Uma paisagem linda à beira do caminho - à esquerda
Creio que dá para ampliar
Naquela manhã, o dia amanheceu claro e bonito.Plena primavera - " Abril em Portugal".
Como os netos estavam cá em casa de férias, na vespera, o sempre solícito Zé, convidou-nos para um passeio á Quinta do Pisão, que fica na serra de Sintra, já perto de Cascais. É um lugar bonito e pitoresco, que "descobrimos" há algum tempo atrás.Levámos o almoço e, num alegre convívio, saboreá -mo-lo num lugar próprio , com mesas e estruturas próprias.Um sítio mágico, no meio do verde.
Ah! mas como soube bem aquela comidinha naquele lugar e, com aquelas pessoas tão especiais!
O Jorge, eu, o Zé, o Gil, a Sara, a Inês e o Nuno.
Acabado o repasto, arrumámos as coisas no carro, que ali deixámos, e iniciámos um dos muitos percursos pedestres sugeridos. Três quilómetros, um pouco mais...pois devido à minha dificuldade em andar, por causa da artrite, não nos podíamos meter em grandes aventuras. Felizes, contentes, sorridentes, lá fomos. Tantas coisas belas para ver! Tantas, tantas flores, das mais variadas cores, a azenha antiga, a represa da água, o antigo forno da cal, a bonita capela perto da ribeira, enfim, muito para apreciar e apreender.
Tivemos que subir bastante e, descer bastante, o que é o mais difícil para mim. O grupo ia andando, uns conversando com os outros e, outros mais sòzinhos, como eu, parando constantemente, para apreciar toda aquela beleza, mas, também porque tenho muita dificuldade em caminhar e isso, faz com que eu, que era sempre, até há uns 15 anos atrás, a mais ligeirinha, que ia sempre na frente a puxar pelos outros, agora, bom, agora, ando e paro, ando e paro. Quando já nos aproximávamos do local de chegada, que era o da partida, surgiu o meu esperado campo onde em tempos muito recuados deve ter sido uma seara de trigo pois nascem ali os chamados Lírios da Páscoa,ou, gladíolos do campo, uma linda flor que no longínquo tempo da minha infância, abundava no meio dos trigais, lá na zona de Leiria, e que me encantava. Aqui, neste lugar, nascem poucos pés dessa linda flor. Havia um tufo com vários plantas no meio da erva verde, Floridos, lindos, lindos, a bailar com a brisa.
Um lírio da Páscoa.
Parei um pouco e pedi ao Gil para o fotografar, Eu estava sem máquina.
Aquele momento foi muito tocante para mim...os olhos encheram-se-me de água. Volvi à minha infância.
O Gil, ficou ali comigo; os outros já iam longe. O caminho no local fazia uma curva e era bastante íngreme - o mais difícil para mim. Comecei a descer devagarinho, com muito cuidado para não cair ( Deus tem-me protegido das quedas) e, o Gil disse-me: "Olha Viviana, tenho que ir andando para ir buscar o carro, para tu não teres de ir até lá ao fundo". Sim, vai, disse eu. De repente, aparece o meu neto Nuno de 10 anos, que tinha dado por a minha falta lá à frente, e veio, preocupado, saber de mim.
Ao chegar perto perguntou-me: "Avó, estás muito cansada"? Eu respondi: Não, cansada não estou, tenho é muitas dores para caminhar. Doi-me tudo, desde as costas até aos pés, incluindo os joelhos. Tenho que ir devagarinho porque tenho medo de cair. Então, o Nuno, olhando-me com um ar tão doce, tão doce, disse-me:
"Ó avó, se quiseres podes apoiar-te no meu ombro". O Nuno é um menino rijo que nem aço, mas magrinho e miudinho.Quando ele me ofereceu o seu ombro para eu me apoiar, eu comovi-me e fiquei com o meu coração do tamanho de um coração de passarinho.
Respondi-lhe: Obrigada meu querido, a avó vai apoiar-se no teu ombro e vai caminhar com muito mais segurança, sem medo de cair. Então, ele colocou-se ao meu lado direito, juntinho a mim, e eu apoiei a minha mão direita no seu ombro direito. Foi assim que descemos aquele caminho íngreme, conversando um com o outro. Reparei numas violetas silvestres floridas, ai à beira do caminho e disse para o Nuno. Olha, filho, a avó tem que parar e apreciar esta maravilha da natureza, que me encanta. Ele ficou paradinho á minha espera enquanto eu, me dirigi para junto das pequenas flores. Voltei, coloquei novamente a minha mão direita no ombrinho dele...e caminhámos sempre conversando até ao fim, onde deveríamos esperar pelos carros que o Zé e o Gil tinham ido buscar. Com um beijo, na sua cabecinha loira agradeci-lhe muito por o seu cuidado com a avó.Fiz questão de contar aos outros a atitude linda do Nuno para comigo.
Contei depois aos pais dele e à irmã. Agora, sempre que estou com o Nuno, como ontem, lembro-me sensibilizada de como ele me ofereceu o seu pequeno ombro para eu me apoiar.Acho que lembrarei a vida inteira.
8 comentários:
Natureza, família, passeio, deslumbramento e... um ombro amigo. Que bom!
Bom texto para hoje, Dia Internacional da Família.
Shalom!
Olá Viviana.
Senti-me a percorrer esses caminhos com a amiga, tão bem descreveu esse passeio...
Linda e ternurenta a atitude do netinho Nuno.
"O importante da educação não é o conhecimento de factos, mas dos valores"
(Deam William)
Viviana, a esta hora deve estar já a descansar, tenha uma boa e tranquila noite, bons sonhos.
Querida Mimi
Olhe amiga, nem sabia que era o Dia Internacional da Família...
Agora, são tantos dias internacionais...que eu já quase não ligo.
Um grande abraço
Viviana
Querida Rosa
Que bom que "percorreu aqueles caminhos connosco"
Foi um dia muito especial.
"O importante da educação não é o conhecimento de factos, mas dos valores"
(Deam William)
Cem por cento de acordo, amiga
Obrigada
Um beijo
Viviana
Olá maninha muito querida. Que o teu sempre solícito Zé, fique logo, logo, bom do problema que tem pé, espero bem, que não seja partido, que seja só entorse. Tu como enfermeira estás a trata-lo bem…
Olha, não me tem sobrado o tempo para vir ao teu cantinho, porque agora com o tempo bom, vamos andar…Há dias que vamos duas vezes. O João Pedro precisa por causa da diabetes, e a mim também faz bem, mas acho que tem sido um bocadinho a mais para mim.
Vim agora aqui, e li com gosto…Este belíssimo poste…Da história do lindo e belo passeio...Com piquenique de comidinha gostosa!!!...E para terminar em beleza, contas a atitude linda e gentil, do teu querido netinho Nuno, que com o coraçãozinho bom!!!...Como o da avó, ofereceu o seu ombrinho para a avozinha se apoiar. Que lindo!!!...És uma avó babada!!!...E tens motivos para isso... Estes pequenos grandes gestos, são a compensação de uma avó que soube bem educar os seus filhos, e agora vê regalada!!!...Que os seus netinhos seguem o mesmo caminho…Que bom!!!...
Tem, tenhamos todos, uma noite tranquila.
Olá maninha muito querida. Que o teu sempre solícito Zé, fique logo, logo, bom do problema que tem pé, espero bem, que não seja partido, que seja só entorse. Tu como enfermeira estás a trata-lo bem…
Olha, não me tem sobrado o tempo para vir ao teu cantinho, porque agora com o tempo bom, vamos andar…Há dias que vamos duas vezes. O João Pedro precisa por causa da diabetes, e a mim também faz bem, mas acho que tem sido um bocadinho a mais para mim.
Vim agora aqui, e li com gosto…Este belíssimo poste…Da história do lindo e belo passeio...Com piquenique de comidinha gostosa!!!...E para terminar em beleza, contas a atitude linda e gentil, do teu querido netinho Nuno, que com o coraçãozinho bom!!!...Como o da avó, ofereceu o seu ombrinho para a avozinha se apoiar. Que lindo!!!...És uma avó babada!!!...E tens motivos para isso... Estes pequenos grandes gestos, são a compensação de uma avó que soube bem educar os seus filhos, e agora vê regalada!!!...Que os seus netinhos seguem o mesmo caminho…Que bom!!!...
Tem, tenhamos todos, uma noite tranquila.
Boa noite Viviana!
Gostei muito da sua descrição acerca do passeio. Fê-la tão bem, que me transportou para o meio de vós.Eu vi toda essa beleza, tudo, tudo, como se fosse um filme.
Também gostei de saber que esteve feliz junto dos seus queridos, e apreciei muito o carinho expontâneo do seu nétinho.(boa árvore dá bons frutos.)
Melhoras rápidas, e abraço.
Dilita
Querida Dilita
Olá! boa amiga.
Obrigada por o seu comentário, pelas suas amáveis palavras.
Foi um dia muito bonito..daqueles que ficam, que nos marcam.
Sorri, ao ler que "vi toda essa beleza como se fosse um filme".
Que interessante...
Na família, e entre os amigos, sou conhecida por descrever as situações um pouco, ao pormenor.
O meu filho escritor , valoriza muito isso; mas eu faço-o muito simplesmente porque limito-me a descrever o que sinto.
Quanto ao neto Nuno...é mesmo uma ternura
Um abraço, e um bom Domingo
Viviana
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