O cesteiro Fernando Nelas Pereira . Fonte da imagem: observador .pt |
Fernando Nelas Pereira, cesteiro há 50 anos na vila de S. Gonçalo, mostrou-se hoje animado com a possibilidade de fabricar "milhares" de cestos para a Serra Leoa.
O artesão de 61 anos disse à agência Lusa que a encomenda relacionada com a produção de cestos, de forma rectangular, surgiu por intermédio de um empresário de Vila Nova de Gaia.
"Já me trouxeram uns modelos daquilo que eles vão precisar e eu acho que são milhares e milhares de cestos. Talvez [o seu fabrico] não seja com o vime, parte deles, ou quase todos, mas será com materiais sintéticos adequados para o pão, para a fruta e para tudo", explicou.
Fernando Nelas Pereira disse à Lusa que ainda está na fase de produção dos modelos, mas acredita que a encomenda está segura.
"O cliente já quase me garantiu a encomenda e vamos negociar. Serão milhares de cestos" para equipar móveis de supermercados onde os produtos estarão expostos aos clientes, disse.
A encomenda para a Serra Leoa "vai ser bem paga", embora não adiante valores por a mesma ainda se encontrar na fase de negociação.
Apesar dos cestos poderem ser produzidos com material sintético plastificado, que imita o vime, o cesteiro admite que vão ficar vistosos.
O artesão acredita que este negócio poderá ser a "salvação do setor" que tem definhado ano após ano devido à utilização dos plásticos e à concorrência dos produtos chineses. A confirmar-se, como espera, será bom para si e para outros cesteiros da terra que envolverá no projeto.
A vila de Gonçalo, que tem o epíteto de Capital da Cestaria, já teve "mais de 700 cesteiros" e atualmente possui "uns vinte" no ativo, segundo Fernando Nelas Pereira.
"Há 50 anos Gonçalo tinha um fabrico de 3.500 cestos por dia, que era uma média de cinco cestos por cada cesteiro. Hoje faz-se uma média de 40 ou 50 cestos, portanto, a arte está terminada, porque eu tenho 61 anos e o mais jovem cesteiro é um rapaz com trinta e poucos anos, que anda aos dias a trabalhar no campo", adiantou.
Devido à diminuição das encomendas, o artesão, que chegou a ter cinco empregados, trabalha hoje sozinho na sua oficina.
A arte da cestaria "não tem ajudas" e é difícil "porque é feita em água", apontou, explicando que nos meses de inverno é necessário "retirar os vimes dos tanques" onde são colocados para ficarem moles e poderem ser trabalhados.
O cesteiro mostra-se "triste" por verificar que a arte que abraçou aos 11 anos "está a desaparecer" e apela ao Governo e à Câmara Municipal da Guarda que ajudem na sua manutenção.
"O cesto é a peça mais utilitária que existe, embora hoje se fabrique mais para decoração", concluiu.
( http://economico.sapo.pt/)
2 comentários:
Olá Viviana.
Deus permita que se realize o projecto.
Era bom para os cesteiros e para o nome de portugal.
Viviana, uma boa e tranquila noite.
Abraços.
Querida Rosa
Isto é "gente de fibra"!
Grandes exemplos...
Um abraço
viviana
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