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A Pequena Praça
A minha vida tinha tomado a forma de uma pequena praça
Naquele outono em que a tua morte
se organizava meticulosamente
Eu agarrava-me á praça porque tu amavas
A humanidade humilde e nostálgica das pequenas lojas
onde os caixeiros dobram e desdobram
fitas e fazendas
Eu procurava tornar-me tu porque tu ias morrer
E a vida toda deixava ali de ser a minha
Eu procurava sorrir como tu sorrias
Ao vendedor de jornais ao vendedor de tabaco
E á mulher sem pernas que vendia violetas
Eu pedia á mulher sem pernas que rezasse por ti
Eu acendia velas em todos os altares
Das igrejas que ficavam ao canto desta praça
Pois mal abri os olhos e vi foi para ler
A vocação do eterno escrita no teu rosto
Eu convocava as ruas os lugares as gentes
Que foram as testemunhas do teu rosto
Para que eles te chamassem para que eles desfizessem
O tecido que a morte entrelaçava em ti.
Sophia de Mello Breyner Andresen
No livro - Cem poemas de Sophia
3 comentários:
Óla Viviana.
Interessante este poema.
Reflecte um pequeno quadro (uma praça) da vida.
Viviana, tenha uma tarde agradável.
Abraços.
Querida Rosa
Também achei interessante e comovente...
Era uma grande Senhora...a Sophia.
Um beijo
Viviana
Olá, Noemi
Que surpresa agradável!
Obrigada pela visita e pelas boas palavras que aqui deixou.
Já fui espreitar o seu blogue e gostei muito!
Penso voltar lá para deixar um comentário.
Desejo muitas e muitas bençãos do céu, sobre a Noemi, sobre a sua família e sobreo seu ministério cristão.
Um abraço no amor de Cristo, nosso Mestre e Senhor
Viviana
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