O Pintor Júlio Resende
Uma das suas obras. Repare-se na beleza das cores.
Quando, no dia 30 de Novembro de 1988, foi anunciada a morte do pintor português Henriqe Medina - "O Pintor da beleza feminina" - chorei muito, durante semanas, porque sabia que nunca mais haveria ninguém que pintasse rostos femininos (mulheres e crianças) como ele. Escrevi aqui sobre isso neste blogue .
Ontem, soubemos da morte do Pintor português, Júlio Resende. Tinha 93 anos e estava acamado há algum tempo. O seu funeral realizou-se hoje para o Cemitério de Valbom - Gondomar - Descansa juntinho do seu amado Rio Douro. Esteve em câmara ardente numa igreja com vitrais pintados por si e, em sua homenagem, os sacerdotes que dirigiram a Homilía trocaram as tradicionais vestes roxas, a que o momento obriga, por vestes verdes, cujos desenhos foram da autoria do pintor.
Assisti hoje, na televisão, a uma recente entrevista sua, na qual o pintor fala de si e da sua obra, com uma enorme humildade.Sempre sorridente e bem disposto, entre muitas coisas, afirmou que se sentia completo, pois na vida conseguiu o que pretendia e que não tinha medo da morte. Falando da sua produtividade artística, que manteve até aos 93 anos, aliás, quase 94, achou estranho que as pessoas se admirassem tanto por ainda trabalhar, e, continuou, dizendo que é normal trabalhar sempre; ele só asim se sentia bem.
Comentei com o meu neto Gil, que estava ao meu lado, este extraordinário exemplo do pintor. Nunca o esquecerei.
O pintor nasceu no Porto, a 23 de Outubro de 1917, filho de um comerciante e de uma professora de música.
«Júlio Martins Resende da Silva Dias diplomou-se em pintura pela Escola Superior de Belas-Artes daquela cidade, onde foi discípulo de Dórdio Gomes.
Viveu em Paris, onde teve como mestres Duco de la Haix e Otto Friez, regressando depois a Portugal, onde viria a ser professor na Escola Superior de Belas-Artes do Porto.
"Ele tinha um gosto especial em levar os alunos para o exterior e colocá-los em contacto direto com as populações rurais", observou Rui Mário Gonçalves em declarações à agência Lusa.
De acordo com o crítico de arte, Júlio Resende passou por duas fases distintas na sua obra: "a primeira marcada pelo expressionismo, com um traçado voluntarioso e tons escuros, e a segunda, com um grande sentido da cor e muita alegria".
"Esta segunda fase terá sido o resultado de uma viagem que fez ao Brasil, há cerca de 25 anos, e que o inspirou a usar mais a cor e a luz", comentou o crítico.
Júlio Resende "foi o pintor da sua geração que conjugou os neo-realistas e os abstratos", destacou
AG
Lusa
Foi distinguido, entre outros, com o Prémio Nacional de Pintura da Academia de Belas-Artes, Prémio Sousa Cardoso e Prémio Especial da Bienal de S. Paulo.
A obra de Júlio Resende está representada em numerosas colecções públicas e privadas, entre as quais destacam-se a Biblioteca Real Aberto I, em Bruxelas, a Caixa Geral de Depósitos, a Câmara Municipal do Porto, o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o Gabinete de Estampas de Antuérpia, na Bélgica, o Museu de Arte Moderna de S. Paulo, no Brasil, e a sede da UNESCO, em Paris.
No Porto, cidade onde nasceu, destaca-se o gigantesco painel de azulejos "Ribeira Negra" existente à saída do tabuleiro inferior da Ponte de D. Luís I, feito em 1968 a pedido da Câmara Municipal do Porto"
Fonte: JN
A morte do Pintor trouxe-me tristeza, não só por sua obra "parar", mas também porque ele era uma pessoa linda, no verdadeiro sentido da palavra, e o nosso "complicado e triste mundo" carece de pessoas lindas como Júlio Resende. E depois... as pessoas são únicas...não se repetem, e a gente fica com muitas saudades.
Agradeço a Deus por este Homem, por o dom que lhe deu e, agradeço ao Pintor Júlio Resende tudo quanto fez de belo e nos deixou por herança.
2 comentários:
A "pessoa" passa a obra fica.
E é por isso que Henrique Medina não "morrerá" para nós...
Viviana, resto de um dia pleno de alegria.
Bom fim de semana
beijos.
Artistas como Henrique Medina e Júlio Resende nunca deviam envelhecer. E a morte também não os devia levar....
É utópico o meu raciocinio,eu sei.
Abraço.
Dília Maria
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