segunda-feira, 9 de março de 2015

Porque ontem foi Domingo (331)






















UMA MORDOMIA RESPONSÁVEL

Ao criar o ser humano, Deus dotou-o de capacidades, entre as quais, a de gerir os recursos colocados ao seu dispor para seu próprio usufruto, mas também para, na sua convivência com o próximo, exercitar a sua virtude de cuidado e de solidariedade.
Embora a Bíblia não condene a aquisição de riquezas, nem mesmo classifique como injusto aquele que possui maior quantidade de bens que outros, alerta, contudo, os “ricos”, a serem prudentes e a terem cuidado redobrado no uso que fazem dos  bens materiais dos quais são proprietários (ou melhor, gerentes), visto que, com bastante facilidade, eles se transformam num fim em si mesmos.
Tendo em conta que os bens materiais não podem satisfazer por completo as mais profundas necessidades da alma humana, a acumulação excessiva dos mesmos pode criar, com o passar do tempo, uma  insatisfação tal,  que a atitude de generosidade seja posta em causa.
Paulo, um homem que não evitava os assuntos “quentes” da sua época, dá instruções valiosas ao seu discípulo amado, e jovem pastor, Timóteo, sobre  o assunto das riquezas e dos ricos, tratando esta temática com sabedoria e com uma sensibilidade incomum.
Ele orienta Timóteo a recomendar aos que possuem mais recursos materiais a não demonstrarem, perante os outros, a sempre reprovável atitude de vaidade ou de exibição pessoal. Esta atitude, por si só, é prova de que o possuidor das riquezas já estará a ser “controlado” e dominado pelas mesmas.
A seguir, Paulo mostra o facto real de que a volatilidade e a insegurança dos bens materiais deve fazer com que todos os que foram agraciados e abençoados evitem colocar neles a sua esperança. 
Esta observação do apóstolo é pertinente, visto que, como o Senhor Jesus ensinou, aquilo que consideramos o nosso tesouro mais importante, acaba sempre por “conquistar” o nosso coração (Mateus 6:21).
Portanto, deve haver, na gerência dos bens materiais, uma relação equilibrada e um certo grau de distanciamento. Deus, e não as riquezas, deve ser a base segura da nossa esperança.
Além do equilíbrio necessário que deve existir no uso das riquezas, Paulo recomenda os ricos a praticar o bem,  a desenvolver a nobre virtude da generosidade, partilhando os seus bens com os mais desfavorecidos e menos afortunados, ajudando-os a suprir as suas necessidades.
Com relativa facilidade, podemos supor que as orientações do apóstolo Paulo não se destinam à maioria das pessoas, visto que poucas se consideram ricas. Contudo, esta conclusão precipitada peca por ser reducionista e por prestar pouca atenção aos princípios subjacentes às orientações do apóstolo.
Todos nós, independentemente do estatuto económico que tenhamos, ou da quantidade de bens materiais que possuamos, somos exortados a evitar a vaidade e a vanglória, a não colocarmos a nossa confiança nas riquezas e a partilhar com outros os recursos que o Senhor colocou ao nosso dispor, para que, através da nossa generosidade, outros venham a glorificar a Deus pela Sua providência e cuidado. Soli Deo Gloria! 
  
( Pastor Samuel Quimputo
Igreja Evangélica Baptista de Sete -Rios - Lisboa)
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