quarta-feira, 11 de março de 2015

Ah! quanta falta faz uma mãe!


Aconteceu anteontem.
O lindo dia primaveril, desafiou-me a sair um pouco por aí.
O Jorge acompanhou-me.
Caminhámos um pouco, e ao passarmos  por baixo de uma "pimenteira falsa",
uma árvore já grande e muito bela, decidimos sentar-nos um pouco num dos dois banquinhos novos, colocados ali   não há muito, pela Junta fe Freguesia.
Foi tão agradável, receber no rosto, aquele calorzinho e aquela luz  tão viva !
Cada pessoa que ali passava nos cumprimentava e tinha uma palavra simpática para nos dizer.
Como  o facto de ali permanecer muito tempo nos poderia trazer uma "dor de garganta", fomos andando.
Já no regresso, pertinho do lugar onde estivemos sentados, cruzou-se connosco o  senhor Artur, um homem na casa dos 50 anos, alto, bonito, natural de S. Tomé e Príncipe, filho do meu grande amigo e colega enfermeiro  sr. Melo,  que sempre que me encontrava, parava, para me cumprimentar e,  aproveitava  sempre para uma troca de palavras, sobre a nossa profissão e o nosso trabalho.
Faleceu há cerca de três anos.
A mãe do Sr. Artur, a Dª Cristina, também de S. Tomé, foi  várias vezes minha companhia na Fisioterapia, aqui perto. Gostava muito de conversar com ela.
Esta família vivia numa vivenda que vejo perfeitamente, aqui da janela da minha casa, fica do outro lado, em frente.
Têm nas traseiras da casa, entre outras árvores, um  abacateiro grande, que fica á beira do caminho, onde muita gente passa. Nunca vi frutos naquela árvore. Eu tenho uma igual, na aldeia, e dá frutos muito bons há muito tempo. Falando um dia com o Sr. Artur sobre o seu abacateiro, ele disse-me que ele era "macho" - não dá frutos. Prometi trazer-lhe alguns da minha árvore. Assim fiz, o ano passado, dos primeiros que colhi, enchi um cestinho e cheiínha da alegria fui levá-los lá a casa. Não imagimam o contentamento...agradeceram tanto...ele  e a mãe.  Passado pouco tempo a Dª Cristina faleceu: Tanto o seu corpo como o corpo do marido, foram levados para S. Tomé e Príncipe, a sua ilha querida. O meu marido que esteve em S. Tomé em trabalho da Aliança de Evangelização de Crianças, pôde constatar o quanto esta família era estimada e considerada lá.
Retomemos o meu encontro com o sr: Artur, anteontem.
Ao olhá-lo, contrariamente ao habitual, notei que o seu rosto estava triste.Aproximei-me mais e pondo a minha mão no seu ombro, perguntei: Amigo, está triste... o que é que aconteceu? E ele, ali  á minha frente calado e quase a chorar. Pensei então que houvesse algum problema com o filho, o "Tiquinho", que é um jovem com alguns problemas mentais, e toda a gente em Mira-Sintra e arredores conhece.
Fixando o Sr. Artur, que se mantinha silencioso e profundamente triste, indaguei uma vez mais: O que é que passa? Ele vagarosamente com uma enorme tisteza no olhar disse: "Fez ontem um ano que a mãe morreu".
Ah! quanta compaixão senti... Então era por a mãe ter partido há um ano que ele estava triste daquela maneira!? Um homem de cinquenta  e tal anos...
Quando percebi o motivo da sua tristeza ainda mais   me deu vontade de abraçá-lo.
Disse-lhe: Mãe é mãe, não é? Quanta falta faz! Tentei consolá-lo dizendo-lhe que ela agora está melhor, que terminou aqui o seu sofrimento...
Mas ele continuava triste.
Eu disse-lhe mais: Amigo, sinto a sua dor, estou consigo nessa  saudade.
Prometi-lhe que iria orar por ele , para que o Deus de amor o consolasse e fortalecesse.
Ele respondeu: "Obrigado".
E lá seguiu com a sua or e a sua tristeza , cheiínho de saudades da mãe.
Ah! quanta falta faz uma MÃE!
Mãe, que neste caso não é mãe.
Quando o pai casou com a Dª Cristina, já tinha o Artur de outra mulher. Pois a Dª Cristina que teve depois uns seis ou sete filhos, amou e cuidou de tal maneira do Artur, que para ele ela foi mesmo um MÃE! e que MÃE!
Eu, não contive as lágrimas, e até entrar em casa não parei de chorar. Como me compadeci do Sr. Artur?
Ao chegar a casa preparei um saquinho com abacates que trouxe estes dias da aldeia, para ele, e pedi ao Jorge para lhos ir entregar. Pensei que os abacates o poderiam fazer sorrir. Mas, ele não estava em casa, nem no café, nem no Super-mercado, mas  irei fazê-los chegar, se Deus quiser.


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