio de não a voltar a ver, pois sei que um dia destes, ela vai-se ficar, como diz o povo, "que nem um passarinho".
Ao chegar junto dela, impressionou-me como ela vai ficando cada vez mais pequenina e mais magrinha.
O seu rosto não é maior que o rosto de uma criança pequena. Posso dizer que apenas a pele, o cobre. São cada vez mais evidentes os pequenos ossos nas "maçâs" do rosto.
Tem algumas rugas, não muitas, que lhe dão uma beleza ainda maior.
È tão estreitinho o seu perfil, que até dá a ideia que se tornou quase transparente, podendo nós ver, quando a olhamos de frente, o lado das suas costas.
Mas é tão lindinha!
Tem o rosto bronzeado de andar sempre ao sol; ela anda quase sempre por ali por o quintal, com uma enxada, arrancando ervas que crescem á beira do caminho, ou então com a vassoura na mão a varrer as folhas mortas que o tapam; não é mais que um pequeno carreiro por onde passam as poucas pessoas das duas ou tres casas que ficam lá atrás.
Não pára quieta, está sempre por ali a lidar, a fazer qualquer coisa.
Quando lhe falo nisso ela responde que não consegue estar parada, que gosta muito de trabalhar, que sempre trabalhou muito durante toda a vida.
E enquanto ali estava falando conosco, com a vassoura que trazia na mão, ajudou a Teresinha a limpar o caminho das folhas da figueira que já começaram a cair, e dos muitos figos que de tão maduros caem lá do alto da árvore para o chão, e perigam fazer as pessoas escorregar neles e caírem.
Ali ficou longo tempo a conversar conosco.Vía-se que precisava de falar.
Despedi-me dela abraçando-a carinhosamente e pensando:
Será que quando cá voltar a encontrarei?
Quem sabe?
Lá seguiu o seu caminho com o saquinho de figos na mão.
14 comentários:
QUERIDA VIVIANA, FICO SEMPRE EMOCIONADA QUANDO LEIO OS TEUS BELOS TEXTOS... AMIGA TOCAS SEMPRE O MEU FRÁGIL CORAÇÃO... ABRAÇO-TE COM MUITO CARINHO E TERNURA,
FERNANDINHA
Viviana....sempre sensível e bela!
Deus e abençoe, muito.
bjkasssssss
Olá, Viviana!
Agora ao ler teu texto lembrei-me de uma figueira que havia em meu quintal, durante a minha infância...
Que belo post! Bonito ver uma senhorinha destas, de bem com a vida!
beijinho, amiga!
Neli
Olá, Viviana!
Este é o Povo deste País, que sensibiliza todos aqueles que têm um coração do tamanho do mundo!
Com a Amiga Viviana, continuará este Povo a ser "acolhido" e acarinhado, como só a Amiga o sabe fazer!
Deus a abençoe e a proteja para bem dos necessitados!
Tenha uma boa noite e um excelente Domingo.
Grande Abraço,
Renato
Texto emocionante.
Saudades de você amiga!
Beijinhos!
que beleza... lembro-me de já teres falado da ana e agora com sabor a figos... hummmmmmm, comi tantos, nos açores, foi há dias...
bom domingo
beijinhos
Que mensagem linda, como seu coração!!!
vim...te oferecer o selo friendes forever e deixar um beijinho
Querida Fernandinha
Poetisa linda
Que amáveis as suas palavras para comigo!
Obrigada, boa amiga.
Eu retribuo esse abraço com muito carinho e ternura
Beijos
viviana
Querida e doce Alice
Olá, amiga do coração!
Obrigada
Tambem a si, que o Deus de amor abençoe muito
Beijos
viviana
Neli querida
As figueiras povoam tambem de uma maneira muito forte, a minha infância.
Daí eu apreciar tanto essas árvores e os seus frutos.
A ti Ana é uma ternura de mulher
Beijos
viviana
Olá Renato, meu bom amigo
Quanta saudade dos seus comentários!
Seja bem vindo!
Sim, é mesmo como diz, o nosso povo;
Gente simples e humilde mas de grande valor e exemplo.
È isso que vejo nesta "pequenina" grande mulher.
Obrigada pelas palavras amáveis que me dedica.
Tomei-as em boa conta.
Um abraço
viviana
Querida Ana Maria
Ai quanta saudade de si amiga!
Que bom nos voltarmos a encontrar!
Obrigada por o carinho e estima.
Beijos
viviana
Olá Gaivota linda
Com que então a menina da Nazaré andou por os Açores!
E a comer figos!
Congratulo-me por isso.
Continue a viajar...aproveite bem.
Beijos
viviana
Sandrinha querida
Que bom que gostou da história da ti Ana!
Sei que apreciaria muito conhecê-la.
È uma benção.
Logo, logo, irei buscar o selinho.
Muito grata por ele.
Abraços
viviana
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