UMA MORDOMIA RESPONSÁVEL
Embora a Bíblia não condene a aquisição de riquezas, nem mesmo
classifique como injusto aquele que possui maior quantidade de bens que
outros, alerta, contudo, os “ricos”, a serem prudentes e a terem cuidado
redobrado no uso que fazem dos bens materiais dos quais são
proprietários (ou melhor, gerentes), visto que, com bastante facilidade,
eles se transformam num fim em si mesmos.
Tendo em conta que os bens materiais não podem satisfazer por completo
as mais profundas necessidades da alma humana, a acumulação excessiva
dos mesmos pode criar, com o passar do tempo, uma insatisfação tal,
que a atitude de generosidade seja posta em causa.
Paulo, um homem que não evitava os assuntos “quentes” da sua época, dá
instruções valiosas ao seu discípulo amado, e jovem pastor, Timóteo,
sobre o assunto das riquezas e dos ricos, tratando esta temática com
sabedoria e com uma sensibilidade incomum.
Ele orienta Timóteo a recomendar aos que possuem mais recursos materiais
a não demonstrarem, perante os outros, a sempre reprovável atitude de
vaidade ou de exibição pessoal. Esta atitude, por si só, é prova de que o
possuidor das riquezas já estará a ser “controlado” e dominado pelas
mesmas.
A seguir, Paulo mostra o facto real de que a volatilidade e a
insegurança dos bens materiais deve fazer com que todos os que foram
agraciados e abençoados evitem colocar neles a sua esperança.
Esta observação do apóstolo é pertinente, visto que, como o Senhor Jesus
ensinou, aquilo que consideramos o nosso tesouro mais importante, acaba
sempre por “conquistar” o nosso coração (Mateus 6:21).
Portanto, deve haver, na gerência dos bens materiais, uma relação
equilibrada e um certo grau de distanciamento. Deus, e não as riquezas,
deve ser a base segura da nossa esperança.
Além do equilíbrio necessário que deve existir no uso das riquezas,
Paulo recomenda os ricos a praticar o bem, a desenvolver a nobre
virtude da generosidade, partilhando os seus bens com os mais
desfavorecidos e menos afortunados, ajudando-os a suprir as suas
necessidades.
Com relativa facilidade, podemos supor que as orientações do apóstolo
Paulo não se destinam à maioria das pessoas, visto que poucas se
consideram ricas. Contudo, esta conclusão precipitada peca por ser
reducionista e por prestar pouca atenção aos princípios subjacentes às
orientações do apóstolo.
Todos nós, independentemente do estatuto económico que tenhamos, ou da
quantidade de bens materiais que possuamos, somos exortados a evitar a
vaidade e a vanglória, a não colocarmos a nossa confiança nas riquezas e
a partilhar com outros os recursos que o Senhor colocou ao nosso
dispor, para que, através da nossa generosidade, outros venham a
glorificar a Deus pela Sua providência e cuidado. Soli Deo Gloria!
( Pastor Samuel Quimputo
Igreja Evangélica Baptista de Sete -Rios - Lisboa)
No blogue: http://ieb-7rios.blogspot.pt/
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